Caso Daniel: por R$ 70 mil, bilhetes ofereciam fuga a assassino confesso
Claudio Dalledone, advogado de defesa do réu, afirma que Edison Brittes nem teve acesso às mensagens e que elas foram vazadas para prejudicar cliente
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
O advogado Cláudio Dalledone, que defende o empresário Edison Brittes, réu confesso do assassinato do jogador Daniel, em outubro do ano passado, afirmou que os bilhetes recolhidos por funcionários do Depen (Departamento Penitenciário) nem chegaram às mãos de Brittes.
Leia mais: Testemunha confirma em juízo que Brittes e mais 3 espancaram Daniel
Segundo Dalledone, enquanto o acusado participava de audiências, durante três dias seguidos, uma série de bilhetes se acumulou na cela de Brittes, para a qual ele só voltava para dormir.
Leia também
Investigador diz que Daniel estava vivo quando teve pênis decepado
Caso Daniel: primeira fase de depoimentos termina nesta quarta
Testemunha diz ter ouvido Cristiana Brittes: 'Não deixe matar em casa'
Principal testemunha da morte de Daniel quer processar Edison Brittes
COSME RÍMOLI: 'Quero olhar nos olhos de quem matou meu filho', diz mãe de Daniel
Proposta financeira
Entre as mensagens, Dalledone confirma que havia propostas de fuga de Brittes, em troca de R$ 70 mil. Para uma fuga de Cristiana e Allana, esposa e filha do réu, respectivamente, os valores propostos chegavam a R$ 300 mil, segundo ele.
"Entre as mensagens que chamaram a atenção da segurança, que recolhia o material, estavam propostas de fuga do Edison em troca de pagamento de R$ 70 mil. Também havia proposta de fuga para a Alana e a Cristiana, em troca de 200 mil. Mas essas mensagens não merecem crédito. O Edison nem teve acesso a elas. As propostas vieram de um estelionatário lá de dentro da prisão. Nem havia como isso ser realizado. É algo absurdo."
Transferência de Brittes
Por causa dos bilhetes, o empresário foi transferido na sexta-feira (8) da Casa de Custódia de São José dos Pinhais (PR) para a Casa de Custódia de Curitiba (PR). Isso ocorreu após ele permanecer em isolamento disciplinar por dez dias.
Em depoimento ao Conselho Comunitário, Brittes negou haver plano de fuga e disse não ter responsabilidade sobre o teor dos bilhetes. Dalledone afirma que a informação foi vazada para prejudicar seu cliente.
"Isso gerou um tumulto na casa de detenção e provocou a transferência dele. Mas nunca houve plano de fuga."
Veja mais: Traição, sexo e assassinato: 2 meses depois, veja como está o Caso Daniel
Depoimentos
Nos próximos dias 1, 2 e 3 de abril, o processo terá continuidade com o depoimento das testemunhas de defesa dos acusados. Dalledone afirmou ainda que não desistirá de buscar um habeas corpus para Cristiana e Allana.
Para isso, vai recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF (Supremo Tribunal Federal), já que, no último dia 28, o pedido foi negado pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná.
Em relação a Brittes, ele revelou que ainda não pedirá liberdade condicional do acusado.
"Estamos aguardando as próximas etapas. Por ora não vou pedir a liberdade do Edison. Há teses jurídicas que podem compreender a isenção total de pena. Mas não vou dizer qual caminho vamos tomar em relação à tese jurídica a ser sustentada no Tribunal de Justiça."
Veja mais: Mãe de acusado da morte de Daniel pede perdão à família do jogador
Relembre fatos sobre o assassinato do jogador Daniel em 20 imagens