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Jandrei é paciente por espaço na Itália: 'Alisson esperou um ano'

Ao L!, goleiro fala sobre adaptação no Genoa, missão de substituir Danilo na Chape, e agradece a André Jardine por qualidade com os pés: 'Queria jogar igual ao Barcelona'

Futebol|

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Claudio Taffarel, Dida, Júlio Cesar, Alisson...a história mostra que, para um brasileiro, defender a meta de um clube italiano é uma grande responsabilidade. Estas mesmas linhas revelam que paciência é essencial. Os dois últimos desta breve lista, por exemplo, tiveram que conviver com empréstimos e o banco de reservas antes de marcar época por Inter de Milão e Roma, respectivamente. É nisso que Jandrei, hoje no Genoa, se agarra.

Depois de dois anos na Chapecoense, o goleiro chegou à Itália em janeiro de 2019, e desde então, entrou em campo apenas uma vez. Sem desanimar, Jandrei revela os percalços inerentes a um jogador de sua posição em um novo país, e iniciando uma temporada pelo Genoa pela primeira vez, espelha-se em Alisson.

- É complicado para goleiro. O jogador de linha, quando chega, não precisa ficar falando. Não precisa orientar quatro ou cinco jogadores de defesa no meio de um jogo. A questão técnica não muda muito para eles. Sempre que falam comigo, me dão o exemplo do Alisson, que teve que esperar, se ambientar e ficar um ano no banco antes de fazer o que fez na Roma e depois ir para o Liverpool. Apesar disso, para mim, está sendo um crescimento pessoal e profissional muito grande.

Jandrei foi o primeiro goleiro a se firmar como titular na Chapecoense depois do acidente no voo LaMia 2933, que deixou 71 mortos , a maioria de jogadores do Índio Condá, no dia 28 de novembro de 2016. O gaúcho, hoje aos 26 anos, conta como foi a missão de substituir goleiro Danilo, eterno ídolo da equipe catarinense e uma das vítimas do desastre aéreo.

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- Foi complicado não só para mim, mas para todo mundo que chegou lá depois do acidente. Foi difícil em relação ao clima no clube e na cidade. Para os goleiros, nem se fala, porque a gente estava ali para substituir um ídolo. Mas quando recebi o convite, não pensei nem 'meia vez'. Acima de tudo, foi um desafio, mas acredito que consegui manter um bom nível durante os dois anos e a experiência foi muito importante para mim.

A Chapecoense, que nunca sofreu um rebaixamento, atualmente figura na zona da degola do Brasileirão. Você tem acompanhado a situação do clube? Pensa que estas ainda são sequelas do acidente aéreo?

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Tento acompanhar sempre que posso, falo com os jogadores. O Campeonato Brasileiro é muito difícil, muito nivelado. Não sei se é reflexo do que aconteceu ou erro de alguém. Acho que é questão de jogo, de futebol. Jogar estando no Z4 é complicado, tem a pressão extra de não se poder errar. Tem o emocional, mas, claro, tem sim uma parte do acidente nisso. O clube não conseguiu formar uma base, pois teve muitos jogadores emprestados depois do acidente.

Apesar de algumas contratações para a posição, o Tiepo, goleiro de 21 anos, formado na própria Chapecoense, foi quem assumiu a bronca após a sua saída e tem recebido elogios. O que você tem a falar dele?

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A gente sempre falava internamente, nos treinos: “O Tiepo, na hora que entrar, não sai mais”, e isso está se comprovando. Era a opinião de muitos lá. Tem muita qualidade, personalidade, mesmo tão jovem, e está muito bem. Sabíamos que quando o colocassem para jogar, ele aguentara e faria um bom trabalho.

Você é um goleiro que se destacou no Brasil muito pela facilidade em jogar com os pés. Essa qualidade te ajudou a chegar à Europa?

Com certeza, porque na Europa eles usam isso ainda mais. No Brasil há treinadores que gostam de sair jogando com o goleiro, mas alguns são contra. Vi técnicos dizendo em entrevistas que goleiro não pode jogar com o pé. Mas sabemos que no futebol moderno, o goleiro cria superioridade numérica, é um diferencial. E sei que essa qualidade fez a diferença para a minha vinda.

De onde veio essa habilidade? Você tem um passado como jogador de linha?

Sempre joguei no gol, desde os seis anos, no futsal. Mas depois de três anos de base no Internacional, fui treinado pelo André Jardine, que hoje está na Seleção Sub-20. Ele gostava muito do Barcelona e queria que a gente jogasse da mesma forma, com posse de bola, com goleiro jogando mesmo sob pressão. Isso me fez crescer muito nesse aspecto. Com o tempo, tornou-se natural.

Você chegou ao Genoa no decorrer da última época e, agora, participa de sua primeira temporada desde o início. Como está sendo a adaptação?

Minha chegada foi tranquila. Quando cheguei, tinha mais três brasileiros, dois portugueses. Na questão da língua, e fora de campo, isso me ajudou. Fui muito bem recebido por todos. Geralmente, quem vem da América do Sul tem mais dificuldades. Quanto a estrutura, houve uma reforma geral na academia e nas instalações, e isso é muito importante para um clube que está em alto nível e que disputa um campeonato grande.

A escola italiana de goleiros talvez seja a mais reconhecida no mundo. Quais as principais diferenças entre a preparação de goleiros na Itália e no Brasil?

Fiz minha base no Internacional, que é uma escola muito voltada para a técnica. Aqui também é assim. Então, há coisas que são parecidas, mas outras às quais estou tendo que me adaptar à técnica deles. Como a questão de queda. No Brasil, fazemos muito a queda frontal, aqui eles preferem a lateral. É bom ter o contato com as duas escolas e poder utilizar o melhor de cada uma

Você está sendo treinado pelo Aurelio Andreazzoli, um dos expoentes da nova geração italiana. O que muda na preparação italiana em relação à brasileira?

Entre um jogo e outro, geralmente há mais tempo para se trabalhar do que no Brasil. Você chega no jogo muito mais preparado para o adversário. E há mais trabalhos táticos, de posicionamento, com e sem a bola. São dois ou três dias na semana voltados apenas a tática e força, porque o Italiano é um campeonato de muito contato. Essa combinação de "tempo + tática" causa a maior organização dos times dentro de campo em relação ao brasileiros.

O principal rival do Genoa é a Sampdoria. Como são as partidas entre os clubes?

É incrível a paixão que a cidade tem por futebol. Fui para um clássico apenas, até agora, fora de casa. É impressionante, a festa da torcida, como eles enfeitam, fazem mosaico. São duas equipes que estão bem, é de arrepiar quando se enfrentam. Estou ansioso poder jogar um dérbi.

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