Hoje no 'topo', goleiro do Peru já foi injustiçado por técnico no México
Pedro Gallese, que falhou no primeiro jogo contra o Brasil, atuou por alguns anos no Veracruz, onde foi companheiro do zagueiro brasileiro Fabrício
Futebol|Felippe Scozzafave, do R7

Eram 48 minutos do segundo tempo. O Brasil já vencia o Peru por 5 a 0 e a seleção alvirrubra passava a depender de outros resultados para seguir com chances de classificação na Copa América. E parece que aquele momento "mudou a chavinha" da equipe comandada por Ricardo Gareca.
Tudo isso graças ao goleiro Pedro Gallese, que após falhar feio no segundo gol brasileiro naquele jogo do dia 22 de junho, quando errou ao fazer uma reposição de bola e, na sequência, tomou um gol "humilhante" de Roberto Firmino, que olhou para um lado e chutou para o outro. Porém, já nos acréscimos da partida, o arqueiro peruano defendeu um pênalti de Gabriel Jesus e tudo mudou.
O Peru "deu sorte" e conseguiu a classificação à segunda fase da Copa América graças ao empate entre Japão e Equador e, depois disso, fez história. Eliminou o Uruguai nas quartas de final na disputa por pênaltis, quando Gallese pegou a cobrança do astro Luis Suárez e, depois, venceu o Chile por 3 a 0, com mais uma grande atuação de seu goleiro, eleito melhor em campo da partida em Porto Alegre, novamente defendendo uma cobrança de pênalti.
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E o bom momento do atleta não chega a ser uma novidade para o zagueiro Fabrício, com passagens por Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro e Vasco e que lembra com muito carinho os tempos que atuou ao lado de Gallese no Veracruz, do México: "Foi um dos caras que mais me ajudou no começo. Me identifique muito com ele. Pelo fato de ser estrangeiro também, tudo que ele fez para construir a vida dele por lá, eu teria que fazer as mesmas. Ele se propôs a me ajudar e me deu várias dicas. Todo mundo no time gostava muito dele. Ele passou um momento difícil por causa da infelicidade que teve contra o Brasil, mas superou. É um cara merecedor do que está acontecendo agora. Ele tem muito caráter."
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Atualmente com 29 anos, Gallese é considerado um grande ídolo no Peru. Goleiro com mais partidas pela seleção em toda a história, ele foi revelado pela Universidad San Martín em 2007. Depois de um empréstimo para adquirir experiência, conseguiu uma oportunidade em seu clube de origem apenas em 2012. Cerca de dois anos depois, já passou a receber chances na seleção peruana.
Em 2015, se transferiu para o Juan Aurich e já era considerado titular absoluto no Peru, ajudando sua equipe a chegar à semifinal da Copa América. No ano seguinte, foi vendido ao Veracruz, onde continuou sua ascensão. No ano de 2018, Gallese disputou sua primeira Copa do Mundo na carreira, depois de ajudar sua seleção a voltar a um Mundial depois de 36 anos.
Injustiça no México
E foi pouco depois disso que ele decidiu retornar ao seu país. Isso porque perdeu espaço no time titular do Veracruz para Sebastián Jurado, considerado uma joia do futebol mexicano e preferido do técnico Robert Siboldi, que assumiu a equipe em dezembro. Segundo seu ex-companheiro, a troca no gol não teve uma explicação por parte do comandante, mas mostrou o quanto o peruano é um jogador "diferente".
"Teve uma troca de treinador e o novo técnico tentou afastar ele. O presidente não deixou, mas esse técnico não quis utilizar ele de jeito nenhum. Ficou treinando em separado. Mas mostrou ser um cara muito forte. Ficou nessa situação e em nenhum momento deixou de treinar. Muito dedicado, que em nenhum momento fez cara feia. Respeitava todo mundo. E isso é atitude para poucos no futebol", disse.
Gallese então conseguiu um empréstimo para o Alianza Lima, uma das equipes mais tradicionais do Peru, onde teria chance de jogar e ficar mais perto do técnico da seleção Ricardo Gareca, pensando em não perder espaço no time nacional.
E a estratégia deu certo. Depois de disputar e ser eliminado ainda na primeira fase da Libertadores da América, com direito a dois confronto com o Internacional, Gallese convenceu o comandante que deveria seguir fazendo história na seleção.
Porém, segundo Fabrício, o "encantamento" de Gallese já tem data para acabar. Será no domingo, dia em que o Peru encara o Brasil na decisão do torneio continental. "Eu tenho certeza que ele vai agarrar bem, mas acho que o Peru não tem nenhuma chance contra o Brasil. Isso meio que ficou comprovado no primeiro jogo entre eles. Acho que o fato de ser final muda bastante a cara da partida. Não vai ser como o primeiro, mas mesmo assim, acredito que o Brasil não tenha dificuldades de ganhar não", opinou.
'Passamos o Réveillon juntos'
E o zagueiro, atualmente com 29 anos e sem clube depois de conseguir a rescisão contratual com o Veracruz por meio da Justiça, após ficar três meses sem receber salários, relembra que ficou tão próximo do goleiro que eles até passaram o ano novo juntos.

"Me apresentei ao clube no dia 17 de dezembro. Lá não é que nem aqui e não tem muita festa na virada do ano. Então a gente foi treinar no dia 31 de dezembro e eu marquei de passar a virada em um restaurante de lá. Por coincidência, ele estava lá jantando com a família dele. Foi bem legal", recordou.
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