O SOFRIMENTO DO DENYS MARCOU MINHA FAMÍLIA. APEDREJARAM SUA CASA | COSME RÍMOLI
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3 de setembro de 1986.
Morumbi.
Nove minutos do segundo tempo.
Bola nos pés do lateral Denys, que não percebe a aproximação em velocidade, de Tato. O ponta fica com ela e bate para o fundo do gol do Palmeiras.
Era o segundo gol da Inter de Limeira, que confirmava o título inédito de um clube do Interior. E a sequência de jejum palmeirense de dez anos.
"O Denys é meu tio. Foi uma tristeza absoluta na minha família. Apedrejaram a casa do meu tio. Meu pai não quis que nenhum dos seus filhos se tornasse jogador. Aquele clima na infância me marcou. Mas me mostrou a força que tem o futebol. Para o bem e para o mal."
Felippe Facincani não seguiu a carreira do tio. Mas também não escapou dos julgamentos. Optou pelo jornalismo esportivo. E de uma maneira intensa, apaixonada.
Com personalidade forte, muito estudo, memória privilegiada, não deixa foge de qualquer discussão sobre futebol.
Do início no rádio, trabalhando na Bandeirantes, à ascensão na televisão foi muito rápida.
Ficou marcado pelos anos no programa Fox Sports Rádio.
"Nada era combinado, as discussões sobre futebol surgiam naturalmente. O Benjamin Back colocava fogo. E as conversas eram duras, com cada um defendendo seu ponto de vista. Lógico que algumas vezes exageramos. Ficávamos chateados, mas depois passava. A gente se respeitava, éramos amigos." Se ficou alguma mágoa? "Da minha parte, não."
O programa era popular. E não combinava com a filosofia mais elitizada da ESPN. Quando a Disney comprou a Fox, as duas equipes de esporte foram obrigadas a se juntarem.
"Eu sabia que a chance de não dar certo era grande. A ESPN tinha um padrão diferente. E quase todas as pessoas que eram da Fox acabaram sendo dispensadas."
Foi muito difícil para Felippe conviver com a demissão.
"Por mais que esperasse que a saída aconteceria, acabou sendo muito pior que imaginava. Sofri demais, repensei minha vida. Mas tinha de recomeçar. E o cenário estava complicado."
Foi quando surgiu o projeto da Placar, a mais tradicional revista esportiva do país se adaptava à Internet. Se tornou editor.
E veio a criação do seu canal no youtube. Aproveitou a ligação sanguínea que tem com o Palmeiras e foca no clube de coração. Já são mais de 20 milhões de acessos.
No canal, mistura informações, análises táticas e, principalmente, opinião
Facincani é muito sincero, espontâneo, tem a emoção a flor da pele.
Na entrevista, ele relembra episódios marcantes, como o vazamento de um áudio em que detonava o Palmeiras, com direito a vários palavrões, por uma derrota para o Água Santa.
'Era para um grupo de amigos. E que vazou. Me custou até processo do presidente do Palmeiras, Paulo Nobre e do executivo Alexandre Mattos.'
E quando foi ao ar, sem camisa, na ESPN. 'O sinal entrou antes da hora combinada. Foi terrível. Paguei por um erro que não foi meu.'
Tudo que aconteceu o deixou mais maduro.
"Tive de aprender a lidar melhor com as minhas emoções. Foi um processo duro, de aprendizagem. Mas renasci. E me sinto mais forte do que nunca."
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