Último comentário de Eurico foi sobre clássico contra Flamengo

No velório do pai, Euriquinho afirmou que último jogo visto pelo ex-presidente foi o Clássico dos Milhões, no último sábado (9), pela Taça Rio

12/03/2019 - 21h43 (Atualizado em 21/02/2024 - 13h51)

Eurico Miranda é um dos personagens mais marcantes da história do Vasco. O ex-presidente do clube não resistiu a luta contra um câncer e morreu nesta terça-feira (12), no Hospital Vitória, no Rio de Janeiro. O velório do mandatário teve início nesta noite, na Capela Nossa Senhora das Vitórias, em São Januário, e reuniu muitas pessoas que são do meio do futebol — não necessariamente ligadas ao Cruz-Maltino.

Dentre os presentes, estava Euriquinho, um dos quatro filhos deixados por Eurico Miranda, que afirmou, na chegada do velório, que o último jogo que o ex-presidente assistiu foi a partida entre Vasco e Flamengo, que terminou empatada em 1 a 1, realizada no último sábado (9), no Maracanã, pela Taça Rio. O ex-dirigente do Cruz-Maltino afirmou que seu pai, mesmo debilitado, vibrou com o gol de pênalti de Maxi López, nos minutos finais do duelo.

— Vimos o clássico contra o Flamengo, ele ficou satisfeito. Mas nos últimos meses não era mais uma realidade completa. Ele não estava mais 100% conectado com o mundo real. Eram poucos os momentos de interatividade. Mas ele viu o jogo, gostou do resultado, vibrou com o pênalti no final. O último comentário que ele fez de futebol foi quando ele viu os jogadores do Flamengo em volta do árbitro e disse "eles estão nervosos, não ficaram satisfeitos de perder". Domingo ele já estava bem desgastado e segunda-feira também. Hoje, decidimos levar ele ao hospital, essa movimentação foi sacrificante e ele não resistiu — revelou Euriquinho.

Coincidência ou não, o último jogo visto por Eurico Miranda antes de morrer foi um clássico contra o Flamengo. Desde que entrou para a política do Vasco, o ex-presidente fez questão de aumentar a rivalidade com o Rubro-Negro, o que fez a rivalidade aumentar de uma forma gritante e se tornar uma das famosas do país. Durante sua carreira como presidente ele chegou a afirmar, por exemplo, que jogos contra o clube da Gávea eram 'um campeonato à parte'.

No Vasco, Eurico Miranda colecionou confusões e polêmicas

Aos 23 anos, Eurico Miranda teve o primeiro cargo no Vasco da Gama, como diretor de cadastro em 1967. Dois anos depois, ficou conhecido por ser flagrado ao apagar a chave elétrica durante uma reunião que decidiria a permanência ou não de Reinaldo de Matos Reis na presidência do clube. Em 1986, ele se tornou vice-presidente de futebol do Vasco e ficou na função até 2001

No período em que comandou o futebol do Vasco, Eurico formou bons times. Em 1997 o clube foi campeão Brasileiro e da Libertadores, no ano seguinte. Mas umas das maiores confusões que o ex-dirigente também se envolveu foi nesta época. Em 2000, os principais times do Brasil jogaram a Copa João Havelange. A final foi entre Vasco e São Caetano, mas o alambrado do estádio São Januário caiu depois de uma briga entre torcedores. No corre-corre, as pessoas se amontoaram e a grade não resistiu. Cerca de 160 torcedores ficaram feridos

Eurico queria que a partida recomeçasse após o atendimento dos torcedores. O jogo não voltou, mas os vascaínos pegaram a taça e chagaram a dar uma volta olímpica no estádio. Estimulados pelo dirigente que considerava do Vasco campeão, já que o primeiro jogo tinha terminado 1 a 1 e o empate em 0 a 0 dava o título aos cariocas

Mas, o segundo jogo aconteceu em 18 de janeiro de 2001. O Vasco venceu por 3 a 1 do São Caetano. Eurico e Romário, principal estrela do time, finalmente conseguiram dar a volta olímpica de campeão

Eurico Miranda era formado em direito e foi deputado federal do Rio de Janeiro por dois mandatos (1994 e 1998). Em 2001, teve de responder à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Futebol no senado. Chegou a ter um pedido de cassação do mandato, por evasão de divisa

Em 2002, Eurico não conseguiu a reeleição. Com isso, ele perdeu o foro privilegiado, mas conseguiu o arquivamento do processo contra ele. O dirigente nunca escondeu que entrou para a política só para defender os direitos do Vasco. " Eu não sou representante do povo. Sou representante do Vasco. Não prometi água, habitação, luz, nada. Só defender o Vasco. Meu voto é na emoção, mas aliado à competência"

Eurico se tornou presidente do Vasco em 2001, na saída de Antônio Soares Calçada. Lá ficou até 2008, quando perdeu a eleição para Roberto Dinamite, o maior artilheiro da história do clube. Neste período, o time conquistou somente um Carioca (2003). A melhor colocação na Série A do Brasileiro foi o sexto lugar, em 2006

Eurico voltou ao comando do Vasco em 2014, depois de dois rebaixamentos sob o comando de Roberto Dinamite. Na volta à presidência, o dirigente tirou o nome do ex-atacante até da tribuna de honra de São Januário. Com ele, o Vasco teve a terceira queda. Em 2015, chegou a ser julgado no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por atacar a arbitragem e a CBF, mas foi só advertido. O atual presidente Alexandre Campello foi eleito com o apoio de Eurico, após confusão nas eleições com Julio Brant

Aos 23 anos, Eurico Miranda teve o primeiro cargo no Vasco da Gama, como diretor de cadastro em 1967. Dois anos depois, ficou conhecido por ser flagrado ao apagar a chave elétrica durante uma reunião que decidiria a permanência ou não de Reinaldo de Matos Reis na presidência do clube. Em 1986, ele se tornou vice-presidente de futebol do Vasco e ficou na função até 2001