José Maria Marín morre aos 93 com legado marcado por política, futebol e escândalos
Nascido em 6 de maio de 1932, ex-cartola foi preso durante o escândalo conhecido como ‘Fifagate’
Futebol|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

O ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marín, morreu na manhã deste domingo (20), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP). A causa da morte não havia sido divulgada até a publicação desta reportagem.
O corpo do ex-cartola será velado na tarde de hoje, na capital paulista. Ao longo dos anos, Marín construiu uma carreira que uniu política e futebol, como no caso que ficou conhecido como “Fifagate” e no episódio da medalha.
Filho de um imigrante espanhol, Joaquín Marín y Umañes, ele se aproximou do futebol ainda jovem. A remuneração como jogador mediano lhe permitiu custear os estudos em Direito. Marín ficou conhecido como ponta-direita do São Paulo FC, clube do qual também se tornou torcedor.
Atuou ainda por um time amador no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, o que lhe rendeu popularidade suficiente para se eleger vereador pelo PRP (Partido de Representação Popular), o mesmo do integralista Plínio Salgado. Foi o início de uma trajetória marcada pela visibilidade, que transformou Marín em uma figura contestada até seus últimos dias — tanto na política quanto no futebol.
Carreira
Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), em 1955, Marín ocupou diversos cargos públicos ao longo da vida: foi vereador, deputado estadual, vice-governador e, entre 1982 e 1983, governador de São Paulo.

No mesmo período, presidiu a Federação Paulista de Futebol até 1988 e chefiou a delegação brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México. Na ocasião, a seleção, comandada por Telê Santana, foi eliminada nas quartas de final, nos pênaltis, após empate contra a França.

Marín tornou-se vice-presidente da CBF pela região Sudeste e assumiu a presidência da entidade em 2012, após a renúncia de Ricardo Teixeira, que alegou problemas de saúde. Permaneceu no cargo até 2015. Também presidiu o COL (Comitê Organizador Local da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014) a partir de março de 2012.
Prisão
Logo após encerrar seu mandato como presidente da CBF, Marín foi preso na Suíça em 27 de maio de 2015, junto com outros seis dirigentes da FIFA, na véspera de um congresso da entidade. A operação foi coordenada pelas autoridades dos Estados Unidos.
Ele foi acusado de participar de um esquema que movimentou cerca de US$ 150 milhões em propinas, ao longo de mais de duas décadas, em negociações de direitos de transmissão e contratos de marketing de competições na América Latina.
Extraditado para os Estados Unidos seis meses depois, Marín ficou em prisão domiciliar até ser julgado e condenado a quatro anos de prisão. Em seguida, foi transferido para um presídio para cumprir a pena.

Medalha da Copinha
Outro episódio marcante envolvendo Marin ocorreu em janeiro de 2012, durante a cerimônia de premiação do Corinthians na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha. O ex-cartola foi flagrado colocando no bolso uma medalha que seria destinada aos jogadores.
Na ocasião, a Federação Paulista de Futebol alegou que a medalha havia sido reservada a Marin. Ainda assim, um dos atletas ficou sem receber a condecoração no momento da entrega.
Nota da CBF
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta o falecimento de José Maria Marín, ocorrido na madrugada deste domingo (20), em São Paulo, aos 93 anos. Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês e será velado nesta tarde, na capital paulista.
Nascido em 6 de maio de 1932, José Maria Marín foi presidente da CBF entre 12 de março de 2012 e 16 de abril de 2015.
Antes de assumir a presidência da entidade, o paulistano construiu carreira na política paulista, tendo sido vereador e deputado estadual nas décadas de 1960 e 70. Foi vice-governador de São Paulo de 1979 a 1982 e governador entre 1982 e 1983. De 1982 a 1988, foi o mandatário da Federação Paulista de Futebol e chefiou a delegação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México."
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