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Por diferentes razões, Ibrahimovic é o "Personagem do Ano de 2020"

Não sou um fanático por esse tipo de escolha. Aos 39 anos de idade, todavia, e depois de uma temporada primorosa em que, até, ajudou o Milan a ressuscitar, o Zlatan merece essa primazia. 

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

No Twitter, o olho do animal selvagem e o olho do Ibra
No Twitter, o olho do animal selvagem e o olho do Ibra No Twitter, o olho do animal selvagem e o olho do Ibra

Professora de Letras & Idiomas, nos meados da década de 50 a minha santa Mamma Helena me presenteou com uma assinatura de uma revistinha deliciosa, a “Reader’s Digest”, em inglês, facílima de se ler. Uma de suas seções mais populares se intitulava “Meu Tipo Inesquecível”, o que dispensa definição. Pela mesma época, o mitológico Nelson Rodrigues (1912-1980), no seu modo de cronista esportivo, criou uma coluna de nome “Meu Personagem da Semana”, e também virei seu fã. Impossível competir com a “Reader’s Digest” e com o mago Nelson. E talvez por isso eu não me arvore num selecionador de melhores. Neste ano de 2020, porém, existe uma figura no universo dos Esportes que tornou inexorável esta minha incursão por mares nunca dantes navegados.

Ele, e sua "melhores amigas"
Ele, e sua "melhores amigas" Ele, e sua "melhores amigas"

Trata-se de Zlatan Ibrahimovic, sueco de origem bósnia, nascido em Malmoe, 3 de Outubro de 1981, atacante em nove clubes diferentes, agora pela segunda vez no Milan da Itália. E por quê a minha súbita transformação em um eleitor, aliás, precisamente de um futebolista que, talento à parte, se destaca pela língua ferina, por suas declarações polêmicas, até divertidas mas sempre iconoclásticas? Por que votar num cidadão que tem nome de personagem de histórias de ficção-científica, Zlatan? Com certeza porque o Ibra não é mesmo deste mundo. Incrível, um homem de 1m95 de altura e 95kg de peso mas capaz das acrobacias mais maravilhosas. E porque, em relação à sua idade e às características do “Calcio”, ele alinhavou, no “Nazionale” de 2020/2021, desempenhos espetaculares.

Aos 39 de idade, uma acrobacia impressionante
Aos 39 de idade, uma acrobacia impressionante Aos 39 de idade, uma acrobacia impressionante

No seu currículo ele ostenta galardões com as camisas do Ajax, da Juventus, da Internazionale, do Barcelona, do Milan numa primeira passagem, do PSG, do Manchester United e, depois de farrear por duas temporadas no L. A. Galaxy dos Estados Unidos, em 2 de Janeiro de 2020 ele se reapresentou ao “Diavolo” da Lombardia disposto, nas suas próprias palavras, a “superar, no braço-de-ferro, até mesmo um King-Kong”. Com o clube em crise política, a sua Comissão Técnica atritada com os acionistas, apesar do apoio dos jogadores ao treinador Stefano Pioli, o time se limitou à sexta colocação e a uma vaga de vil consolo na Liga da Europa. Em 20 pelejas, o Ibra só anotou 10 tentos. Na nova temporada, porém, tudo se modificou e depois de 14 rodadas o Milan lidera, invicto, 34 pontos.

"Milão não teve um Rei. Mas tem um DEUS"
"Milão não teve um Rei. Mas tem um DEUS" "Milão não teve um Rei. Mas tem um DEUS"

O Ibra se destacou, impecavelmente, em 10 “giornate”, antes de se lesionar com razoável gravidade. Marcou 11 gols e propiciou duas assistências. À sua frente, apenas Cristiano Ronaldo, da Juventus, 12 tentos em também 10 partidas, e Romelu Lukaku, da Inter, 11 em 13. Pena que não deva retornar aos campos em menos de três semanas e que não deva se defrontar com o CR7 em 6 de Janeiro. “Não tenho mais nada a provar”, ele afirma, sem encarar as dúvidas que pairam a respeito da sua recuperação. “Eu nem precisaria mais trabalhar. Só que eu nunca me satisfaço e quero sempre novas conquistas. E por isso eu me aplico. A minha idade, 39? E daí? Quem, aqui na Terra, e em qualquer modalidade dos Esportes, tem a minha forma espetacular aos 39 anos de idade?”

