Pobre Corinthians de agora, o dos desmanches, o pior deste Século
De todos os seus cinco presidentes, desde o ano 2000, nenhum, como Andrés Sanchez, entra na História pela triste porta traseira da humilhação
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Do emblemático ano 2000 até agora, o Corinthians teve cinco presidentes. Invadiu o milênio com Alberto Dualib, que permaneceu até 2007. Ocorreu, então, a interinidade de Clodomil Orsi, que engatou na primeira era Andrés Sanchez, até 2011, para se reiniciar em 2016. Roberto de Andrade comandou o clube em 2011/2012 e em 2015/2016. Mário Gobbi, de 2012 até 2016.
Acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro e de formação de quadrinha, licenciado por dois meses e daí compelido à renúncia depois da interinidade de Clodomil Orsi, Dualib, o recordista da permanência consecutiva no cargo, ao menos enriqueceu o seu currículo com o troféu do Mundial da FIFA em 2000. Gobbi, de todos, foi o mais brilhante, graças à conquista da chamada Tríplice Coroa, a Libertadores e o Mundial de 2012, além da Recopa da Conmebol em 2013. Andrés, porém, penetra na História pela porta traseira do sofrimento. E eu não me refiro à dívida da Arena ainda-sem-nome-de Itaquera ou à carência de patrocínios de camisa etc.
Foi na sua primeira administração que o “Mosqueteiro”, ineditamente, caiu à Série B do Brasileiro. Agora, nesta sua segunda gestão, o Corinthians já se eternizou com um patético recorde negativo: 26 derrotas na temporada, uma queda mais do que as 25 de 2003 e de 2006, nos idos de Dualib. Uma ironia dramática: em 2017 o “Timão” havia abiscoitado os lauréis do Paulista e do Brasileiro. Bisaria o seu sucesso no Paulista de 2018. Só que, daí, por causa de uma somatória absurda de transações tristemente equivocadas, acabou por ganhar o apelido deprimente de Andrés Desmanches.
Inexplicavelmente, Andrés se indispôs com Fábio Carille, o treinador que, em 2017 tinha conseguido transformar o carvão de um elenco mediano no diamante de um grupo unido e vencedor. Pressionado por empresários e acuado por contratos mal feitos, ele se desfez de Rodriguinho, Jô, Pablo, Balbuena, Guilherme Arana, Maycon, Lucca, Leo Príncipe, e até de uma boa reposição, Sidcley, que apareceu em Fevereiro e partiu logo em Julho.
Dos atletas que Andrés apresentou como as soluções, só Renê Junior se destacou minimamente, até se lesionar. E a Fiel Torcida logo se incomodou com a inconstância de Roger, Danilo Avelar, Jonathas. Não teve paciência com supostas revelações, jovens de futuro ainda invisível, como o paraguaio Sergio Díaz, do elenco B do Real Madrid, e o chileno Angelo Araos. E a sábia diretoria não explicou por quê Dudu, o craque deste campeonato, praticamente fechado com o "Timão", acabou por preferir o rivalérrimo Palmeiras.
A Carille se superpuseram o seu sub Osmar Loss (10 das 26 derrotas) e Jair Ventura (8). Quando Carille trocou o Brasil pela Arábia Saudita, logo após a 6ª Rodada, o Corinthians, como o Flamengo e o Palmeiras, tinha 11 pontos, meros 2 atrás do Atlético Mineiro. De lá para cá, em 30 pugnas, apenas amealhou 32. E subitamente necessita de um triunfo, neste próximo domingo, 25 de Novembro, às 19h00, na tal Arena ainda-sem-nome-de Itaquera, para se desvencilhar de um novo e grotesco risco de queda à Série B.
Reles e vil consolo, nesta semana a FIFA, novamente, e formalmente, mencionou que o Corinthians é o único time não-europeu a ganhar o Mundial de Clubes mais de uma vez. Os títulos de Santos (1962 e 1963), Flamengo (1981), Grêmio (1983) e São Paulo (1992 e 1993), na chamada Copa Intercontinental, que apenas reunia os vencedores da Libertadores e da UEFA, diversas vezes em um prélio único, não merecem o mesmo significado. Claro que essa definição da entidade não mexe na rotação da Terra. Mas, para quem engolirá o Palmeiras campeão do Brasileiro, vale como um alívio.
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