Abel está há mais de dois anos no comando do Palmeiras
ETTORE CHIEREGUINI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO - 20.04.2023A troca intensa de técnicos, algo rotineiro no futebol brasileiro, é culpa, em parte, da imprensa, na avaliação de Abel Ferreira. O comandante do Palmeiras afirmou que, no geral, os treinadores não têm tempo nem paz para trabalhar porque os jornalistas "metem pressão" nos dirigentes, o que resulta em um ciclo interminável de demissões.
"Alguém perguntou ao [Fernando] Lázaro se tinha tempo para treinar, para recuperar os jogadores?", questionou o técnico do Palmeiras depois da vitória de sua equipe sobre o Cerro Porteño, por 2 a 1, no Morumbi.
As críticas do português para explicar a alta rotatividade de técnicos no país foram feitas no dia em que o Corinthians e o São Paulo confirmaram novos comandantes em substituição aos antigos. Rogério Ceni foi demitido na quarta e deu lugar a Dorival Júnior. Já Cuca foi o escolhido para a vaga de Fernando Lázaro, que voltou a ser auxiliar.
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"Os técnicos são bons, mas são despedidos. Quando alguém é despedido, ninguém quer saber. Vocês [jornalistas] metem pressão na diretoria. Quem despede os treinadores primeiro são vocês", disparou Abel, o treinador mais longevo da Série A. São dois anos e cinco meses à frente do Palmeiras, pelo qual já ganhou oito taças.
Com Ceni, Lázaro e os portugueses Vítor Pereira e Antônio Oliveira, dispensados pelo Flamengo e pelo Coritiba, respectivamente, o Brasileirão bateu o recorde de troca de treinadores após a primeira rodada. "Nem o Guardiola quer vir ao Brasil", brincou, em tom crítico, o técnico palmeirense.
Ele expôs seu pensamento crítico quanto à dança das cadeiras no momento em que contestava outros problemas do futebol brasileiro: o calendário desgastante de jogos, com pouco tempo de descanso, o que provoca lesões em excesso, e o baixo nível técnico das partidas.
"Querem jogos intensos, qualidade jogo, que as equipes façam sete gols. O que peço é pelo menos três dias de descanso completo, mas não é assim que funciona aqui", constatou o português. "A gente não descansa. Temos sete jogadores lesionados. A gente vai, joga, dá o nosso melhor. Um jogo de cada vez."
É essa maratona que atrapalha o desempenho do Palmeiras, avaliou Abel. Seu time fez um primeiro tempo ruim, mas deslanchou no segundo e conseguiu a virada em cima do Cerro Porteño, que lhe garantiu a primeira vitória na Libertadores. "Vitória justa e difícil", opinou ele.
"As equipes, seja em que competição for, dão a vida contra o Palmeiras. E nós temos que estar preparados para isso. Para igualar a intensidade. Foi isso que aconteceu hoje", alertou o treinador.
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