Neta de ídolo gremista conquista o Gauchão e realiza sonho de menina
Rafa Ancheta é neta do zagueiro Ancheta, que marcou época no Grêmio na década de 70, acaba de ganhar o Gaúcho atuando no seu time do coração
Futebol|Carla Canteras, do R7
Ser campeão é bom em qualquer campeonato, com qualquer camisa. Mas algumas conquistas podem ser ainda mais especiais. Foi o que aconteceu na vida de Rafaela Ancheta, no último domingo, quando ela conquistouo Campeonato Gaúcho feminino com o Grêmio.
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"Quando acabaram as cobranças dos pênaltis, eu só conseguia chorar. Não conseguia correr, fiquei no chão chorando. Foi incrível".
O motivo de tanta emoção é que o Grêmio faz parte da vida de Rafa, como é conhecida, não só por ser o time do coração. Ela é neta de Ancheta, ex-zagueiro uruguaio que fez história no Tricolor Gaúcho na década de 1970, quando conquistou dois Campeonatos Estaduais com o clube (1977 e 1979).
"Depois do jogo, quando abri o Twitter, vi que tinha uma postagem de uma torcida do Grêmio que falava que o meu avô havia sido campeão e 39 anos depois a neta dele viria a ser campeã gaúcha também... Foi muito emocionante ler isso. Me arrepiei!".
Ídolo
Como não poderia ser diferente, Ancheta é o grande ídolo da Rafaela e sua inspiração de vida. "Um dos meus maiores ídolos é meu avô, por tudo que ele conquistou e jogou. Por sua história no Grêmio e na seleção uruguaia... Além disso, ele é meu exemplo fora de campo também, com seu caráter e humildade”, diz a jogadora.
Aos 21 anos, Rafa, mesmo tendo pouco tempo de atleta, já passou por situação difíceis na carreira. Aos 6 anos, começou a jogar futebol em escolinhas para meninos. Só aos 12 anos é que ela conseguiu uma escolinha para meninas, no Sesi de São Leopoldo, cidade em que morava no Rio Grande do Sul.
Com o futebol, Rafaela conseguiu bolsa de estudo no ensino médio e tudo ia bem até que aos 15 anos ela sofreu uma ruptura dos ligamentos do tornozelo esquerdo, tendo de parar com o futebol.
"Depois da lesão, me dediquei aos estudos. Comecei a trabalhar em um órgão público e praticamente exclui o futebol da minha vida por três anos", revela a campeã gaúcha.
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Mas, em 2016, a história mudou novamente. Rafa recebeu um convite para participar de um time sub-20 do Canoas, e o sonho de virar jogadora reapareceu.
"Quando joguei o campeonato, pensei: Meu Deus! É isso que eu quero fazer! Eu preciso voltar! Decidi largar tudo. Terminei meu curso técnico (contabilidade), pedi demissão e me dediquei somente ao futebol. Em 2017, surgiu o convite para jogar no Grêmio e estou até hoje", relembra.
Canhota, dentro das quatro linhas, Rafaela é uma jogadora versátil e atua como zagueira, lateral-esquerda ou volante. Mas o que ela gosta mesmo é da posição que consagrou Ancheta, seu avô.
"Minha consciência tática faz com que eu possa ser utilizada em mais posições. Mas eu prefiro jogar de zagueira, porque tem uma visão mais aberta do campo”, explica Rafa.
Ano inesquecível
A temporada de 2018 foi especial na vida de Rafaela. Além do título do Gauchão, ela foi convocada pela primeira vez na carreira para a seleção do Uruguai. Disputou dois amistosos contra a Argentina.
Rafa nasceu no Brasil, mas defende a camisa Celeste do avô. Os jogos foram no começo de outubro e ficaram marcados na história do futebol uruguaio, já que pela primeira vez o Uruguai venceu a seleção principal da Argentina no futebol feminino.
Agora é continuar o caminho que voltou a ser traçado há dois anos. "A gente sonha em poder viver do futebol. Neste ano. a profissionalização do futebol feminino do Grêmio foi uma conquista e um sonho realizado. Ser campeã e convocada para vestir a Celeste foram sonhos que tinha desde pequena. Quero continuar minha carreira e conquistar mais e mais pela frente!”, conta Rafaela.
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