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BRASILEIRO 2022

Pelé foi garçom, genial e líder pelo exemplo na conquista do tri de 1970

Camisa 10 fez quatro gols e deu seis passes para outros na campanha do Brasil naquela Copa. Terceiro título comemora 50 anos neste domingo

Futebol|Paulo Guilherme, do R7

Pelé não foi artilheiro, foi garçom
Pelé não foi artilheiro, foi garçom

Pelé é e será sempre lembrado pelos lances emblemáticos na conquista do tricampeonato na Copa do Mundo de 1970, que completa 50 anos neste domingo (21).

A impulsão absurda no gol de cabeça contra a Itália. A malandragem para chutar uma falta bem onde estava Jairzinho, contra a Romênia, ou na na cotovelada no zagueiro uruguaio que estava pronto para quebrá-lo. Ou os três "não gols" mais bonitos do futebol: a cabeçada defendida pelo inglês Gordon Banks; o drible da vaca no goleiro Mazurkiewicz; ou o chute de antes do meio de campo para encobrir o goleiro checo Viktor.

Mas na Copa que consagrou sua genialidade, Pelé não foi só protagonista. Ele soube como ninguém ser o coadjuvante decisivo em jogadas que resultaram em gols do Brasil. Pelé não foi artilheiro; Pelé foi "garçom".

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O Brasil marcou 19 gols em seis jogos naquela Copa. Jairzinho foi o goleador com 7 gols. Pelé marcou quatro, mas fez a assistência em outros seis gols brasileiros.


Pelé foi o jogador que mais deu assistências (o passe para o companheiro finalizar) do Brasil na Copa de 1970. Foram ao todo 26 assistências nas seis partidas. E seis delas resultaram em gols:

Assistências de Pelé


- Passe para o gol de Jairzinho contra a Checoslováquia;

- Passe para o gol de Jairzinho contra a Inglaterra


- Passe para um dos gols de Tostão contra o Peru

- Passe para o gol de Rivellino contra o Uruguai

- Passe para os gols de Jairzinho e de Carlos Alberto Tores

Gols de Pelé

- Um contra a Checoslováquia, após receber lançamento de Gérson

- Dois contra a Romênia; um de falta e um após passe de calcanhar de Tostão

- Um contra a Itália, de cabeça, após cruzamento de Rivellino

Em termos de aproveitamento dos chutes a gol, no entanto, Pelé ficou devendo. Em toda a Copa ele foi o jogador que mais chutou: 33 finalizações, e marcou quatro vezes.

Jairzinho foi o mais eficiente: chutou 11 vezes fez 7 gols.

Pelé na final contra a Itália
Pelé na final contra a Itália

No total de sua carreira, Pelé disputou quatro Copas do Mundo - 1958, 1962, 1966 e 1970 - e foi campeão em três delas.

Na Suécia, em 1958, entrou a partir do terceiro jogo, disputou quatro partidas e fez seis gols, terminando como artilheiro do Brasil.

No Chile, em 1962, jogou apenas as duas primeiras partidas (se machucou no segundo jogo) e fez um gol.

Na Inglaterra, em 1966, também só jogou as duas primeiras partidas (e também saiu machucado no segundo jogo) e fez um gol.

No México, em 1970, Pelé jogou os seis jogos e marcou quatro gols.

Com o título de 1970, Pelé se tornou o único jogador a ganhar três vezes uma Copa do Mundo. Antes da estreia do Brasil na Copa, Pelé e o zagueiro reserva Fontana, que nunca se bicaram, bateram boca depois de um treino. Os jogadores se reuniram para contornar a situação. Fontana disse que se ele fosse cortado, não iriam cortar o Pelé "porque ele era o Pelé". Pelé retrucou dizendo que se quisessem ele sairia também. No final, ficaram os dois.

No vestiário do Estádio Azteca, momentos antes do Brasil entrar em campo. Pelé deitou em um dos bancos e tirou uma soneca.

Embora não fosse capitão, Pelé liderava pelo exemplo, como já declarou Carlos Alberto Torres em uma entrevista para o Museu do Futebol. "Era a referência nossa, ninguém faltava treino, ninguém colocava chinelinho, porque o Pelé estava lá, por que é que não vou treinar se o homem está aí não é?", disse Carlos Alberto.

"Com todos os compromissos que ele também tinha na época, o Pelé ia, mas não faltava nenhum treino, não dava como desculpa: 'Não vou treinar amanhã porque vou gravar não sei o que.'. Estava lá no dia, na hora do treino estava lá. Então foi a grande referência o grande professor, o grande espelho da minha vida, profissionalmente falando, é o Pelé."

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