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O anúncio da academia virtual
O anúncio da academia virtual O anúncio da academia virtual

De fato, física e mentalmente, ele se prova um atleta excepcional. Só que, pouquíssimo exigido nas suas duas temporadas na América, natural que, de volta ao “Calcio”, com o nível de exigência muitíssimo maior, os 39 de idade exibissem a sua conta. Ainda impedido de treinar regularmente, ele aproveita o seu tempo no Twitter e no Instagram. Vale o esforço de segui-lo e de, por exemplo, experimentar a sua Buddyfit, uma espécie de academia virtual em que o Ibra ministra uma “masterclass” de exercícios e ainda oferece 200 sessões de preparação muscular ao mês. Não basta? Então, saboreie as gomas de mascar que, segundo o Ibra, ampliam a capacidade de concentração e também servem para fornecer energia. Uma outra frase primorosa: “Zlatan não faz nada de trivial...”

O anúncio da goma de mascar
O anúncio da goma de mascar O anúncio da goma de mascar

Uma entrevista impagável que ele concedeu à revista da UEFA complementa seu delírio, digamos, construtivo. O Ibra não hesita em afirmar que gostaria de ter o cérebro de hoje na época dos seus 25 de idade: “O meu corpo se cansa mais depressa e, assim, eu me obrigo a dormir além do que deveria. Antes, bastavam horas depois de um jogo para eu me sentir renovado. Hoje, eu demoro dois ou três dias. Mas não vou parar enquanto sentir que sou capaz de brilhar.” Ele apenas revela algum lampejo de humildade quando a conversa descamba para o tema da resiliência e da durabilidade: “Talvez o Buffon consiga passar dos 50. Para ele é tudo mais fácil. Só precisa ficar lá na sua meta, paradão, só precisa bloquear as bolas que aparecem. Mas eu tenho que me movimentar, e daí brigar contra os zagueiros, evitar que me encham de pancadas e ainda me colocar em situação de finalizar à meta.”

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Beckham, tatuagens no corpo todo
Beckham, tatuagens no corpo todo Beckham, tatuagens no corpo todo

O Ibra não abre espaço sequer a Lionel Messi. “No meu time quem manda sou eu. E o Zlatan decide quem bate as faltas ou bate os pênaltis. Mas sou generoso. Converterei três e então deixarei que cobre um. E um só. Dos outros três cuidarei eu mesmo, de novo.” Sobra até para David Beckham e a sua famosa coleção de tatuagens: “Todas as minhas estão nas costas. Quem olha as minhas são outras pessoas. E é impossível que eu me canse daquilo que não vejo. As pernas? Jamais cobriria as minhas de tatuagens. Minhas pernas são sagradas.” O Ibra, enfim, dá um pequeno show de cultura ao citar Benjamin Button, aquele personagem de F. Scott Fitzgerald (1896-1940) que nasce velho, que paulatinamente rejuvenesce até acabar a sua existência como um bebê, o mesmo personagem que Brad Pitt protagonizou no cinema: “Aquilo que você viu num filme eu realizo diariamente. Eu sou a prova viva de que é possível ser muito melhor do que num livro ou no cinema”.

Ibra, tatuagens só nas costas
Ibra, tatuagens só nas costas Ibra, tatuagens só nas costas

Não à toa, no Twitter, cuja imagem de topo mescla um de seus olhos ao de um bicho selvagem, ele garante: “Não se adestra um Zlatan. Você doma um leão, mas não doma o Zlatan, um animal muito, muito diferente do convencional.” E ainda assina com uma frase caracteristicamente sua: “Sabia que Milão nunca teve Rei? Tudo bem. Hoje, tem um DEUS.” Creio ter deixado suficientemente claro porque ele é meu personagem de 2020.

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