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BRASILEIRO 2022

Corridas de rua mudam a vida da diarista Odete Conceição dos Santos, de 55 anos

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Todo dia às 6 horas ela está de pé. Corre, trabalha das 9 horas às 19 horas e, três vezes por semana, vai à academia. Descanso? Uma vez por semana. Aos 55 anos, Odete Conceição dos Santos concilia seis treinamentos de corrida por semana, três dias de musculação e o serviço de diarista.

Sua história, e envolvimento, com as corridas de rua começou em 1993, quando ouviu falar da São Silvestre e decidiu que, no ano seguinte, participaria da prova. Decidiu treinar. "Eu dava duas voltinhas na Praça Buenos Aires (na zona oeste de São Paulo) e achava que ia ganhar a São Silvestre, era engraçado", relembrou, entre boas risadas. Em sua primeira tentativa, não decepcionou e conseguiu completar os 15 km da prova.

Mal imaginava, aos 32 anos, que ainda faria dezenas de maratonas e conquistaria muitos pódios em sua "carreira" como atleta amadora. No ano passado, venceu a Timão Run, corrida do Corinthians, ao completar os 10 km em 44min11s. Na opinião dela, um tempo altíssimo. Na semana seguinte, foi 5.º lugar em outra corrida com a mesma distância, mas desta vez fez o percurso em 42 minutos - dois abaixo.

Para conseguir chegar a esse nível de competição, Odete teve ajuda. Em 1998, ela conheceu Mário Sérgio Andrade Silva, dono da assessoria esportiva Run&Fun. O treinador a chamou para fazer parte da equipe. "Eu sempre gostei de ajudar quando via que a pessoa era séria. E eu vi isso na Odete", disse o treinador.


O tiro foi certeiro. A diarista não decepcionou nas corridas. A marca sonhada por tantos corredores de fim de semana, de completar uma maratona em menos de três horas, foi alcançada por ela duas vezes - em Blumenau (SC) e em Porto Alegre. No entanto, Odete deixou de correr os 42 km das maratonas. "Não corro mais, ficou muito difícil. Pararam de dar premiação, acho que não vale o desgaste físico, aí eu estou fazendo só as provas de 21 km para baixo", explicou.

Se dependesse só de sua disposição, ela faria provas todas as semanas, mas seus treinadores não permitem. É muito desgastante. Já foram centenas de corridas desde a primeira largada em 1993. No começo, Odete pagava suas próprias disputas com o pouco dinheiro que sobrava de seu trabalho nas casas das patroas. Atualmente, algumas das corridas das quais participa são bancadas pela Run&Fun, outras pelos seus companheiros de treino, como Daniela Frizzo, uma grande amiga que também a ajuda com tênis e marcadores para as competições.


Pela falta de recursos, Odete nunca conseguiu fazer uma prova fora do Brasil, sonho que ainda não está descartado. Por muito anos ela treinou no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, mas teve de mudar. "A passagem de ônibus foi aumentando, ficando mais cara e eu perguntei se o time me aceitava no Parque da Água Branca, mas próximo de casa. Fui recebida de braços abertos".

O que faz Odete feliz em praticar o esporte é conhecer "pessoas maravilhosas", segundo ela. "Às vezes, como a gente é mais humilde, tem diferença das pessoas. Mas no esporte isso não ocorre, todo mundo é igual. Eu acho isso super maravilhoso", opinou. "A gente chega suada, fedendo, e coisa e tal, e todos se abraçam e se beijam. Isso é totalmente diferente do mundo real. Tem gente que se pudesse nem encostava na gente. Só que no esporte isso não existe".

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