Richarlison aproveitou as férias no Brasil para visitar nesta quinta-feira, o Hospital de Amor, em Barretos, no interior de São Paulo, destinado às crianças com câncer. O jogador tem sido um apoiador da instituição.
"Fico feliz de estar aqui visitando esse hospital, as crianças da casa. Fico feliz de ver o sorriso no rosto de cada pessoa aqui. É um momento único da minha vida. Meu pai e minha mãe sempre sonharam com isso, de poder ajudar as pessoas. É importante, não só ajudar, mas vir aqui dar um abraço em cada um. É importante para mim também", disse o jogador da seleção brasileira e do futebol inglês.
"Espero que isso sirva de espelho não só para outros jogadores, mas para muitas pessoas que possam ajudar o próximo, que é importante. É gratificante ver o sorriso no rosto dessas pessoas", afirmou o jogador ainda durante a visita.
O atacante doa 10% de seu salário mensal para o Instituto Padre Roberto Lettieri, que é uma casa de apoio a pacientes atendidos pelo Hospital de Amor. As pessoas atendidas são aquelas que não podem pagar o tratamento do câncer. Além de conversar com as crianças, ele aproveitou a visita para conhecer as novas instalações do hospital, que é referência em atendimentos oncológicos no Brasil.
O atacante acaba de ter seu nome colocado na lista da seleção para dois amistosos neste mês na Europa. Richarlison é conhecido pelo seu engajamento em causas sociais. No auge da pandemia de covid-19, por exemplo, ele se aliou à Universidade de São Paulo (USP) e ajudou a arrecadar recursos para desenvolvimento de pesquisas científicas. Com o USP Vida, o atleta convocava outros colegas de profissão, pessoas jurídicas e físicas a fazerem doações para fomentar o programa.
"Ele é um exemplo de jogador de futebol brasileiro que tem atributos fortes de comunicação contemporânea. Essa participação ativa, essa consciência do seu posicionamento, da sua responsabilidade e o bom uso dessa voz são, sem dúvidas, atributos desses tempos que a gente vive e viverá nos próximos anos. O Richarlison talvez seja o atleta que melhor se junta a isso", diz Bruno Maia, CEO da Feel The Match e especialista em novas tecnologias do esporte e do entretenimento.
Em janeiro de 2021, durante a maior crise de saúde pública da história vivida pela capital Amazonas, que ficou sem oxigênio para tratar infectados com covid-19, o jogador do Tottenham utilizou as redes sociais para aderir à campanha 'Oxigênio para Manaus'.
"Os atletas precisam entender que possuem um poder midiático incrível, e ele é o maior exemplo disso no Brasil. Tem um poder de conexão gigante e naturalmente acaba obtendo várias frentes de trabalho, não somente para conseguir ganhos financeiros e de imagem, mas também para colaborar em prol de um mundo melhor", aponta Renê Salviano, CEO da HeatMap e especialista em marketing esportivo.
AS CAUSAS DE RICHARLISON
Em 2020, o assassinato de João Pedro, morto com mais de 70 tiros por policiais que faziam uma ação no Complexo do Salgueiro, no Rio, fez com que o jogador começasse a discutir racismo nas redes e em entrevistas, envolvendo-se em nova causa.
No mesmo ano, Richarlison se posicionou em uma coluna publicada na revista The Players Tribune, pedindo medidas mais objetivas para combater a série de incêndios que queimou 30% do território local. Em 2019, ele chegou a viajar ao Pantanal para conhecer o bioma.
"Ele sempre teve a consciência de promover o bem. Não é de hoje que se posiciona e ajuda em causas sociais, começou lá atrás, em 2017. É algo bem trabalhado por ele, e é algo natural, que vem dele, da formação dele como ser humano, em se engajar e usar o esporte e os milhões de fãs que tem como uma maneira de conscientizar a população de uma forma global", analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.
GUERRA DA UCRÂNIA
Durante o começo da guerra da Ucrânia, o profissional também se posicionou nas redes e escreveu: "A guerra é sempre a resposta errada. Especialmente quando coloca em risco as vidas de milhões de inocentes. Deixem as crianças, mulheres e todos os demais civis viverem suas vidas em paz".
Em 2017, quando havia se transferido do Fluminense para o Watford, da Inglaterra, seu primeiro clube fora do Brasil, Richarlison fez uma campanha para obter recursos para a cirurgia do pai de um internauta do Recife, que sofria de Parkinson, com custos aproximados de R$ 400 mil. Ele nem conhecia o rapaz, mas resolveu ajudar.
"A força do Richarlison extrapola aquilo que ele faz dentro das quatro linhas. Ele é um verdadeiro fenômeno quando falamos de causas e ativações sociais, sejam elas de qualquer tema. Ele tem um perfil antenado e conectado com o que acontece globalmente, e usa a força do esporte e dos mais de 20 milhões de seguidores como uma forma de conscientizar e levar mensagens positivas e de reflexão a quem precisa. E isso não fica apenas da boca pra fora, pois ele executa ativações neste sentido", afirma Ivan Martinho, professor de marketing esportivo na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), e que é conselheiro da ONG Onçafari, da qual Richarlison também é apoiador.
Em 2022, quando a Nike lançou a camisa da Copa do Mundo com estampas inspiradas na onça-pintada, o atacante adotou uma onça e a batizou de Acerola.