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De estagiário a vilão de Bernardinho, Anderson colhe frutos como técnico

Campeão olímpico começa a se firmar entre os treinadores de expressão do país, com perfil estudioso e 'paizão'. Nesta segunda-feira, ele tenta manter o Sesi Bauru vivo na Superliga

Lance

Lance|Do R7

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Sob o comando de Anderson, campeão olímpico em Atenas-2004, como jogador, e na Rio-2016, como auxiliar técnico, o Sesi Bauru entendeu que vale a pena acreditar no improvável. Parte da geração mais vitoriosa do Brasil no vôlei masculino, ele agora chama a atenção entre as mulheres.

Em diversos momentos nos quais a confiança do grupo parecia minada, como após tomar uma "surra" do Sesc-RJ por 3 a 0, nas quartas de final da Superliga feminina, em março, o treinador mostrou o caminho da salvação. Não foi por acaso que Bauru fez o rival carioca, treinado por seu mentor Bernardinho, ficar fora de uma semi após 21 anos.

Nesta segunda-feira, novo desafio. Em desvantagem na série em melhor de três da competição, o time do interior paulista tenta a sobrevivência contra o atual campeão Dentil/Praia Clube, às 19h, na Arena Praia, em Uberlândia (MG). As mineiras aplicaram um 3 a 0 rápido no primeiro duelo.

Independentemente do resultado, o ex-jogador, que se aposentou das quadras em 2012, dá passos para se firmar como um dos técnicos de expressão do país.


No ano passado, faturou o título do Campeonato Paulista logo que chegou a Bauru. E, apesar da campanha irregular na primeira fase da Superliga, com 13 vitórias e nove derrotas, ganhou elogios no meio do esporte pelo poder de reação de suas comandadas, além do perfil estudioso e o jeito "paizão".

– Ser técnico era algo que, realmente, eu desejava após parar de atuar como atleta. Uma das pessoas em que mais me inspirei foi o Bernardinho, com quem convivi ao ser treinado por ele e, posteriormente, ao auxiliá-lo na comissão técnica. Aprendi a importância do esporte na formação das pessoas, atletas e cidadãos, e a lidar com seres humanos. O esporte nos ensina a ser uma pessoa melhor – disse Anderson, ao LANCE!.


Esta é a segunda temporada do mineiro à frente de um clube na Superliga, depois de comandar o Brasília em 2016/2017. Na ocasião, com um investimento menor do que o projeto atual, terminou em sexto.

Em seguida, foi contratado pelo Volero Zurich, da Suíça, mas deixou o clube por causa de um problema de saúde na família. Ele também integrou a comissão técnica do Minas e treinou a Seleção Militar das mulheres.


Casado com a central Ana Paula Guth, que defendeu Balneário Camboriú nesta temporada, o ex-oposto se encontrou no universo feminino. E carrega, de Bernardinho, a obsessão pelo estudo de cada rival. Ele explica o poder de reação nas quartas:

– Graças a muito estudo, empenho e, principalmente, por acreditarmos que era possível vencer. Agora, temos de agir da mesma forma – afirmou Anderson, que chegou a ser goleiro antes de se dedicar ao vôlei, com passagens por Cruzeiro e América-MG.

Anderson e Bernardinho (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Anderson e Bernardinho (Foto: Alexandre Arruda/CBV)

Anderson com o mentor Bernardinho (Foto: Alexandre Arruda/CBV)

Anderson chegou à Seleção em 2001. Na maior parte do tempo, foi um "reserva de luxo", mas com atuações decisivas ao entrar em quadra. Dentre as maiores conquistas, estão o ouro em Atenas-2004 e a prata em Pequim-2008. No Mundial, foi bicampeão, em 2003 e 2007. Na Liga Mundial, faturou seis medalhas de ouro e uma de prata, entre 2001 e 2007. Nos Jogos Pan-Americanos, foi bronze em Santo Domingo-2003 e ouro no Rio-2007.

Após deixar as quadras, ele começou a dar os passos como técnico no comando da Seleção feminina militar. Logo teve um pedido atendido de fazer estágios na Seleção masculina adulta, com Bernardinho. Foi assistente técnico do time feminino do Minas por duas temporadas e ganhou e a chance de assumir a equipe juvenil do clube. Em 2016, ajudou o Brasil a levar o ouro olímpico na Rio-2016, como auxiliar do masculino.

Se o Sesi Bauru empatar a série, a decisão da vaga na final será na quinta-feira, às 20h30, em Uberlândia.

Minas joga para avançar à final

O Itambé/Minas só precisa de mais uma vitória sobre o Osasco/Audax, nesta segunda-feira, às 21h30, em Osasco (SP), para garantir um lugar na final da Superliga feminina. O clube mineiro não disputa a decisão do torneio desde a edição 2003/2004, quando foi vice ao perder justamente para o time paulista.

No primeiro compromisso da semi, em Belo Horizonte, o Minas virou o jogo após perder o primeiro set e fechou por 3 a 1.

– Sabemos do poder de reação do Osasco-Audax. É hora de seguirmos concentradas e focadas no nosso jogo – afirmou a levantadora Macris, eleita a melhor daquela partida.

BATE-BOLA

Anderson, técnico do Sesi Bauru, ao LANCE!

Mesmo sendo um técnico novo, você foi encarregado de comandar um projeto ambicioso do Sesi Bauru. Qual é o peso deste trabalho na sua carreira?

Tem sido uma excelente experiência. A pressão por resultados existe em qualquer esporte de alto rendimento e, independentemente dos investimentos, ela sempre estará presente. Comecei há cerca de sete anos como treinador e, em cada um dos trabalhos, sempre há espaço para aprendizado e para evoluirmos na função. É uma busca incessante para sempre melhorarmos e sermos competitivos.

Você tem a Tifanny e a Diouf como referências no ataque e encontrou uma formação ideal mais ofensiva. É um diferencial do seu time?

Times fortes, especialmente na parte ofensiva, sempre existiram ao longo da história do voleibol mundial. E vão continuar existindo, não só no Brasil. Mas não adianta focar apenas no ataque e não ter boa defesa nem bom passe para dar suporte às ações ofensivas. É preciso ter equilíbrio entre os fundamentos. Essa sim é a receita do sucesso dos grandes times.

Tem vontade de treinar times masculinos ou pretende seguir no feminino? Quais as diferenças?

No momento meu foco está totalmente voltado ao Sesi Bauru e prefiro me concentrar apenas na equipe que defendo. Deixo para pensar no futuro em outras ocasiões.

Treinar a Seleção Brasileira pode ser uma meta para o futuro?

Treinar a seleção, é claro, é o sonho de todo técnico, mas como disse antes, meu foco está totalmente voltado ao Sesi Bauru agora.

Você vê o Praia como favorito no confronto pela melhor campanha?

Favoritismo no esporte é algo que só existe na teoria, pois na prática o que importa é o jogo em quadra. Mas é claro que, se levarmos em conta que o Dentil/Praia Clube é o atual campeão, conta com investimentos superiores ao nosso, tem elenco com jogadoras e comissão técnica de alto nível e terminou a fase classificatória na vice-liderança com campanha melhor que a do Sesi Vôlei Bauru, elas podem, sim, ser consideradas favoritas nas semifinais.

Muitas jogadoras voltaram a criticar o ranking. Você é favorável ou contrário à medida e por quê?

Prefiro não comentar essa questão.

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