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Timão escapa no sufoco. Mas camisa e 'isso aqui é' não resolverão sempre

Nos próximos dias será um show de 'deixou chegar, segure'. Melhor é trocar crença de que tradição soluciona tudo por gestão rigorosa que diminui riscos

Futebol|Eduardo Marini, do R7

Ederson foi um dos melhores do Corinthians na vitória sobre o Oeste
Ederson foi um dos melhores do Corinthians na vitória sobre o Oeste Ederson foi um dos melhores do Corinthians na vitória sobre o Oeste

Oeste zero, Corinthians dois. Guarani um, São Paulo três.

E o Timão, que correu risco até mesmo de ser rebaixado, escapa na bacia das almas e consegue a vaga para a continuação do Paulista.

A partir deste momento, e durante a semana, nas resenhas esportivas e papos entre corintianos, vai ser um tal de “deixaram o Timão chegar; agora segurem que eu quero ver” para cá, “isso aqui é Corinthians” para lá, e emocionalismos baratos afins.

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Não é exclusividade do Timão – todas as torcidas e cartolas brasileiros se comportam desse jeito. Mas a grande nação do Parque São Jorge incorpora esse pensamento como nenhuma outra.

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Ele revela a crença de se pode sempre administrar de forma caótica, captar empréstimos e financiamentos suicidas e fazer negócios estranhos porque a “camisa” vai segurar. Afinal de contas, “aqui é” o time A, B ou C.

Se no futebol pré-invasão do capitalismo global esse raciocínio fez algum resquício de sentido, estejam certos de que hoje não faz mais. No Brasil e em todo o mundo, a bola hoje é cada vez mais dependente e “escrava” da gestão responsável, do planejamento, das parcerias sérias e não oportunistas, do respeito à capacidade de honrar dívidas, dos passos a todo momento ao alcance das pernas.

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As equipes brasileiras não terão mais bons elencos total ou majoritariamente “feitos em casa” pelo fato mero de que qualquer bom jovem jogador, de qualquer clube, pensa antes de tudo em ir embora do país no início da carreira. Não estão errados. A ambição de progresso com honestidade na carreira é sempre legítima e vale também para o jogador profissional.

Futebol hoje, no Brasil, é “creche” ou “geriatria”. Ou se aproveita o menino em seus primeiros momentos ou então que se tenha contas e caixa equilibrados para contratar ou repatriar veteranos e montar um novo elenco praticamente a cada temporada.

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Isso quer dizer que um time grande e de forte tradição jamais conquistará títulos importantes em períodos de confusão administrativa, realidade atual do Timão?

Não. O próprio Flamengo, hoje um exemplo de gestão para os demais, pareceu ter feito tudo milimetricamente pensado para que tudo desse errado em 2009. Dívidas, atrasos de salários e pagamentos, Petkovic veterano incorporado pelo técnico Andrade, Adriano Imperador entrando em meio ao campeonato e por aí vai.

Apesar de tudo isso, o rubro-negro fechou aquele 2009 com o título brasileiro, o artilheiro da competição (Adriano) e o melhor jogador do país (Pet) na temporada.

O próprio Corinthians de Neto campeão brasileiro de 1990, para além de ter uma equipe limitada, não era exatamente um modelo elogiável de boa gestão.

Apenas dois exemplos. Mas isso será cada vez mais coincidência, raridade, obra do acaso, peça de ironia do destino.

Molecada do São Paulo teve boa atuação na segunda etapa e espantou 'entrega'
Molecada do São Paulo teve boa atuação na segunda etapa e espantou 'entrega' Molecada do São Paulo teve boa atuação na segunda etapa e espantou 'entrega'

A Lei de Murphy é um provérbio que diz: “qualquer coisa que possa ocorrer mal ocorrerá mal no pior momento possível". De forma mais simples: “se algo pode dar errado, dará errado”.

No caso do futebol, administrações rigorosas, que gastam no limite do encaixado e se preocupam com um projeto de responsabilidade maior do que o de seus curtos mandatos, são atualmente as únicas “vacinas testadas” para reduzir as chances de a Lei de Murphy funcionar.

E evitar, por exemplo, chances de rebaixamento para um clube do peso do Corinthians. Cada vez mais, o que ocorre dentro de campo, para o bem ou o mal, está diretamente ligado ao que os cartolas fazem fora dele.

“Deixaram o Corinthians chegar”. Vai encarar agora o Bragantino pelas quartas-de-final.

O elenco do Corinthians tem um ótimo goleiro, um zagueiro jogando muito bem, mas é limitado.

Ainda assim, tem chance de ser campeão? Sim, como se disse.

Mas se os cartolas do Timão ou de qualquer outro grande clube continuarem a apostar secamente apenas na combinação de “camisa” e acaso para conquistar títulos, terão o poder de fogo cada vez menor a cada temporada. A se manter essa postura, o futuro será tenso na maior parte do tempo.

Mesmo porque “isso aqui é Corinthians”, “isso aqui é Flamengo”, “isso aqui é Palmeiras”, mas isso aqui também é qualquer time para quem o ama.

O resto é conversa oca jogada ao ar.

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