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BRASILEIRO 2022

Ademir da Guia comemora centenário mas alerta: "Palmeiras tem que retomar as conquistas"

Maior ídolo palmeirense diz que a construção do estádio é melhor notícia no momento

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Ademir da Guia quer ver o Palmeiras vencendo novamente
Ademir da Guia quer ver o Palmeiras vencendo novamente

No auge da carreira, em 1972, com 30 anos, Ademir da Guia desfilava ereto pelo gramado, como uma pétala de rosa amarela. Seus cabelos louros, encaracolados e curtos lhe davam um aspecto peculiar. Assim como seu futebol, feito de passadas elegantes e toques sutis.

Hoje, aos 72 anos, o carioca Ademir fala com orgulho de sua chegada ao clube e de tudo que construiu pelas alamedas do Parque Antártica. E, ao R7, disse que se sente parte importante neste centenário do Palmeiras, a ser comemorado nesta terça-feira (26).

— Quando cheguei, logo percebi a grandeza do clube. Era um dos maiores, quando o eixo Rio-São Paulo concentrava as principais forças, como o Palmeiras e o Botafogo-RJ, os destaques. Demorou um ano e meio para eu entrar no time. Havia muito craque.

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Ao longo do tempo em que dedicou seu talento ao clube, tornou-se o maior ídolo do Palmeiras. O olhar terno que reluzia de seus intensos olhos azuis refletia o que Ademir era dentro de campo: grandioso e discreto. Para não dizer tímido. Humilde, não faz nem questão de ser lembrado como o maior de todos no clube.

— Cada um tem sua opinião. Eu só posso dizer que estou entre os 10 maiores do clube. A partir disso é gosto pessoal.


Mas foi com esta maneira pacata que ele se impôs. Impôs mesmo, porque sempre foi difícil, no meio futebolístico, alguém de fala mansa e introspectivo construir a história de um heroi, como a dele, em seus 15 anos vestindo a gloriosa camisa verde (1962 a 1977), pela qual conquistou 18 títulos.

— Entrei em um time de craques, quando o Chinezinho deixou o clube. Isso me facilitou, porque, com sete ou oito acima da média, fica mais fácil jogar.


Para ele, muito mais do que o banquete de aniversário, o que marcará os 100 anos do clube será a inauguração do novo estádio, prevista para o final de setembro.

— Será um momento importante. A equipe passa por uma fase difícil, temos de ver a realidade. O Palmeiras precisa melhorar, começar a ganhar novamente, as chances aparecem a cada partida, a oportunidade surge, é importante aproveitar para não ficar para trás.

Fora do banquete

Sua preocupação com o fato de o clube estar na parte de baixo da tabela do Campeonato Brasileiro, porém, não arranha a imagem da agremiação. Ainda, segundo ele.

— O Palmeiras continua grande, como sempre. Vejo o clube tentando reagir, a torcida apoiando. No interior o número de torcedores palmeirenses é muito grande. É necessário continuar no caminho das conquistas. Um clube grande precisa sempre estar em primeiro, isso é importante para a Nação Alviverde.

Os momentos marcantes nesta trajetória, para ele, tiveram a sua participação.

— Destaco três momentos: o título brasileiro de 1972 que teve a importante participação do técnico Osvaldo Brandão; a vitória sobre o Corinthians na final do Paulista em 1974 e agora, recentemente, quando a CBF reconheceu os títulos dos anos 60 como sendo Brasileiros e o clube se tornou o Campeão do Século.

Como não poderia deixar de ser, Ademir acha que seu estilo se encaixaria no atual futebol. Para tanto ele aponta o exemplo de Paulo Henrique Ganso, do São Paulo, cuja técnica, para ele, tem semelhanças com a sua.

— Dos jogadores atuais é o que mais se parece comigo. Mas escalar um jogador deste tipo, refinado, depende do treinador. Eu, sem dúvida, se estiver em condições físicas, escalaria no meu time.

Resposta ao presidente

Sua placidez, porém, parece esconder uma inquietação constante, que nem sempre as palavras suaves conseguem controlar. Então, quando perguntado sobre um assunto que o incomoda, ele ameaça entrar em turbilhão. Sua voz fina ganha um tom irritado no instante em que, por exemplo, ouve a inocente pergunta sobre a possibilidade de ir ao banquete de aniversário do clube.

— Não estou programando, não. Já falei, não estou programando, não repita a pergunta.

E seu tom mais incisivo, ainda em conflito com a calmaria, tem prosseguimento quando, na sequência, é perguntado se ele se incomodou em não ter sido incluído na equipe do Palmeiras de todos os tempos, na opinião do atual presidente, Paulo Nobre.

— Ele disse que é porque não me viu jogar, deu essa explicação para mim. Eu também não vi jogar Oberdan, Zizinho e Jair Rosa Pinto, por exemplo, mas sei que foram grandes. Mas respeito a opinião do presidente, é um direito dele. Por outro lado, após ele escalar o seu melhor Palmeiras de todos os tempos (vide matéria desta página), Ademir não se incomoda em apontar que, para ele, os melhores presidentes do Palmeiras foram Paschoal Walter Byran Giuliano e Nelson Duque, pelo que fizeram pelo clube e pelo período de conquistas.

Flocos de cabelos brancos deram lugar àquele tom amarelado dos tempos áureos. Depois da intensidade da conversa, Ademir se acalma, puxa o ar, respirando com a mesma pulsação ritmada de quando era jogador. Ele só está mais velho, mais ofegante.

Mas o mesmo brilho azulado dos olhos mostram que a força de seu interior, que o tornou um monsto sagrado, continua superando as mágoas do passado e do presente, quando muitos grandes como ele costumam ser esquecidos. Afinal, o craque e o Palmeiras caminham lado a lado, queiram ou não. Ademir da Guia, mesmo sem ter ficado rico, venceu na vida por ter um coração nobre.

Divino atende público em loja oficial

A Academia Store recebeu na tarde deste domingo (24) a ilustre presença do eterno camisa 10 Ademir da Guia. O evento aconteceu na franquia de Jundiaí, interior de São Paulo, e contou com a presença de aproximadamente 400 pessoas.

— Cada encontro meu com o torcedor é uma oportunidade de relembrar os bons momentos que passei no clube. A felicidade é sempre enorme de poder encontrar os palestrinos em cada evento, ainda mais agora no centenário.

Durante o mês de agosto, a rede realizou promoções para presentear seus clientes com camisas oficiais, bolas e livros autografados.

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