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Opinião: 'É piada de mau gosto comparar Abel Ferreira a Renato'

Não existe duelo de treinadores na final da Copa do Brasil. O personagem, perdendo ou ganhando, é um só: Renato Gaúcho

Futebol|

Abel Ferreira e Renato Gaúcho duelarão pelo título da Copa do Brasil
Abel Ferreira e Renato Gaúcho duelarão pelo título da Copa do Brasil Abel Ferreira e Renato Gaúcho duelarão pelo título da Copa do Brasil

Não existe um duelo de técnicos na decisão da Copa do Brasil no Allianz Parque. O personagem desse jogo, perdendo ou ganhando, é um só, tem nome e sobrenome: Renato Portaluppi.

O gaúcho de Guaporé constrói uma história única no futebol brasileiro. No comando do Grêmio desde 2016, ao renovar essa semana o contrato até o final de 2021, habilitou-se a bater o recorde do inesquecível Telê Santana, que comandou o São Paulo por pouco mais de cinco anos entre outubro de 1990 e janeiro de 1996.

Não é pouca coisa. Vale lembrar que o cenário do futebol tupiniquim hoje em dia é muito mais nervoso, muito mais instável do que há 30 anos. Treinadores são dispensados com menos de 100 dias de trabalho e aproveitamentos de 64,1%, como Domenec Torrent, no Flamengo, ou até depois de disputarem um título brasileiro até a rodada final, como Abel Braga, agora no Internacional, ou quase isso como Jorge Sampaoli no Atlético-MG. Bastam duas ou três derrotas, um tropeço diante de um rival num clássico e o nó da forca vai se apertando no pescoço dos comandantes.

Mas há ainda mais diferenças entre a Era Renato e a Era Telê. Como o abismo econômico que separa os clubes europeus dos brasileiros não para de aumentar, fica cada vez mais difícil manter um time base de temporada para temporada. O êxodo é muito maior, quase incontrolável. De 2016 até hoje, entre os principais jogadores do Grêmio, apenas três, os zagueiros Kannemann e Geromel e o volante Maicon continuam a vestir a camisa tricolor, um problema com o qual Telê muito menos teve de conviver no São Paulo de seu tempo.

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Renato brilhou como jogador
Renato brilhou como jogador Renato brilhou como jogador

Renato se vira para manter a competitividade de seu time. E sua receita tem dois ingredientes: a base gremista, que revelou nomes como Everton Cebolinha, Arthur, Luan, Pedro Rocha e agora Pepê, e a recuperação de jogadores descartados ou até encostados por outros clubes, como Diego Tardelli, Léo Moura, Cortez, David Braz e Thiago Neves, que passaram pelo clube nos últimos anos. O próprio Diego Souza, atual artilheiro do time, foi uma aposta do treinador, questionada no início por boa parte da imprensa e da torcida.

Renato e o Grêmio são quase uma entidade única. Desde os dois gols do título mundial de clubes contra o Hamburgo, nunca mais se libertaram um do outro, ainda que nem sempre estivessem juntos. Essa é a terceira passagem pelo clube como treinador. E não foram quatro anos de paz. Houve - como está acontecendo agora - momentos de forte turbulência, como nas derrotas acachapantes para o Flamengo de Jorge Jesus em 2019 e a fase atual em que as cobranças da torcida por resultados vem em um crescente. Mas o apoio - e o bom senso - da diretoria o levaram a passar incólume por tudo isso.

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Por tudo que já fez pelo clube, a estátua do Renato Jogador, que decora a esplanada da Arena do Grêmio poderia muito bem ser (por que não?) uma estátua do Renato Treinador. Afinal, com ele, só nessa passagem atual, o Grêmio se livrou de uma fila de 15 anos sem títulos relevantes e foi sete vezes campeão em oito finais disputadas, entre o tricampeonato estadual, a Copa do Brasil, a Libertadores e as recopas sul-americana e gaúcha. Só perdeu uma decisão, o que seria o bicampeonato mundial de clubes, contra o Real Madrid, em 2017.

Técnico coleciona títulos no Grêmio
Técnico coleciona títulos no Grêmio Técnico coleciona títulos no Grêmio

Renato está longe de ser uma unanimidade. Pelo contrário, é amado ou detestado, com ele não existe meio termo. Falastrão, polêmico, provocador, não raramente se coloca do lado politicamente incorreto, defendendo causas indefensáveis. Este é o seu jeito - sempre foi, por onde passou, na seleção – ironicamente sob o comando de Telê – na Roma, ou em rivais como Flamengo e Fluminense, Cruzeiro e Atlético-MG. Que se diga dele o que se quiser, mas com a bola no pé ou com um time na mão, talento - e títulos - nunca lhe faltaram.

Até quando vão acordos dos clubes brasileiros com marcas de camisas?

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