Semenya obtém vitória em tribunal de direitos humanos, mas World Athletics reitera regras
Corte em Estrasburgo decidiu que a bicampeã olímpica foi alvo de discriminação; sul-africana sonha em disputar em Paris-2024
Mais Esportes|Do R7

A bicampeã olímpica Caster Semenya obteve uma vitória simbólica importante no Tribunal Europeu de Diretos Humanos, nesta terça-feira (11). A corte afirmou que a corredora sul-africana foi alvo de discriminação por parte de federações esportivas e questionou a validade das regras que vêm impedindo a atleta de competir em nível internacional. A World Athletics, contudo, reiterou seu regulamento.
Semenya vem buscando os tribunais esportivos e da Justiça comum nos últimos anos para poder voltar a competir sem precisar baixar seus níveis de testosterona, considerados acima do normal pela World Athletics, a federação internacional de atletismo (antiga IAAF). Ela foi campeã olímpica nos 800 metros nos Jogos do Rio-2016 e também em Londres-2012. No entanto, não pôde competir em Tóquio, em 2021, por causa das regras sobre limitação de testosterona.
Nesta terça, ela alcançou rara vitória nos tribunais. A corte especializada em direitos humanos, baseada em Estrasburgo, na França, decidiu pelo placar de 4 a 3 que Semenya foi alvo de discriminação e que foi negado à atleta um "remédio efetivo" nas decisões tomadas recentemente pela Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) e pela Suprema Corte da Suíça, país onde se localiza a CAS.
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O tribunal francês decidiu que o governo suíço precisa pagar a Semenya o valor de 60 mil euros (cerca de R$ 321 mil) relativos aos custos e despesas pelo julgamento realizado em Estrasburgo. O caso avaliou apenas a relação entre a sul-africana e a Suprema Corte da Suíça, sem atingir diretamente a World Athletics.
Em comunicado, a federação internacional de atletismo avisou que não reverá suas regras. "Nós mantemos nossa visão de que a regulação de DSD (Diferenças no Desenvolvimento Sexual) é um meio necessário, razoável e proporcional de proteger a competição justa na categoria feminina, como a Corte Arbitral do Esporte e a Suprema Corte da Suíça decidiram, após uma avaliação detalhada e especializada das evidências", registrou a entidade.
Semenya foi legalmente identificada como mulher ao nascer e se identificou como mulher durante toda a sua vida, mas as regras introduzidas pela World Athletics, em 2019, a forçaram a reduzir artificialmente sua testosterona natural para poder competir em competições femininas.
A World Athletics diz que ela tem uma das várias condições conhecidas como "diferenças no desenvolvimento sexual" (DSD), que resulta em um nível natural de testosterona na faixa masculina, o que lhe faria uma vantagem injusta nas disputas femininas.
Semenya, que ainda sonha em disputar a Olimpíada de Paris-2024, contesta as regras da testosterona nos tribunais há anos, mas já havia perdido uma apelação na mais alta corte do esporte em 2019 e uma segunda contestação contra as regras na Suprema Corte da Suíça, em 2020. Essa segunda rejeição de seu recurso foi a razão pela qual o governo suíço foi réu no caso do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Entenda a discussão do COI sobre a presença de russos e belarrussos nos Jogos de Paris 2024
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 começam no dia 26 de julho de 2024. A cerimônia de abertura acontecerá no rio Sena, o mais famoso da capital francesa. Uma das maiores discussões do COI até o início das competições é referente à presença (ou não) dos a...
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 começam no dia 26 de julho de 2024. A cerimônia de abertura acontecerá no rio Sena, o mais famoso da capital francesa. Uma das maiores discussões do COI até o início das competições é referente à presença (ou não) dos atletas russos e bielorrussos no evento esportivo, por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia





![Como resposta, em 7 de fevereiro de 2023, a prefeita de Paris — cidade sede do evento —, Anne Hidalgo considerou que a bandeira neutra "não existe realmente" e se opôs à presença de russos em território francês, enquanto houver guerra.
"Não sou a favor dessa opção, acharia totalmente indecente [...] Um país que está agredindo outro não pode desfilar como se isso não existisse", disse](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/UYSYVCL6CVJIPI5NRT5AVSUNYU.jpg?auth=4ae40c306b76d5252b852741d96eaf59c47285fb5c3e008d596849e0fea12472&width=1280&height=852)
![Além das críticas por parte da França, atletas ucranianos também acusaram Thomas Bach, presidente do COI, de estar "do lado errado da história".
O alemão resolveu mencionar em 13 de fevereiro de 2023, durante entrevista em Courchevel, na França, no Mundial de Ski Alpino que encontraria uma solução "justa à missão do esporte, que é unificar". "
A história mostrará quem está fazendo mais pela paz: aqueles que tentam manter as linhas abertas para se comunicar ou aqueles que querem isolar ou dividir [...] Nosso papel é unir as pessoas", pontuou](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/J26GMNYW2BNQRDAUSUCR56WHTQ.jpg?auth=003a1161ca053b2a561906f0efdc54f9b93af19426f4cc9a2ccabfddaf514d90&width=1280&height=854)

![Poucos dias mais tarde, em 4 de março de 2023, os comitês olímpicos de países africanos (ANOCA) concordaram com os posicionamentos do COI e defenderam a presença de russos em Paris-2024, sob uma bandeira neutra.
"Os políticos não podem pressionar o esporte e retirar os nobres valores intrínsecos que se baseiam na paz, união e solidariedade [...] nenhum atleta tem de pagar o elevado preço de um conflito, seja ele qual for e onde for", salientaram em nota](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/7C6GQGUYDFI5ZGWJYXOK5OFEHE.jpg?auth=14b35cb7751a293ddc18c9fa5046aeccad236f61e2b533940a0cb11dcc427750&width=1280&height=818)
![A discussão, que começou a envolver cada vez mais países e federações, incomodou novamente a prefeita de Paris, que em 14 de março de 2023 reiterou que "fará de tudo" para que os atletas da Rússia e de Belarus não disputem no evento.
"Não consigo imaginar por um segundo que o COI queira deixar tal legado [incluir russos e belarrussos]. Então, farei tudo o que puder para garantir que isso não aconteça [...] O fato do COI ter escolhido Paris para a celebração destas Olimpíadas é um sinal muito forte, porque é a capital dos direitos humanos", disparou](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/NCWO4ZZ3B5NRZJCHWQX4KVXITQ.jpg?auth=4850081de93f635b3052c384f281c671c0ae71e8aea7f31c05caec4a7d91e88f&width=990&height=682)



![Em 30 de março de 2023, Thomas Bach se reuniu com a alta cúpula do COI para discutir a presença dos russos e belarussos, e declarou como "deplorável" o posicionamento de alguns países.
"É deplorável ver que há governos que não querem respeitar a opinião da maioria, tampouco a autonomia do esporte [...] Não vimos um único comentário a respeito da postura deles sobre a participação de atletas de países das outras 70 guerras e conflitos armados ao redor do mundo", retrucou](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/CN2VNJF5SVP5RC5YYVVJLAVQFY.jpg?auth=253bd14324eaa93f295cc1282a16f2f8f0ca924a53d22fbc0649455a479e6c4f&width=1280&height=853)
