A distante relação entre Andrés e Carille. Ele nunca foi 'seu' técnico
Andrés fez questão de não comemorar a terceira final consecutiva de Paulista de Carille. O dirigente tratou de desmoralizar a atuação do Corinthians
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"O Corinthians jogou muito mal, talvez um dos piores jogos do Corinthians que eu vi na história. Mas está todo mundo consciente disso, o treinador, os jogadores, conscientes de que não merecíamos ter classificado, mas futebol é isso, fomos competentes nos pênaltis e classificamos.
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Tem que jogar muito melhor do que jogamos hoje. O São Paulo está numa ascendência e, pelos dois jogos que fizemos, Ceará e hoje, os jogadores têm que ter consciência que não jogamos bem."
Há muito por trás dessa reclamação pública de Andrés Sanchez.
A cobrança é direta.
Ele quer que Fabio Carille faça a equipe jogar bem.
Justifique sua valorização.
A relação entre os dois nunca foi boa.
Sob o comando de Andrés, Carille foi auxiliar de Mano Menezes e de Tite.
O dirigente viu com espanto seu sucesso como treinador.
Jamais passou por sua cabeça efetivá-lo.
Sempre o viu como um bom ajudante.
A aposta foi de Roberto de Andrade.
Carille se tornou bicampeão paulista, campeão brasileiro.
Em seguida.
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Em abril de 2018, venceu outra vez o Paulista, em plena arena palmeirense lotada. Representantes do Al Wehda, da Arábia Saudita, entraram em contato com o técnico. E ofereceram 11 milhões de dólares, na época, cerca de R$ 40 milhões para que ele assumisse o clube por duas temporadas.
Carille procurou Andrés para saber se o clube ao menos daria um bom aumento para que ficasse no Parque São Jorge.
Ao saber da proposta, o presidente corintiano deixou claro que ele poderia ir. E que seria bom para o seu futuro. Se não fosse ficaria pensando no dinheiro que perdeu.
Carille não esperava essa postura.
E foi embora.
Andrés Sanchez logo se apressou a efetivar Osmar Loss. Seria o "seu" Carille.
O resultado foi um enorme fracasso. Em seguida, apostou em Jair Ventura. Pior ainda.
Na Arábia, as promessas dos dirigentes do Al Wehda não foram cumpridas. E logo surgiu o desgaste.
Conselheiros corintianos souberam. E se apressaram a avisar não só a Andrés. Mas a jornalistas que cobrem o clube.
Resultado, a pressão pelo retorno foi insuportável.
Andrés teve de engolir o orgulho e ofereceu de novo o Corinthians de volta a Carille. E com um grande aumento, aquele que o treinador desejava antes de ir para a Arábia.
A relação é fria.
Mas oportuna para os dois.
Andrés não tem prazer em frequentar as concentrações como nos tempos de Tite.
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Carille é muito mais calado, reservado.
Não há empatia.
Por isso, a queixa de ontem de Andrés não foi à toa.
Ele cobra publicamente Carille.
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O treinador admitiu que a partida contra o Santos foi muito fraca.
Reclamou do desempenho.
Alegou trabalhar pela primeira vez com mais da metade do grupo.
Ainda está conhecendo alguns jogadores.
A frieza de Andrés após o jogo foi impressionante.
Não valorou a terceira final consecutiva que o Corinthians chega graças ao trabalho de Carille.
O treinador sabe que não é valorizado.
É quase só suportado no Parque São Jorge por Andrés.
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