Destaque do Brasil na Copa, Paulinho tem origem indígena
Volante da seleção brasileira é descendente da tribo Xucuru, localizada no Estado de Pernambuco com cerca de 3.000 integrantes
Copa 2018|Alexandre Garcia, do R7
Autor do gol que abriu caminho para a vitória brasileira por 2 x 0 sobre a Sérvia na última quarta-feira (27), o volante Paulinho tem origem Xucuru, uma tribo indígena localizada no Estado de Pernambuco.
Titular absoluto da seleção, Paulinho nasceu em 26 de julho de 1988, em São Paulo (SP), há quase 2.500 km do Estado que abriga a tribo da qual não esconde a descendência. O volante falou sobre a origem indígena à revista Panenka, da Espanha, assim que foi contratado pelo Barcelona por R$ 180 milhões (40 milhões de euros), em agosto de 2017.
“Minha avó era descendente de índios. Meu pai tem os mesmos traços dela e se parece muito com um índio”, conta o craque, que se orgulha de ter o mesmo berço de Garrincha, que tinha origens do povo Fulni-ô.
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A revista espanhola revela ainda que a origem de Paulinho o fez receber o apelido de “boliviano” nos primeiros clubes em que atuou na cidade de São Paulo, quando ainda era adolescente. As brincadeiras não pararam por aí e o ex-lateral Roberto Carlos, que dividiu o vestiário com Paulinho no Corinthians, o chama carinhosamente de “índio velho”.
Os Xucurus
De acordo com os últimos dados da SIASI (Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena), a população Xucuru soma 2.720 índios, que habitam a Serra do Ororubá desde o século XVI. Conhecida por lutar pelos seus direitos, a tribo viu Chicão, um de seus últimos caciques, ser assassinado por donos de terras.
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Diante dos acontecimentos envolvendo a tribo, a CIDH (Corte Interamericana de Direitos Humanos) condenou o Brasil no último mês de março pela violação aos direitos dos índios Xucuru à propriedade coletiva e à garantia e proteção judicial.
Segundo o tribunal internacional, o país não trabalhou com “prazo razoável” na demarcação do território e afastou da região 2.300 famílias Xucurus e determinou que o Brasil garanta, “de maneira imediata e efetiva”, o direito de propriedade do povo Xucuru. O MPF (Ministério Público Federal) diz que acompanha o caso.
Trajetória
Antes de vestir a camisa da seleção, Paulinho se tronou ídolo do Corinthians ao integrar a equipe que levantou os títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes, em 2012. Foi aí que ele ganhou a confiança de Tite, que pouco tempo depois seria anunciado como comandante da seleção.
Selecionado desde a primeira convocação do treinador, mesmo jogando no futebol China, Paulinho teve boas atuações vestindo a amarelinha e chamou atenção do poderoso Barcelona, que o contratou.
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Antes da ascensão, o volante de 29 anos teve uma trajetória diferente da maioria dos jogadores brasileiros. Ele arrumou as malas com apenas 18 anos e partiu rumo ao Football Club Vilnius, da Lituânia, onde marcou cinco gols em 38 jogos. Na temporada seguinte, foi jogar no Łódzki Klub Sportowy, da Polônia, e balançou as redes apenas uma vez em 22 atuações.
Em 2008, voltou ao Brasil para jogar no Pão de Açúcar e no ano seguinte foi contratado pelo Bragantino. Com 14 gols em 45 jogos pelo clube do interior de São Paulo, Paulinho chamou a atenção do Corinthians que o contratou em 2010. Com a camisa alvinegra, o volante entrou em campo 167 vezes e marcou 34 gols.
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Depois de deixar o Corinthians, Paulinho teve duas temporadas abaixo da média no Tottenham, da Inglaterra, e foi vendido R$ 25,7 milhões (5,73 milhões de euros) mais barato para o Guangzhou Evergrande, da China. Lá, com a ajuda das convocações, teve seu passe valorizado e seguiu rumo ao Barcelona, onde disputará sua segunda temporada a parir de agosto.
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