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BRASILEIRO 2022

‘Chegamos para quebrar a regra’, diz Chris Lima, voz do estádio do Corinthians há 11 anos

Locutora fala sobre desafios na carreira, crescimento do público feminino nos estádios e final do Brasileirão neste domingo (14)

Futebol|Carol Malheiro*, do R7

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Chris Lima é a locutora da Arena Corinthians desde 2014, a única mulher entre 18 participantes no teste.
  • Sua carreira começou sem referências femininas, mas ela recebeu apoio ao se tornar a voz do novo estádio.
  • Com um estilo jovial, Chris busca trazer leveza à locução e destaca a importância da presença feminina nos estádios.
  • Ela se emociona com a popularidade do futebol feminino e sonha em narrar uma Libertadores no Brasil.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Chris Lima é a voz da Arena Corinthians desde 2014 Reprodução/@chrislimacl

O torcedor do Corinthians já está acostumado a ter uma voz feminina no comando da casa alvinegra. Chris Lima é a locutora responsável por narrar, comentar e informar tudo que acontece durante uma partida do Timão na Neo Química Arena desde 2014. Há dois anos também se tornou a voz oficial do Estádio Alfredo Schürig, a Fazendinha.

Mas a locução nem sempre foi a carreira dos sonhos de Chris, que quando começou não tinha referências de outras figuras femininas na área. Aos 28 anos, ela fez o teste para ser a voz da Arena sem pretensões. Entre os 18 participantes, ela era a única mulher e recebeu a confiança para tocar o projeto do novo estádio.

“Naquela época, você via pouquíssimas mulheres no meio. E essa função de locutora de estádio, realmente, eu não tinha nenhuma referência feminina. Fiz o teste sem saber o que ia acontecer. Demorou três meses para eles me darem uma resposta. E como era uma arena nova, eles deram esse voto de confiança a mim. Eu jamais poderia imaginar que eu teria essa oportunidade”, afirmou Chris Lima, em entrevista ao R7.

No dia 7 de novembro, em um empate contra o Coritiba pelo Brasileirão, a locutora fez a estreia. Contudo, bem antes dessa data, Chris já tinha uma longa história com o Corinthians, tanto como torcedora, quanto como comunicadora. Formada em rádio e TV, a narradora trabalhou na Rádio Coringão como repórter de campo por dois anos.


Com um estilo de locução mais jovial e mais próximo do público presente no estádio, ela se tornou uma inspiração, principalmente, para as meninas que acompanhadas das famílias começaram a ir ao estádio em Itaquera com mais frequência nos últimos anos. Porém, Chris também tem de lidar com as críticas de torcedores.

“Tenho um carinho enorme pela grande maioria, o feedback que eu tenho é muito positivo. É claro que tem os haters e sempre vai ter. Eles dizem que isso [narração feminina] não combina, que a voz do Pacaembu era melhor. O Edson Sorriso incrível, marcou, fez história, mas o novo chega. O novo vem, vem outras pessoas, vem mulheres e agora chegou a nossa vez de mostrar o nosso potencial, não só como torcedora, mas como profissional também”, falou a locutora.


Uma das mulheres pioneiras como locutora, Chris Lima não é a única e vê de perto o crescimento de vozes femininas nos estádios de futebol. Juntas, as narradoras criaram uma comunidade que se ajuda diante dos desafios da profissão.

“Uma vai se apoiando na outra. Quando comecei, fui uma das pioneiras na locução de estádio, mas hoje em dia, somos muitas. Tem a Fernanda, do Botafogo; a Carlinha, do Ceará; a Carla Matera, do Fluminense; a Pollyanna Andrade, do Mineirão, que está lá há quase 20 anos; a Luísa do Grêmio também... A gente tem um grupo no WhatsApp. A gente se respeita enquanto profissionais”, disse Chris.


Veja outros trechos da entrevista:

R7 - Você acredita que a locução de mulheres no estádio foi responsável pelo aumento do público feminino?

Chris Lima - Acredito que sim. Nesse tempo que eu estou, tem muitas crianças, homens e mulheres... Mas muitas meninas me veem com uma inspiração. Já falaram que queriam fazer aulas para serem locutora também. E isso que é o estádio, porque elas não me conhecem só de rede social, elas foram ao estádio com os pais, com a família, e me escutaram lá.

O número de torcedoras mulheres aumentou mais ainda por conta das Brabas. Foi uma união ali no Corinthians. Eu também fui convidada para ser voz da Fazendinha nos jogos do feminino no início, mas, hoje, faço todos os jogos de base, e do masculino também. Então, eu vou ver o jogo das Brabas porque é legal, é mais tranquilo. Acaba trazendo um certo conforto do feminino, não só da voz no estádio, mas traz esse acolhimento.

R7 - O Corinthians deve bater recorde de público do futebol feminino na final do Brasileirão Feminino, como está a sua expectativa para participar desse jogo?

Chris Lima - Sempre vou enaltecer as Brabas, porque é infinitamente marcante você ver um time do tamanho do Corinthians e anunciar para o maior público em estádio de jogos femininos da América do Sul. É incrível poder participar desse momento e ver que o futebol feminino está ali jogando com estádio lotado, mais de 40 mil pessoas. E na final do Brasileirão feminino agora, dia 14, é uma expectativa enorme poder bater esses recordes novamente. Esses momentos do futebol feminino são os mais impactantes da minha carreira.

Locutora também tem experiência na reportagem de campo Reprodução/@chrislimacl

R7- Como você concilia a emoção de ser torcedora com a locução no estádio?

Chris Lima - Antes, a locução de estádio era bem padrão. A gente chegou para quebrar essa regra e trazer leveza. Sou torcedora no microfone também, mas ao ponto de entender que eu não também não posso ultrapassar a torcida. A locução do estádio também faz parte desse evento esportivo. Porque, antigamente, não tinha nenhuma interação com isso, era só partida e acabou. Os anos 1990 fora ótimos, só que as pessoas novas chegam. Então, novos modelos se criam.

R7 - Como é a preparação antes do início de uma partida?

Chris Lima - Eu sempre chego pelo menos duas horas antes do jogo para me preparar. Dar uma lida no roteiro, entender quais vão ser as ações de marketing do dia, estudar o time adversário também. Mesmo que eu não anuncie os gols do time adversário, eu tenho que passar informações de substituição e até mesmo a escalação do outro time. Sempre pego para entender se vai ter alguma pegadinha, se tem algum nome que eu não conheço. Confesso que eu queria fazer mais preparos vocais, mas com a correria, acabo dando uma aquecidinha de leve.

R7 - Qual competição você ainda tem o sonho de participar?

Chris Lima - Algo que eu queria, não só pelo Corinthians, como pelo futebol feminino no geral, é ver a Libertadores aqui no Brasil. Hoje, só existe uma cidade sede para a competição. Diferente do masculino, que são meses disputados entre jogos de ida e de volta. Eu gostaria muito de que a sede fosse aqui em São Paulo e eu pudesse gritar “é campeã” para as Brabas na Libertadores aqui no Brasil. Seja na Neo Química Arena, no Pacaembu também, eu sempre acompanho as meninas.

*Sob supervisão de Camila Juliotti

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