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Mauro Galvão não perde a classe e ainda se vê ligado ao futebol

Ex-zagueiro de Inter, Vasco, Grêmio e seleção tinha a expressão da sua personalidade com a bola nos pés: 'o mais difícil é aceitar que não joga mais'

Fora de Jogo|Eugenio Goussinsky, do R7

Mauro Galvão diz estar aberto a novas oportunidades
Mauro Galvão diz estar aberto a novas oportunidades Mauro Galvão diz estar aberto a novas oportunidades

Já faz quase 20 anos que Mauro Galvão parou de jogar. Um tempo similar ao de carreira. Mas essa questão do tempo não importa tanto. O futebol ainda está dentro dele, como sempre esteve. Atuar como zagueiro clássico, sóbrio, era uma forma de expressão de sua própria personalidade.

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Ele mostrou isso ao responder às perguntas do R7 com o mesmo estilo que o tornou conhecido como - não é exagero - um dos maiores zagueiros de todos os tempos. Encarou uma série de perguntas com a mesma categoria e simplicidade com que encarava uma avalanche de atacantes. E soube "limpar a área" com tranquilidade.

Vasco foi um dos clubes de Galvão
Vasco foi um dos clubes de Galvão Vasco foi um dos clubes de Galvão

Já são quase 20 anos mas, neste sentido, para um ex-jogador de futebol, o fim da carreira não precisa ser um drama. E sim o início de algo novo. Foi assim que ele lidou com a distância dos holofotes.

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"Acho que o mais difícil é aceitar que você não joga mais, então superado isso você começa uma nova etapa. Ainda me vejo muito ligado ao futebol, mas curtindo mais coisas que não podia antes", afirmou o ex-zagueiro, que iniciou a carreira no Internacional (RS) aos 18 anos, de forma natural.

"Tive uma infância muito legal, bola de gude, pega pega e futebol...(risos). Gostava de jogar futebol e as coisas foram me levando para esse caminho", lembra ele, que nasceu em Porto Alegre, em 19 de dezembro de 1961.

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Entre 2003 e 2005, após encerrar a carreira de jogador, o ex-zagueiro teve experiências como técnico do Vasco, Botafogo e Náutico.

Mauro Galvão foi auxiliar pontual da seleção olímpica
Mauro Galvão foi auxiliar pontual da seleção olímpica Mauro Galvão foi auxiliar pontual da seleção olímpica

Depois, foi diretor do Grêmio, do Vitória e do Avaí, no profissional, e do Vasco, na base. Em 2016, foi auxiliar pontual da seleção olímpica, que ficou com o ouro na Olimpíada daquele ano.

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Neste momento, morando no Rio de Janeiro, ele não faz planos, mas está disposto a assumir novo desafio em um clube. De preferência atuando na gestão.

"Gosto mais hoje de trabalhar como gestor, onde tive experiências boas no Grêmio, Vitória, Avaí e Vasco na base, os outros no profissional. Procuro acompanhar o futebol, tenho minhas coisas para cuidar e aguardo algo que seja interessante", afirma.

Respeito profissional

Desde que Mauro Galvão parou, o futebol passou por muitas mudanças. O jogo ficou mais acelerado, o esporte se tornou ainda mais um negócio e as cifras cresceram. Ao falar sobre esse novo contexto, ele se mostra atualizado.

Mas não é daqueles que ficam lamentando, com frases do tipo "no meu tempo..." Uma ressalva que ele faz é em relação à omissão de alguns árbitros na questão da violência.

Muitas jogadas exageradamente bruscas têm se repetido, em função do aumento da velocidade e das exigências do jogo, sem quase nenhuma providência mais firme da arbitragem.

Neste sentido, Galvão considera que ela deveria agir com mais rigor. Mas, segundo ele, também cabe aos jogadores tomarem consciência.

"Acho que é importante que o árbitro proteja o jogador talentoso, e que o jogador respeite seu colega de trabalho", ressalta.

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A consciência poderia vir com mais estudo. Ele, que não conseguiu terminar o segundo grau enquanto não encerrou a carreira, soube compensar assimilando aprendizados em cada lugar que passou.

E não foram poucos. Depois do Inter-RS, defendeu o Bangu (1986-87); Botafogo (1987-90); Lugano, da Suíça (1990-96); Grêmio (1996-97); Vasco da Gama (1997-2000) e Grêmio (2001-02).

Disputou a Copa de 1990 pela seleção brasileira, tendo feito, no total, 26 jogos, pela equipe. Também foi titular da seleção olímpica que ganhou a medalha de Prata em 1984, cuja base era o próprio Internacional.

Na zaga, um de seus companheiros com maior sintonia foi Mauro Pastor, jogador também clássico que iniciou na Ferroviária. Atuaram juntos no Inter.

Versátil, Mauro Galvão mantinha a qualidade ao lado de zagueiros mais pesados, como Odvan. Também sabia jogar como volante e até como lateral-direito. Era o típico jogador que, segundo o velho clichê, parecia jogar de sapato social, terno e gravata.

Líder em conquistas inéditas

Ao encerrar a carreira, ele terminou o segundo grau, incentivado pela esposa, que é professora de Educação Física. Ele sabe, e lamenta, que muitas vezes é difícil para um jogador conciliar a carreira com os estudos.

"Sempre que der para conciliar, é importante manter o estudo", completa.

Mas para alguns jogadores, como Mauro Galvão, a própria experiência humana é uma forma de aprendizado. A personalidade dele o levou a liderar as equipes por onde passou, não de uma maneira truculenta, mas utilizando uma sabedoria inata.

Não foi coincidência, portanto, que ele era peça-chave em equipes que ganharam títulos históricos, como o Botafogo, saindo de uma fila de 21 anos, em 1989; o Vasco, em sua primeira conquista de Libertadores, em 1998, e a própria seleção brasileira, ao vencer uma Copa América após 40 anos.

Mauro Galvão sabe que sua presença em campo foi determinante para as conquistas. Principalmente por ser um líder que entendia a alma de seus companheiros.

"(Minha personalidade) Ajudou bastante, porque ,com o tempo, você vai vendo que não é só jogar, tem que ter um envolvimento de todos. Sempre respeitei meus companheiros", diz.

E para quem apostava que ele é gremista, antes de iniciar no Inter, ele despista.

"Até hoje falam que eu era gremista...na verdade ninguém sabe. Imagina lidar com isso com 11 anos, é difícil né, mas joguei até os 15 anos no Grêmio e depois fui para o Inter e, com 17 anos, tive o meu começo no profissional", conta, mostrando também ter sentido a pressão por causa desta rivalidade.

Que, no final das contas, tem um lado saudável para ele. Desde que não passe do ponto.

"Na dose certa, a rivalidade faz bem ao futebol", diz, com precisão, como se estivesse saindo jogando com a bola dominada.

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