Ex-jogador do Avaí, atleta supera depressão com o fisiculturismo
"Não dormia. Não comia. Tomei muitos remédios. No fisiculturismo, recuperei minha autoestima e saúde", conta Henrique Azevedo
Mais Esportes|André Avelar e Guilherme Padin, do R7
O catarinense Henrique Azevedo, 34, é um dos bons exemplos de superação que o esporte oferece às pessoas.
Ex-lateral do Avaí, ele passou por profunda depressão com o fim precoce da carreira. Só se recuperou em um novo esporte.
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O atleta foi vice-campeão da categoria Men's Physique (entre amadores) do Arnold Sports South America, a maior competição do fisiculturismo na América Latina.
O culturismo, como também é chamado o esporte, chegou por acaso na vida de Henrique Azevedo.
O sonho do jovem era ser jogador.
Jogou nas categorias de base do Avaí e, aos 17 anos, se profissionalizou. Durante a carreira nos gramados, sofreu duras lesões nos joelhos, que o tiraram do esporte — temporariamente.
A aposentadoria antecipada levou o atleta à depressão. Engordou 20 quilos.
"Foi uma depressão bem forte mesmo. Não comia. Não dormia. Às vezes, acordava no meio da noite para ir ao banheiro ou comer algo. Já sabia que não voltaria a dormir", relata ele ao R7.
"Tomei muitos remédios. Inclusive, tomo até hoje para me manter estável", completa.
O fisiculturismo me curou. Devolveu minha autoestima. É o esporte que mais amo e o que mais gosto de fazer na vida
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Henrique decidiu a mudar de vida e passou a frequentar a academia para recuperar sua forma.
No início de 2016, o catarinense conheceu Eduardo Corrêa, grande nome do fisiculturismo no Brasil, que aconselhou o ex-lateral-direito a se tornar um fisiculturista.
"Era o Pelé do fisiculturismo me dizendo para entrar na área (risos). Obviamente eu segui o conselho dele", relembra Henrique.
Hoje, com dois anos na modalidade, foi campeão catarinense duas vezes, e, na última sexta-feira (20), foi o segundo colocado da categoria Men's Physique (entre amadores) do Arnold South America.
"O fisiculturismo me curou. Devolveu minha autoestima. Minha saúde. É o esporte que mais amo e a coisa que mais gosto de fazer na vida", conta o orgulhoso atleta.
Fim da carreira e depressão
"Desde novo vivi a competição. Comecei na base do Avaí. Joguei lá dos oito aos 17 [anos]. Fui jogar em Palma de Mallorca, na Espanha. Mas tive uma ruptura parcial no joelho direito. Precisei voltar ao Brasil, aos 19", explica o atleta.
Voltou a jogar no Avaí e em outras equipes de menor expressão.
"Aos 25, rompi o ligamento cruzado e o menisco do joelho. Tive de operar. A previsão do médico era de retorno em oito meses. Mas que, se continuasse no futebol, lesionaria o outro joelho por sobrecarga", conta Henrique.
"Passei a jogar numa liga amadora de Floripa. A mais importante delas. Depois disso, fui convidado pelo Avaí para jogar Futebol de 7."
Com 31 anos, o ex-jogador teve a mesma ruptura parcial de 12 anos antes. Mas no outro joelho. Decidiu, portanto, parar.
"Como estava no meio da Liga Metropolitana, me recuperei em três meses. Tive tempo de pegar as quartas, a semifinal e a final. Nos sagramos campeões. Então, deixei o futebol", diz o catarinense.
Se hoje goza do sucesso recente no fisiculturismo, àquela época Henrique "sentia falta do ambiente competitivo do esporte".
"Foi aí que tive depressão. Um momento muito complicado para mim. Mas precisava dar um basta", relembra.
No depoimento a seguir, Henrique conta como foi a descoberta do fisiculturismo, o retorno ao esporte e as conquistas na nova modalidade.
Retorno ao esporte e ascensão no fisiculturismo
"Teve um momento em que disse 'Chega!'. Como sempre fiz exercícios na academia, decidi retomar. Mas não no futebol. De maneira mais geral.
Foi intenso. Consegui perder em seis meses o peso que tinha ganhado durante a depressão.
Foi lá (na academia) onde conheci o Eduardo (Corrêa, quatro vezes no pódio do Mr. Olympia, uma das maiores competições do fisiculturismo no mundo). É um cara de uma humildade absurda.
Quando ele me sugeriu competir, procurei campeonatos e vi que um dos [campeonatos] locais começaria em 40 dias.
Decidi entrar e fiquei em terceiro lugar. Foi ali onde tudo começou."
Henrique se mostra otimista após vice-campeonato
"Hoje, dois anos depois do meu começo, creio que sou um cara que está dando certo no esporte", diz ele, cheio de orgulho.
Apesar da euforia pelo vice no Arnold, o ex-jogador faz questão destacar que ainda está no início da carreira: "É só o começo da caminhada. As coisas só têm a melhorar. Estou muito feliz."
"Seguirei trabalhando, batalhando. Tenho outra competição na semana que vem, e vou buscar o meu lugar”, projeta o atleta de Santa Catarina.
Henrique Azevedo: 'Tive depressão e foi o fisiculturismo que me curou'