Às vésperas de eleição, Botafogo não tem dinheiro nem para se defender na Justiça; entenda
Equipe carioca atravessa crise sem precedentes, dentro e fora de campo
Futebol|Do R7
Zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, eliminação com direito a goleada na Copa do Brasil, jogadores dispensados, péssimas atuações e, não bastasse, uma infindável crise financeira que ameaça o futuro do clube. A situação do Botafogo é talvez a mais problemática dentre as grandes equipes do País. Já são três meses de salários atrasados e sete no que se refere ao direito de imagem dos jogadores. Isso sem falar em premiações. Nesta situação, uma reação imediata do Glorioso parece pouco provável.
Demitidos do Botafogo detonam o presidente do clube em coletiva no Rio de Janeiro
“Estamos brigando com todas as forças, contra uma série de dificuldades. Mas não vamos jogar a toalha. Se todo mundo desacreditar, quem quer que seja, fica sempre mais difícil”, ressaltou o técnico Vagner Mancini depois de mais uma derrota.
Após encerrar o ano passado com uma dívida R$ 698 milhões, a Justiça determinou que todas as receitas do clube carioca fossem bloqueadas. Na última rodada, inclusive, a equipe enfrentou o Sport no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, porque uma ação movida pelo técnico Joel Santana, hoje no Vasco, penhorou R$ 1,5 milhão das rendas do Botafogo no Maracanã. A alteração do local da partida, portanto, serviu para evitar a apreensão.
“Ninguém consegue sobreviver com 100% de penhora. O Botafogo não deixou de pagar tributo acreditando que a Lei de Responsabilidade Fiscal fosse ser aprovada. O Botafogo deixou de pagar tributo porque não tinha dinheiro para pagar tributo. O clube não estava conseguindo pagar seus compromissos, como vai pagar tributo?”, lembrou o presidente Maurício Assumpção em recente entrevista à TV Globo.
Um dos maiores motivos da crise financeira reside no fechamento do Engenhão. O Botafogo arrendou o estádio da prefeitura do Rio de Janeiro, mas o local está fechado há quase dois anos para reformas. Segundo Assumpção, o clube estaria deixando de arrecadar cerca de R$ 20 milhões por ano com a interdição.
Com tanto prejuízo, por que o Botafogo não entrou então com uma ação contra o município, já que pagou pelo arrendamento? Falta de verba. O clube não teria dinheiro, sequer, para pagar um escritório de advocacia que o defendesse.
E bombas não param de estourar em General Severiano. Emerson Sheik, Edilson, Bolívar e Julio Cesar, afastados do Botafogo pelo presidente Maurício Assumpção, se pronunciaram na semana passada sobre a demissão. Na ocasião, os atletas reclamaram da estrutura precária da equipe, alegando que o time “não tem um campo decente para treinar” e que faltam até mesmo medicamentos para tratar os atletas lesionados.
Em meio à crise, o momento político também não é favorável. No mês que vem o Glorioso passará por eleições presidenciais. Após dois mandatos, Maurício Assumpção não poderá concorrer ao pleito e a oposição, por outro lado, ainda não tem o candidato definido.