Destaque e um dos artilheiros do Vasco com três gols neste início de temporada, o atacante Raniel, 25 anos, deu uma entrevista emocionante para o site The players Tribune, que tem como especialidade contar a vida dos atletas. O camisa 9 falou sobre sua infância difícil, consumo de drogas, vício em álcool, quase morte do filho e a Covid-19.
Ainda criança, depois da morte de seu pai, Raniel foi deixado pela mãe aos cuidados da vizinha, por não ter condições de criá-lo.
“Ela me acolheu mesmo já tendo três filhos pra alimentar e muitas dificuldades financeiras. E aqui eu queria falar de um sentimento que ficou marcado em mim desde então: existe gente sacana e insensível em toda parte e em todas as classes sociais, mas a solidariedade do povo pobre do Brasil não tem igual. A Dione se tornou a minha mãe adotiva sem questionar, sem pensar se daria conta, sem temer”, afirmou o atleta.
'Até vender drogas eu vendi'
O início da carreira do atacante começou no Santa Cruz, onde subiu para o profissional. Porém, foi nessa época também que se afundou no vício em bebida e drogas.
“Com 14 anos eu comecei a beber. Depois, a me drogar. E até vender drogas eu vendi. É doído demais lembrar disso, parece que estou jogando sal numa queimadura de água-viva. Eu era só uma criança e acabei cedendo àquele mundo perigoso que me cercava”, relatou.
Em 2017, o Cruzeiro fez uma proposta pelo jogador. Raniel, ficou em Belo Horizonte até meados de 2019, quando foi negociado com o São Paulo em meio às dificuldades financeiras do clube. No time mineiro, o camisa 9 ganhou duas Copas do Brasil e dois estaduais.
“Por isso, além do Santa, também sou muito grato ao Cruzeiro. Quantos clubes acreditariam num jogador com histórico de alcoolismo, drogas, pego no antidoping e tudo?” questionou.
Recaída: 'Bebia até cair e bebia mais um pouco deitado'
A decisão de parar de beber veio depois de duas grandes dificuldades que o jogador sofreu em 2020: a quase perda do filho Felipe, e a trombose aguda em estágio avançado. Emocionado, Raniel contou sobre quando seu filho Felipe, aos 9 meses, se afogou na piscina de casa e teve 40 minutos de parada cardíaca.
A criança se recuperou, mas precisou ficar dias internado durante 23 dias na UTI. Nesse período, a pandemia apresentava seus maiores números e os jogos estavam suspensos. Foi então que Raniel voltou a beber.
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"Voltei a beber e não foi pouco. Era o auge da pandemia e os jogos estavam suspensos, os estádios fechados. Eu tive uma recaída. Eu me afundei. Bebia, bebia, bebia até cair e bebia mais um pouco deitado. Só parava depois de desmaiar. Eu queria me destruir. Eu via que a qualquer momento algo grave ia acontecer comigo. E eu desejava que acontecesse, porque aquele abismo em que eu caí depois do antidoping no Santa Cruz ficou rasinho perto desse", revelou.
Após o susto com o filho, Raniel teve uma trombose aguda, sequela da Covid-19, em estágio avançado, o que por pouco não acabou com sua carreira.
“Me agarrei a uma esperança meio capenga: ‘Bom, já voltei tantas vezes do precipício, por que não mais uma?’. Era verdade. Eu tinha voltado do abandono, das drogas, do tráfico, do doping, do acidente do meu filho, do alcoolismo, da Covid, da trombose, do risco de perder a perna… Até que eu me lembrei da maior esperança, a maior inspiração que eu poderia ter, e pensei: ‘Se meu filho voltou, eu posso voltar também'."
Recomeço
A história de superação está marcada no rosto do jogador, abaixo do olho esquerdo, com a tatuagem 07-12-20, data em que ele parou de beber.
Neste ano, Raniel recebeu uma ligação do técnico Zé Ricardo, convidando-o a ir para o Vasco. “Eu entendi que passei por tudo o que passei para estar vivo neste dia, nesta hora, neste ano, em São Januário. É aqui que vai acontecer mais uma volta pra mim. E com ela eu espero contribuir com a volta do Vasco também. Eu passei pelo que passei para ser quem eu sou hoje. E agora o Vasco faz parte de mim”, disse Raniel.
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Herdeiro do trono da Arábia Saudita, o príncipe Mohammed Bin Salman também foi convidado e confirmou a viagem até Londres, para o funeral. Considerado um pária, o saudita é acusado de mandar matar um jornalista que era crítico ao governo do país, em 2018, na embaixada da Arábia Saudita na Turquia