O que mudaria a presença de um psicólogo na campanha do Brasil nesta Copa do Mundo?
Entre as críticas ao treinador, a falta de um profissional capacitado para auxiliar a delegação foi um dos principais pontos levantados
Copa do Mundo|Do R7
Assim como em 2018, o agora ex-técnico da seleção brasileira Tite optou por não levar um psicólogo para a Copa do Mundo do Catar. Perguntado antes e durante a competição sobre a ausência de um profissional dessa área, o ex-treinador do Brasil argumentava que o Mundial era muito curto para os jogadores criarem um vínculo que permitisse com que eles "abrissem o coração".
Depois de mais um fracasso, dessa vez para a Croácia, nos pênaltis, o assunto voltou à tona. Nas redes sociais, entre as várias críticas a Tite, uma das principais foi justamente sobre a falta de um profissional que pudesse auxiliar os jogadores em momentos de extrema pressão, como é uma Copa do Mundo.
Para o Dr. João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte, em entrevista a Betway, “a cultura dos treinadores brasileiros ainda é refratária às questões psicológicas”.
"As categorias de base da seleção têm trabalho psicológico, mas por algum motivo interno na CBF, a principal não tem. O Tite normalmente fala que é por causa de tempo. Talvez ele não conheça o modelo de grandes seleções”, emenda o professor.
Na ausência de um profissional capacitado, Tite tomou a frente do emocional dos atletas, nas palavras do próprio ex-treinador. Além disso, a CBF espalhou frases como “Mentalmente fortes” e “Aproveitem o momento de confiança” no Centro se Treinamento do Brasil no Catar. Na sala de musculação, estavam estampadas palavras como coragem, equilíbrio, força e determinação.
A estratégia, porém, não empolga o especialista: “Isso é a velha guarda do futebol brasileiro. É impessoal. Às vezes o atleta não está em um bom dia, ou está convivendo com uma pressão que precisa de um trabalho diferente de uma simples conversa com o treinador".
O que poderia ter sido diferente
Para exemplificar como poderia ter sido caso houvesse um psicólogo acompanhando a seleção, o Dr. João Ricardo Cozac traz para a realidade o caso de Gabriel Jesus, e a pressão que o próprio atacante disse ter sentido por não ter marcado nenhum gol na Copa da Rússia.
"Se o psicólogo, ao conversar com o Gabriel Jesus, percebe que essa é uma questão que envolve o que chamamos de emoções paralelas, que acabam desembocando em uma auto cobrança para fazer o gol, e se ele percebe também que tem conexão com outros momentos da vida dele, um enraizamento mais profundo, é fundamental o atleta seja encaminhado para um trabalho especial, mesmo que seja uma psicoterapia breve em oito ou dez sessões”, explica.
Se o destino da seleção brasileira no Catar seria diferente, não se sabe. Na opinião do profissional, a presença de um psicólogo "não garante a vitória". No entanto, a ausência desse tipo de trabalho "pode ser determinante para a derrota". E, aparentemente, foi.
Veja a entrevista completa com o Dr. João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte:
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