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BRASILEIRO 2022

O sentido de 'Every Breath you Take' nos tempos de Neymar e Najila

Uma obra de arte como a do músico Sting é sempre atemporal e de alcance ilimitado, mas gera várias interpretações em diferentes épocas

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Neymar está sendo acusado de estupro
Neymar está sendo acusado de estupro

Mais de 30 anos depois, "Every Breath You Take" embalou os últimos momentos em que Neymar e Najila passaram juntos, naquele quarto do hotel em Paris, confirmando sua atemporalidade e seu alcance, típicos mesmo de uma obra-prima.

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Mas prefiro falar de como eu via esta música em sua fase incipiente, quando tocou fundo no coração de jovens e adolescentes nos anos 80.

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Ela se mistura às imagens de meninos pegando o ônibus Socorro, na rua Cardeal Arcoverde, e indo até o clube; do fliperama e dos jogos do Cavaleiro Negro; dos bailinhos inocentes em que a voz de Sting e o acompanhamento de seu grupo, emanavam a inocência, nesta melodia inesquecível, no meio da sala, à meia luz.

Uma inocência, porém, que não conseguia esconder olhares em direção à amada, desviados logo em que eram flagrados. Ou da alegria da aceitação de uma dança, após a tremedeira do pedido.


Mesmo que fosse à distância, com apenas a ponta dos dedos roçando as cinturas, no jogo das cadeiras.

Uma obra de arte é assim mesmo. Sobrevive atemporal, se torna como uma lei universal.


Um gênio, como o cantor inglês, sabe captar essa essência, que é perseguida com insistência por todos os tipos de juventude, por meio das décadas: a moderna, a pós-moderna, a contemporânea. A antiga, nesta minha história, pode ser aquela que foi vivida por mim.

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A diferença é que a roupagem das épocas gera diferentes interpretações de uma mesma obra de arte. Nos anos 80, "cada suspiro que você der" refletia a esperança, a pura paixão de quem vislumbra um amor de forma inteira, transparente como uma cachoeira de ternura.

Claro que nada - nem nos tempos atuais nem no passado - deve ser definido estritamente sob um ponto de vista. Mas os poluentes que interferiram em todos aqueles conceitos românticos foram aparecendo ao longo das décadas seguintes.

Só a presença dela no momento em que Najila e Neymar discutiram, em mais um capítulo deste turbulento 2019, demonstra, em parte, um desejo da atual juventude de viver um amor, de se embalar em um romantismo puro.

Mas também apresenta nitidamente os obstáculos presentes na atual sociedade para que essa tímida procura se concretize.

Os conflitos atuais fazem a busca do romantismo e a procura de um sentido se tornarem piegas e serem devastados pela força das redes sociais; do jogo do poder; do machismo; do egoísmo; da indiferença; das mentiras ocultas nos sentimentos, que talvez nunca sejam detectadas, tampouco desvendadas.

E o que era, anos atrás, um momento único, uma dança íntima nos bailinhos da infância, hoje foi trilha de um espetáculo midiático, em que absolutamente todos podem dizer à dupla NN, e aos seus vídeos e áudios intermináveis, nesta acusação de estupro: "I'll be watching you".

Essa história triste, iniciada no que cada um dos dois entendia como boas intenções, na insensata busca de um sentido, expôs todas as carências de muitos jovens hoje, terminando em fúria e em algum tipo de violência. Foi parar, de forma lamentável, na última instituição que, na minha adolescência, iria lidar com isso: The Police.

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