Ex-craques da seleção falam sobre redução salarial: 'É hora de ajudar'
Clodoaldo, Oscar Bernardi e Gilmar Rinaldi nunca vivenciaram tal situação, mas consideram que o futebol vai mudar em termos de solidariedade
Fora de Jogo|Eugenio Goussinsky, do R7
Uns vivem da competição, do momento, das dificuldades e da consagração com a profissão. Outros vivem no silêncio das lembranças, de menos entrevistas e mais reflexões. Mas neste momento, a quarentena fez jogadores, em plena forma, e ex-jogadores, mais velhos, viverem uma mesma situação. Algo impensável até pouco tempo atrás.
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É neste contexto, em que a competição frenética do futebol entrou em um estado de dormência, que emergem algumas conclusões antes ofuscadas pelo frenesi do jogo. Todos podem vê-las, mas os mais experientes, aqueles que não recebiam tanto dinheiro como muitas estrelas de hoje, falam com ainda mais autoridade.
São os casos de três ídolos do futebol brasileiro, que jogaram pela seleção e marcaram época em suas equipes. Clodoaldo, Oscar Bernardi e Gilmar Rinaldi nunca vivenciaram tal situação, mas consideram que o futebol vai mudar a partir dela. E a solidariedade, segundo eles, florescerá.
A começar por uma necessária redução salarial dos que ganham mais, pelo menos por um tempo, em acordo com os próprios jogadores, segundo o ex-volante Clodoaldo, campeão mundial pela seleção brasileira em 1970.
"É preciso saber separar as situações, o nível salarial e as condições de cada jogador. Não dá para aplicar a mesma redução a todos, é preciso que seja conversado. Os jogadores precisam ser ouvidos. Poderia se estabelecer um critério justo no qual os jogadores mais bem remunerados, de nível AAA, cedessem mais, sem que os que recebam menos sejam tão prejudicados, porque poderiam até ter dificuldades para sobreviver", afirmou.
Gilmar Rinaldi, ex-goleiro que fez parte da seleção campeã mundial em 1994, também vê a necessidade de alguns setores mais favorecidos abrirem mão, temporariamente, de alguns rendimentos.
"Cada caso é um caso, depende de situações individuais. Mas todo mundo está no mesmo barco, não é hora de ser egoísta. É hora de ajudar. Todos terão algum prejuízo, faz parte. Os jogadores terão de fazer sua parte. Não tem como continuar tudo igual, quem não estiver percebendo isso não está neste universo. Todos vão perder e é preciso lidar com isso com bom senso", destacou.
Nova etapa
De qualquer maneira, Gilmar, que já foi coordenador técnico da seleção brasileira e empresário, tem uma certeza.
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"Não sei quando nem como isso irá terminar. Mas a certeza é a de que todos vamos sair diferentes disto. Por mais insenvível que uma pessoa possa ser, ela vai perceber que existe algo acima dos interesses diários, da competição, que, em outras circunstâncias, não era observado", ressaltou.
Já o ex-zagueiro Oscar, que esteve em três Copas do Mundo (1978,1982 e 1986), também prevê que o futebol brasileiro passará a ser outro no período pós-pandemia. Para ele, muitos gastos dos clubes terão de ser reduzidos. E os jogadores, por enquanto, podem contribuir de acordo com as condições de cada um.
"É algo particular, difícil opinar sobre redução de salário. Não são todos que recebem muito, pelo contrário. Mas os que recebem mais, se ficassem dois ou três meses recebendo menos não faria tanta diferença. Acredito também que estes mais consagrados podem encabeçar campanhas de solidariedade e doações, não digo nem em termos de redução salarial, para a própria sociedade neste importante momento", observou.
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