Torcedor regenerado olha para o passado e afirma: "Eu fiz o errado"
Atualmente ele viaja o mundo para conhecer outras torcidas e diminuir a violência
Futebol|Eugenio Goussinsky e Sylvia Albuquerque, do R7
Quando André Azevedo, presidente da torcida Dragões da Real, se lembra de sua fase da adolescência, ele entende com mais clareza algumas causas da violência no futebol. Com cerca de 17 anos, ele era uma figura frequente em brigas entre organizadas.
— Fui motivado pela idade e seguia a maioria na época. Nem tinha uma motivação específica, era mais a adrenalina de moleque.
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Com o tempo, vendo que poderia morrer a qualquer momento, como aconteceu com conhecidos, seu ímpeto foi baixando. Hoje Azevedo é uma espécie de ativista pela paz entre torcedores. Ele tem contatos diretos com a Fetorj (Federação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro), instituição que aglutina várias facções, que hoje têm um canal de diálogo.
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Azevedo também viaja com acadêmicos para analisar o comportamento de outras comunidades futebolísticas, espalhadas pelo mundo. O que ele aprende, ele busca apresentar em fóruns sobre violência. Recentemente, esteve na Alemanha, onde pôde ver de perto que, apesar de existir violência por lá, ela é mais controlada.
— Acho que um caminho para que a violência diminua é a própria vivência. Não que seja positivo alguém ter de brigar para ver que não vale a pena. O certo é evitar antes, sem precisar passar por isso. Mas com o tempo, a pessoa começa a ver amigos morrendo, outros sendo presos e percebe que tudo isso só leva ao sofrimento.
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Aos 35 anos ele continua a acompanhar todas as partidas do São Paulo. Mas nem por isso ele deixa de sair e ter amizade com torcedores e líderes de organizadas de outras equipes. Aquele tempo, segundo ele, faz parte do passado.
— Hoje faço este trabalho com mais embasamento, porque eu sei, eu fiz o errado. Por ter vivido este outro lado na adrenalina, fui olhando o certo e o errado e fiz minhas escolhas. Também havia alguns conselhos negativos. Pessoas eram preparadas para brigar. Percebi que tudo isso não era prova de força, mas sim um atraso de vida.