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BRASILEIRO 2022

Diário de bordo: fãs sofrem com falta de ar e arrependimento bate

No quarto dia de viagem, torcedores que enfrentaram viagem de ônibus para ver a final do Flamengo quase desmaiaram devido aos efeitos da altitude

Futebol|Raian Cardoso, da Record TV

Paradas eram sinônimo de comida para fãs do Fla
Paradas eram sinônimo de comida para fãs do Fla

Nesta sexta-feira (6), você acompanha os detalhes do quarto dia de viagem de ônibus de torcedores do Flamengo entre o Rio de Janeiro e Lima, no Peru.

Antes do 2 a 1 do Rubro-Negro contra o River Plate, o repórter Raian Cardoso, da Record TV, enfrentou, ao lado de cerca de 40 fãs do Flamengo, uma peregrinação até a capital peruana.

Sem lugar para parar e dormir, o motorista precisou improvisar e parou no meio do deserto para pernoitar. Detalhe: fazia -2ºC. Foi aí que bateu o arrependimento entre os torcedores.

4º dia de viagem


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O dia começou com a esperança de passar logo por essa altitude, afinal, estávamos na Cordilheira dos Andes. Não aguentávamos mais a pressão na cabeça, a falta de ar e a tontura. Foi quando o motorista, às 6h, ligou o ônibus e partiu novamente para a fronteira com o Chile. Assustados com o terror da noite anterior, partimos.

Todos os problemas foram deixados momentaneamente de lado por conta da admiração pela paisagem. Fomos nos recompondo aos poucos até a chegada na fronteira. Chegando lá, tivemos que esperar, pois havia cinco ônibus em nossa frente.


Arrependida, parte dos fãs comprou volta de avião
Arrependida, parte dos fãs comprou volta de avião

Os torcedores não resistiram e desceram do ônibus. Queriam registrar a passagem pelo deserto. As fotos com a camisa e bandeira do Flamengo no meio do deserto, no meio do nada, ficaram lindas. Quando eu vi, entendi o porquê de eles terem descido.

Mesmo com medo de passar mal por conta da altitude, também criei coragem e desci. Você fica ofegante e cansa rápido, mas valeu a pena. No deserto, encontramos com centenas de torcedores do River Plate, mas o clima não passou de provocações. Foi legal, alguns até chegaram para tirarem fotos conosco.


Esquecemos todas as adversidades e gravei ali mesmo com os torcedores. Eles só não podiam gritar muito, pois o ar ia embora rápido. Era como se tivéssemos corrido uma maratona. "Nunca mais vou criticar esses jogadores que jogam na altitude", disse um fã que estava no ônibus. Reflexão sábia, pois sentimos na pele.

Mais uma fronteira

Chegou a nossa vez com os policiais da fronteira. Um por um, saímos da Argentina e entramos no Chile. Dessa vez não tivemos baixas, todos passamos. A alegria era notória no rosto dos torcedores.

Após a liberação, os torcedores gritavam com o motorista para sair logo, afinal, o esforço de carregar as malas em pleno deserto nos deixou sem fôlego nenhum. Três torcedores quase desmaiaram.

Será que havia acabado? Pura ilusão. O motorista nos avisa que ainda subiríamos mais 1.200 metros de altitude. Era notória a sensação de medo, frustração. Todos queriam que aquilo passasse rápido. Alguns torcedores se mostraram muito arrependidos de terem vindo nessa viagem de ônibus, porém, disseram que o título da Libertadores faria esquecerem de tudo.

Após o aviso do motorista, o silêncio dominou o ônibus. Só se ouvia o som de câmeras de celulares fotografando a paisagem, que era linda. Assustadora, na verdade, porém muito bonita.

The Rock e Denzel Washington

Após 3h andando direto, o abatimento e cansaço tomaram conta dos torcedores. Não ouço mais nenhum ruído de conversa, apenas olhares vazios em meio ao deserto. Só quem brinca nesse momento são os dois seguranças que nos acompanham — esses são um assunto à parte.

The Rock e Denzel Washington, assim ficaram conhecidos os seguranças que nos acompanharam. Logo no primeiro dia, ganharam esses apelidos. Duas figuras. Para eles tudo está bom. Eles jamais tinham saído do Brasil. Fotografam tudo, até um casal de lhama que vimos. Segundo os seguranças, eram ovelhas.

Chamo atenção para o "The Rock". Divertiu muito os torcedores, que tiravam sarro de suas histórias e gargalhavam com seus causos. Além de divertir, nos ajudou muito com os contratempos.

Conseguimos parar na cidade de Paso Jama, no Chile. Sempre que parávamos, havia uma busca por alimentação. E encontramos. O moral dos torcedores foi erguido. A alegria era notória de poderem comer comida, mesmo que não fosse a refeição ideal.

O clima no ônibus melhorou. Após o almoço os bate-papos fluíram com mais intensidade e até cânticos de apoio ao Flamengo foram entoados, coisa que não acontecia desde a Argentina.

A parada seguinte ocorreu em uma loja de conveniência de um posto de gasolina. Perto do caixa eletrônico, vi um alvoroço de alguns torcedores. Me aproximei e descobri que cerca de 15 torcedores se articulavam para comprar passagem de avião de volta. Parece que a viagem é bem mais cansativa do que eles pensavam.

No posto, tinha um local para tomar banho. Aproveitamos, claro! Era tudo que precisávamos naquele momento para esquecer o que tínhamos passado até ali. Voltamos revigorados. Até o cheiro no ônibus melhorou. Grande parte já estava há três dias sem banho.

Com medo de perder alguma cena, conversa, caso interessante, sempre sou o último a dormir. Dessa vez acho que já deu. O cansaço bate forte. Vou para a quarta noite dentro do ônibus. As costas e os pés já dão sinais de fragilidade. As dores chegaram.

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