Corinthians define data para retomar processo de impeachment de Augusto Melo; entenda
Presidente alvinegro corre risco de destituição devido ao patrocínio da Vai de Bet
Lance|Do R7

A crise política no Corinthians ganhou novos contornos nesta quarta-feira (7), com a definição de que o processo de impeachment do presidente Augusto Melo será retomado assim que o inquérito policial relacionado ao caso Vai de Bet for concluído pela Justiça. A decisão foi tomada em reunião convocada por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube, e marca um momento decisivo para o futuro do dirigente alvinegro, cuja permanência no cargo está cada vez mais ameaçada.
— O tempo do Corinthians é um, o da Justiça é outro. A comissão de ética tinha sugerido suspender, mas vários conselheiros queriam saber, para formar sua opinião, o que ia dar na polícia. Várias questões, e a questão da insegurança. Chegou num momento que esses interesses convergiram, porque o inquérito está na fase final. Tivemos uma reunião recente, teve um policiamento discreto, as contas foram votadas sem problemas. A questão da segurança interna melhorou, o presidente já depôs. Este momento de hoje tudo se convergiu. Quando acabar o inquérito, eu marco a reunião. Agora, se o inquérito demorar, vamos marcar também. Agora, volto a repetir, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mas não custa esperar — explicou Tuma Júnior, na manhã desta quarta-feira.
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Com o inquérito sobre o caso Vai de Bet entrando na fase final e a insatisfação interna crescente, a situação de Augusto Melo se torna insustentável. A expectativa agora é de que, tão logo a investigação seja concluída, o Conselho Deliberativo agende a reunião que poderá definir o futuro do dirigente à frente do Corinthians.
— Nós tivemos um grande problema de insegurança interna. Não havia segurança para marcar a reunião, os conselheiros tinham medo. Temos um inquérito policial apurando essa violência contra os conselheiros. Não havia clima de segurança interna. Houve gente que entrou sem poder entrar. E tenho como obrigação proteger o patrimônio do clube e as pessoas que vão votar. Nesse ínterim, surgiram alguns outros fatos. Vários conselheiros me pediram para esperar o inquérito acabar, outros me pediram para esperar o presidente depor na polícia. O estatuto não convive com a polícia ou a justiça. Ele prevê infração estatutária. O Conselho não investiga crime — afirmou Tuma.
Se ele for afastado, o processo segue para a Assembleia Geral, com votos dos sócios, para referendar o impeachment.
Enquanto isso, a pressão interna segue aumentando. Na última terça-feira, a Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo protocolou mais um pedido de impeachment contra Augusto Melo, desta vez baseado na reprovação das contas de 2024, que apontaram um déficit de R$ 181 milhões e endividamento bruto que ultrapassou os R$ 800 milhões. O pedido foi assinado por Leonardo Pantaleão, presidente da Comissão de Justiça e ex-diretor jurídico do clube, que solicitou o afastamento imediato do presidente em caráter liminar, com base na Lei Geral do Esporte. Este é o quarto pedido de impeachment protocolado contra o mandatário corinthiano.
O documento protocolado pela Comissão de Justiça tem como base pareceres técnicos do Conselho Fiscal e do Conselho de Orientação e Fiscalização (CORI), que apontaram diversas irregularidades na gestão do clube. Entre os problemas citados estão o descumprimento de prazos para publicação de balancetes, contratação irregular de empresas de segurança, ausência de revisão orçamentária e de relatórios obrigatórios, falta de informações prestadas ao CORI, contratações questionáveis no departamento de futebol, má gestão na área de ingressos e Fiel Torcedor e desacordo com regras do Profut e da Lei Geral do Esporte.
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A reprovação das contas não foi o único ponto que gerou desgaste. Desde o final de 2023, Augusto Melo já enfrentou três processos de impeachment: um deles chegou a reunir mais de 90 assinaturas, outro foi recomendado pelo CORI, e um terceiro foi suspenso em janeiro por falta de tempo hábil para concluir o rito. A admissibilidade do processo chegou a ser aprovada por uma votação apertada, com placar de 126 a 114.
A maior torcida organizada do clube, a Gaviões da Fiel, também alterou sua posição recentemente. Em nota divulgada na segunda-feira (5), declarou que não irá mais se opor a nenhuma reunião que paute a proposta de destituição de Augusto Melo. A mudança foi motivada por uma série de fatores, entre eles a investigação sobre o contrato com a Vai de Bet, problemas na base do clube, nomeações com viés político, e o que a torcida classificou como falta de aprendizado e compromisso do presidente. A Gaviões também criticou duramente a falta de transparência da gestão.