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Faltam 475 dias para o início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Ainda existem "pendências" que precisam ser resolvidas antes do início do evento. Uma delas é a presença ou não de atletas russos e belarussos, que foram banidos de eventos esportivos como sanção à Guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. Entenda a discussão que envolve o COI (Comitê Olímpico Internacional) e a opinião de diversos países:
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Em 27 de fevereiro de 2022, sete dias após o início dos conflitos, o COI emitiu um comunicado que recomendava a exclusão imediata de atletas da Rússia e de Belarus de competições esportivas. Alguns atletas dos países tiveram de competir sob bandeiras neutras.
"A atual guerra na Ucrânia coloca o Movimento Olímpico em um dilema. Enquanto os atletas da Rússia e de Belarus poderiam continuar a participar de eventos esportivos, muitos atletas da Ucrânia estão impedidos de fazê-lo por causa do ataque ao seu país. O Comitê Executivo do COI, portanto, considerou hoje cuidadosamente a situação e, com o coração pesado, emitiu a seguinte resolução", mencionou a nota -
Pouco menos de um ano depois, em 25 de janeiro de 2023, o COI anunciou que a participação de atletas dos países banidos seria possível, desde que cumprissem determinadas regras. Competir sob uma bandeira neutra e nunca ter apoiado o conflito eram algumas das exigências da iniciativa que busca não discriminar e proibir atletas de disputar o evento por conta da nacionalidade
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Como resposta, em 7 de fevereiro de 2023, a prefeita de Paris — cidade sede do evento —, Anne Hidalgo considerou que a bandeira neutra "não existe realmente" e se opôs à presença de russos em território francês, enquanto houver guerra.
"Não sou a favor dessa opção, acharia totalmente indecente [...] Um país que está agredindo outro não pode desfilar como se isso não existisse", disse -
Além das críticas por parte da França, atletas ucranianos também acusaram Thomas Bach, presidente do COI, de estar "do lado errado da história".
O alemão resolveu mencionar em 13 de fevereiro de 2023, durante entrevista em Courchevel, na França, no Mundial de Ski Alpino que encontraria uma solução "justa à missão do esporte, que é unificar". "
A história mostrará quem está fazendo mais pela paz: aqueles que tentam manter as linhas abertas para se comunicar ou aqueles que querem isolar ou dividir [...] Nosso papel é unir as pessoas", pontuou -
Sem mencionar a discussão, em 1º de março de 2023, a ministra da Interior da Alemanha, Nancy Faeser, mostrou apoio aos atletas ucranianos e ofereceu instalações esportivas, chamadas 'Olympiastützpunkten', para que eles treinem antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. "A horrível guerra de agressão russa também atingiu diretamente o esporte ucraniano", comentou ao expressar solidariedade ao país
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Poucos dias mais tarde, em 4 de março de 2023, os comitês olímpicos de países africanos (ANOCA) concordaram com os posicionamentos do COI e defenderam a presença de russos em Paris-2024, sob uma bandeira neutra.
"Os políticos não podem pressionar o esporte e retirar os nobres valores intrínsecos que se baseiam na paz, união e solidariedade [...] nenhum atleta tem de pagar o elevado preço de um conflito, seja ele qual for e onde for", salientaram em nota -
A discussão, que começou a envolver cada vez mais países e federações, incomodou novamente a prefeita de Paris, que em 14 de março de 2023 reiterou que "fará de tudo" para que os atletas da Rússia e de Belarus não disputem no evento.
"Não consigo imaginar por um segundo que o COI queira deixar tal legado [incluir russos e belarrussos]. Então, farei tudo o que puder para garantir que isso não aconteça [...] O fato do COI ter escolhido Paris para a celebração destas Olimpíadas é um sinal muito forte, porque é a capital dos direitos humanos", disparou -
As réplicas e tréplicas continuaram duas semanas depois, em 28 de março de 2023, quando novamente a ministra alemã considerou uma "bofetada nos atletas ucranianos" a inicitiva do COI em integrar os atletas na competição.
"O esporte internacional deve condenar com toda intensidade a guerra de agressão brutal comandada pela Rússia. Não há o que fazer a não ser excluir completamente os atletas russo e belarussos das competições internacionais", defendeu Faeser -
Nem mesmo o Comitê Russo deixou de criticar o COI. No entanto, as críticas não eram pela tentativa de reintegrar os altetas, mas sim pelos critérios exigidos. Para o presidente da entidade russa, Stanislav Pozdniakov, a decisão é uma "farsa", que viola direitos internacionais.
"Essa postura contradiz a Carta Olímpica. Exigimos as mesmas condições para os esportistas de todos os países", afirmou em 28 de março de 2023, ao classificar os critérios como "gratuitos, excessivos e sem fundamento jurídico" -
Por uma carta publicada em 29 de março de 2023, o Ministério de Esportes da Ucrânia condenou a recomendação do Comitê Olímpico Internacional para os atletas russos.
"Defendemos consistentemente e continuaremos a insistir que, sob as condições da agressão militar sem precedentes da Rússia com o apoio da República de Belarus contra a Ucrânia, que contradiz os princípios da Carta Olímpica, os representantes dos estados agressores não devem estar presente em arenas esportivas internacionais", escreveu -
Em 30 de março de 2023, Thomas Bach se reuniu com a alta cúpula do COI para discutir a presença dos russos e belarussos, e declarou como "deplorável" o posicionamento de alguns países.
"É deplorável ver que há governos que não querem respeitar a opinião da maioria, tampouco a autonomia do esporte [...] Não vimos um único comentário a respeito da postura deles sobre a participação de atletas de países das outras 70 guerras e conflitos armados ao redor do mundo", retrucou -
No mesmo dia, em 30 de março de 2023, o primeiro-ministro da Ucrânia proibiu que atletas ucranianos disputem contra russos nas classificatórias para Paris-2024. Além da França e da Alemanha, Portugal, Grécia, Japão, Itália, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido são contra a participação de esportistas da Rússia e Belarus nos próximos Jogos Olímpicos