Opinião: Pelé sabia quem era e não deixava ninguém sem um aceno
O Rei do Futebol era um cara humilde e, invariavelmente, dono de gentilezas e atenção com todos os que cruzavam o seu caminho
Futebol|Roberto Thomé, da Record TV
Tive o privilégio de conviver com Pelé profissionalmente durante muitos anos, cobrindo os mais variados eventos em que ele era sempre a figura central, o protagonista, fazendo entrevistas e, de um modo mais próximo, durante a Copa América do Equador, em 1993, e a Copa do Mundo nos Estados Unidos, no ano seguinte.
O que chamava minha atenção naqueles tempos era uma versão mais humana e próxima do Rei do Futebol, um cara humilde, dono de gentilezas e atenção com todos os que cruzavam o seu caminho. Pelé não deixava ninguém sem um aceno, um autógrafo. Ele sabia exatamente quem era e tinha a noção precisa de toda a dimensão que seu nome carregava. Pelé cresceu, evoluiu, desenvolveu todas as habilidades para ser Pelé.
E aí você olha para os dias de hoje e vê como é diferente o tratamento que tantos ídolos dão aos fãs que tentam se aproximar em busca de uma lembrança. Cercados de assessores, secretários, parças etc., não fazem ideia do que um simples gesto de carinho pode significar na vida de uma pessoa.
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Pelé desde sempre entendeu a importância dessas relações e, a partir daí, conseguiu transformar seu nome numa marca mundial poderosa. Ele esteve em evidência enquanto levou a bola por caminhos inimagináveis e, durante as mais de quatro décadas que se seguiram ao fim da carreira, manteve a força de sua influência.
Pelé foi um jogador à frente do seu tempo, um gênio capaz de inventar maravilhas que passaram a ser reproduzidas nos maiores palcos do futebol. Cruyff, Maradona, Cristiano Ronaldo, Messi, ninguém fez o que Pelé já não tivesse criado.
Fora de campo, ele também mostrou que era de uma outra esfera. Por isso, moldou a figura inigualável do Pelé eterno.