'Felipão Russo' sai de criticado para virar estrela de comercial da Copa
Comandante da seleção anfitriã atacou jornalistas, esteve perto de montar a Família Cherchesov e hoje curte a boa fase nas oitavas de final do Mundial
Copa 2018|André Avelar, do R7, em Moscou, na Rússia
A cara de mau e o bigode grosso já entregariam uma certa semelhança com Luiz Felipe Scolari. Stanislav Cherchesov tem ainda muito mais em comum com o ex-treinador da seleção brasileira do que se pode imaginar. O técnico da Rússia, dona da casa nesta Copa do Mundo, também é adepto de uma relação acirrada com a imprensa e estilo linha dura com os jogadores. Classificado às oitavas de final, o comandante curte a boa fase e até estrela comerciais de TV.
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Rússia e Uruguai, ambos com seis pontos no Grupo A, decidem nesta segunda-feira (25) a liderança da chave. As duas equipes se enfrentam às 11 horas (pelo horário de Brasília), em Samara.
O "Felipão Russo" não chegou a criar uma “Família Cherchesov”. Mas, assim como seu sósia na Coreia do Sul e no Japão 2002, também insistiu com os seus jogadores de que era “nós contra eles”. Da mesma forma, chegou para a Rússia 2018 bastante criticado pelos jornalistas e um retrospecto amedrontador para as pretensões do presidente Vladimir Putin - que falou até em uma disputa terceiro lugar - com nove derrotas, seis empates e apenas cinco.
O Mário Fernandes é como um cachorro. Entende tudo%2C mas não fala uma palavra
A Copa do Mundo começou e, aos poucos, os meios de comunicação locais tiveram de dar o braço a torcer. Por maior que fosse o entusiamo (e a fragilidade da seleção da Arábia Saudita), ninguém imaginava 5 a 0 na estreia, 3 a 1 contra o Egito e classificação antecipada à fase eliminatória. Agora, pode enfrentar Espanha, Portugal ou até mesmo o Irã nas oitavas.
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Brasileiro naturalizado russo, Mário Fernandes contou um pouco da relação com o técnico após a partida de estreia. Sem falar o idioma russo, o lateral-direito contou que já se assustou com a comparação com cachorro que recebeu de Cherchesov. “O Mário Fernandes é como um cachorro. Entende tudo, mas não fala nada”, disse o treinador, ainda ante da convocação final.
“Ele tem um estilo durão, mas nada exagerado. Talvez seja mais com vocês da imprensa. Com nós jogadores, ele é tranquilo”, disse Fernandes aos jornalistas brasileiros. “É um grande treinador e está na seleção da Rússia por méritos.”
Entre os torcedores, a presença do comandante na TV e em alguns outdores espalhados por Moscou ainda é estranha. A quantidade de comerciais é menor do que Tite fala em “pixels brancos” no Brasil, mas também é significativa. Em uma propaganda do refrigerante da Copa do Mundo, ele chega para dar uma bronca nos jogadores da seleção russa, mas tudo acaba com uma bebida refrescante.
Cherchesov, hoje com 54 anos, foi goleiro reserva da Rússia nos Estados Unidos 1994. Como jogador, atuou pelo Spartak e pelo Lokomotiv, times rivais de Moscou, e se aposentou em 2002. Dois anos depois, começou a carreira de treinador até assumir a seleção russa em 2016.
“Ninguém entendeu muito bem como ele ainda está na seleção, mas não dá para falar que não tem feito um bom trabalho”, disse Elias Morozov, funcionário de uma exposição sobre a história do futebol russo, que riu ao ser perguntado se havia alguma referência ao atual técnico da seleção. “Ele ainda não conquistou a Copa do Mundo.”
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