Estádio da final da Copa 2018 respira história desde inauguração na URSS
Luzhniki foi construído como oposição do regime soviético aos Jogos Olímpicos, mas acabou ganhando reconhecimento mundial com Moscou 1980
Copa 2018|André Avelar, do R7, em Moscou, na Rússia
Ao vencer a rígida fiscalização no portão de entrada do Estádio Luzhniki, em Moscou, o torcedor já sente o cheiro da história no ar. Ainda que um tanto encoberto pelos parceiros comerciais da Fifa, a estátua do líder soviético Lenin recebe os torcedores para França x Croácia neste domingo (15), a partir das 12 horas (de Brasília), na final da Copa do Mundo, em mais um capítulo grandioso de sua história.
Para atender o tão debatido padrão-Fifa, o estádio passou por ampla reforma desde 2013. Apesar dos assentos novos, corredores amplos, ausência de colunas, nada tirou o peso do lugar que tem na política a sua própria essência. Ele foi construído em 1956 para receber a Spartakiada, espécie de oposição e mesmo complemento dos Jogos Olímpicos na União Soviética.
Só mais de duas décadas depois, as Olimpíadas como conhecidas até hoje foram para o local. Moscou 1980, em pleno contexto de Guerra Fria, foi a imagem da União Soviética para o resto do mundo. Da abertura com a mensagem de “ó, esporte, tú és a paz” ao choro lendário choro do mascote Misha em tese pelo boicote dos Estados Unidos, tudo fazia parte do modo soviético de usar a propaganda na diplomacia.
O complexo aquático usado naqueles Jogos, hoje funciona como área de recreação para os habitantes da capital moscovita. Inacessível para o público da abertura até a final da Copa, é possível ver um imenso toboágua que atravessa o lugar até hoje bem preservado, com jardins em dia e estrutura intacta. A confusão ficou mesmo por conta de um teleférico que deveria ser inaugurado para o Mundial. A Fifa alegou motivos de segurança e vetou o trajeto que serviria a moradores e turistas pelo bondinho.
Mas da década de 1980 para agora, não bastasse a pista de atletismo ter sido removida para que os 79.011 espectadores se sintam mais próximos do campo, a Fifa também chutou a história para escanteio a desdenhar da fachada. A composição que retratava atletas olímpicos foi trocada por cores tão vivas quanto chocantes do evento esportivo que recolocou a Rússia no mapa das grandes competições.
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Antes disso, os estádio, jamais uma simples arena como querem os modernista do futebol, recebeu ainda a final da Liga Europa 1999 entre Parma e Olympique de Marselha e a final da Liga dos Campeões 2008 entre Manchester United e Chelsea. Fora do mundo esportivo, um show do Rei do Pop Michael Jackson também marcou para sempre a história do lugar.
O estádio que custou US$ 470 milhões (aproximadamente R$ 1,8 bilhão nos dias de hoje) aos cofres russos sofrerá com a ausência de jogos. Se ao final desta Copa do Mundo serão sete em 30 dias, agora terão de aguardar por partidas da seleção russa em Moscou. Independentemente do ano, do regime ou do governo, a política ainda predomina no Estádio Luzhniki.
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