Vexame do Santos repercute na Argentina. Sampaoli irritado
Depois da derrota por 5 a 1 para o Ituano, treinador exige reforços. Clube deve mais de R$ 300 milhões. Não tem força para trazer grandes jogadores
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Dois sentimentos dominaram a cúpula santista, após o massacre do Ituano, ontem à noite.
O vexame pela derrota por 5 a 1 trouxe vergonha.
Acabou com o entusiasmo da campanha '100%' de vitórias no início do Paulista.
E a segunda sensação foi apreensão.
O presidente José Carlos Peres sabe que Jorge Sampaoli segue muito decepcionado com a fragilidade econômica do clube.
Se tivesse ideia que o elenco é tão limitado, e continuaria fraco, não teria aceito o convite para trabalhar na Vila Belmiro.
Por mais interessante que sejam os dois milhões de dólares, R$ 7,3 milhões, por temporada, cerca de R$ 608 mil mensais. Ele assinou contrato por dois anos, vai receber, se ficar até o último dia do acordo, quatro milhões de dólares, cerca R$ 14,6 milhões.
Mas há duas questões.
Sampaoli sabe que tem mercado.
O treinador da Argentina na Copa do Mundo da Rússia, campeão da Copa América com o Chile, com passagem pelo Sevilla, não precisa ficar acumulando vexames, tentando fazer uma equipe fraca render. Não ficará desempregado.
E a segunda situação está no seu gênio explosivo.
Ele veio para o Brasil para abrir uma nova frente, um novo mercado de trabalho. Sampaoli tinha vontade conhecer intimamente o futebol do país. Já havia tido convite do Cruzeiro, Flamengo e sondagens do Corinthians, Internacional e São Paulo.
Aos 58 anos, ele não é de perder tempo.
A derrota para o Ituano foi uma das piores na sua carreira.
E deixou de ser político no vestiário, em Itu.
Ele exige reforços imediatamente.
"A gente vem dizendo (que é necessário contratar) desde os primeiro jogos, mesmo ganhando. Falamos de jogadores importantes que foram embora e estão sendo substituídos por garotos jovens. Continuamos tentando alguma coisa para reforçar, mas estamos trabalhando com o que temos", desabafou.
Os atletas que chegaram são jogadores medianos. O meia-atacante Soteldo, o zagueiro Felipe Aguilar e o goleiro Everson. A estreia de Aguilar foi um desastre. Foi diretamente responsável por três gols do time interiorano ontem.
"Eu preciso pedir desculpas, nosso objetivo era fazer um bom jogo. A gente teve dificuldade, o rival se aproveitou no contra-ataque, e eles nos machucaram de uma forma dura", disse, tenso.
"A gente teve 78% de posse, mas o rival teve 22% e fez cinco gols. Então às vezes a posse não dá o resultado que você precisa. A gente sofreu cinco, seis chutes e tomamos cinco gols. É difícil de explicar", tentava justificar, com sutileza, que seu plano tático deu certo. Dominar as intermediárias.
O problema foi o fraco potencial técnico dos jogadores que possui.
A diretoria santista sabe que não teve dinheiro para segurar Gabriel, Dodô e Bruno Henrique. Perdeu peças fundamentais na equipe de 2018 e não pôde buscar atletas à altura.
A safra de jovens atletas, nas categorias de base, com exceção de Rodrygo, também é frustrante.
O clube deve mais de R$ 300 milhões.
Peres sofre enorme pressão de conselheiros para agir.
Contratar.
Sampaoli conseguiu se conter no vexame de ontem.
Mas sabe o quanto fez mal para sua carreira e ego.
Jornais argentinos repercutem a goleada santista.
E o pedido de desculpas do treinador.
Sampaoli é tão egocêntrico como trabalhador.
Sabe da repercussão do fracasso em Itu.
Os dirigentes santistas precisam buscar fórmulas para reforçar a equipe.
Porque o técnico tem personalidade forte.
E é impulsivo.
Não seguirá comandando times fracos como o atual Santos.
O efeito anestégico das quatro primeiras vitórias passou.
O 5 a 1 para o Ituano fez com que analisasse os times que venceu.
A situação é mais complicada do que parece na Vila Belmiro.
A paciência de Sampaoli mais curta do que sua estatura, 1m65.
José Carlos Peres sabia disso ao contratá-lo...
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