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Silvio Lancellotti - Blogs

Para a Liga de clubes da Itália, o Palmeiras não pode jogar na Bota

De 2022 em diante, com a exceção dos arqueiros, será proibida a utilização de todos os tons de verde nos uniformes da Série A. E o veto se estende inclusive aos árbitros e às placas de publicidade.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

O esmeraldino Palmeiras
O esmeraldino Palmeiras

A portentosa Liga de Clubes da Série A da Velha Bota acaba de impedir que o Palmeiras, o time luminar da colônia italiana aqui no Brasil, dispute o “Nazionale” peninsular. Não que o imponente esquadrão do Parque Antarctica pretendesse mudar de país, quem sabe numa tentativa de soterrar, instalado na Europa, as brincadeiras impiedosas de não “ter mundial”. Na verdade, numa decisão radical, que ultrapassa qualquer ridicularia, a Liga decidiu vetar, é, exatamente, proibir, a partir da próxima temporada de 2022/23, o uso dos uniformes verdes para os “calciatori di movimento”, os jogadores de linha, com a exceção do arqueiro.

Um exemplo do efeito de "Chroma Key" com o fundo verde
Um exemplo do efeito de "Chroma Key" com o fundo verde

As justificativas viajam da submissão à tecnologia, ou ao dinheiro dos patrocinadores, até uma patética interpretação da imperiosidade de se respeitarem ditames do “políticamente correto”. De fato, verdes são os tons de fundo cruciais numa trucagem chamada “Chroma Key”, uma artimanha pela qual se gravam imagens que, depois, são recortadas e então inseridas em outras. Graças a esse mecanismo, por exemplo, se encaixam fotografias ou anúncios no decorrer de uma partida. Acontece, todavia, declaram os super-sábios da Liga, que essas superposições podem criar distorções nos contrastes com o gramado. Será?

Espanha e Itália, a confusão em preto-e-branco
Espanha e Itália, a confusão em preto-e-branco

Escrevi “podem” porque, sinceramente, nunca percebi nada de errado. No caso dos uniformes, também nunca me pareceu existirem problemas como ocorria, aí sim, nos tempos antigos da TV em preto-e-branco. Naqueles idos, efetivamente, surgia alguma confusão num prélio entre o grená do Juventus da Mooca e o esmeraldino do Palmeiras. Ou, num duelo de seleções, entre o vermelho de Portugal e o azul da França. Tanto que, desde a Copa da Espanha/82, a FIFA pré-determina as cores de meias, calções e camisas que cada seleção envergará em cada peleja. Da mesma forma, nos campeonatos da Bota, cabe à equipe hospedeira o direito de vestir o seu fardamento principal. A visitante sabe que roupa levar na bagagem. Sem dizer que sempre dispõe da B para as emergências.

Na placa, o "Hein" que quase se mistura ao gramado
Na placa, o "Hein" que quase se mistura ao gramado

O busílis da questão, enfim, reside num outro endereço. Sim, aceito, os verdes dos uniformes interferem. Só que não atrapalham o transcorrer de um cotejo. Na realidade, o “movimento” dos atletas no gramado provoca as tais distorções nas visualizações gráficas dos “foguetes” de publicidade, aquelas cenas deslizantes que, basicamente nos momentos de bola parada, atravessam a tela da TV. Ou nas placas de publicidade ao redor do campo. Pela inviabilidade de mudar as cores do gramado, insanidade que a Natureza não admitiria, a Liga proscreveu todos os verdes imagináveis, no fardamento, na propaganda, nas placas e também para os quatro integrantes da arbitragem, os gandulas e os seus etceteras,


À esquerda a visão normal, à direita a visão dos daltônicos
À esquerda a visão normal, à direita a visão dos daltônicos

Como uma camuflagem de decisão tão labiríntica, tão estapafúrdia, tão abstrusa, tão imbecil, alguma sumidade da cúpula da liga, cujo nome eu protegerei em honra do seu passado, argumentou em defesa dos daltônicos, os quais não distinguiriam os verdes, entenderiam os verdes como cinzas ou como amarronzados. Ora, convenhamos, com todo o meu respeito aos daltônicos, cerca de 8,5% da população masculina, apenas 0,5% da população feminina da Terra, não creio que, ao verem uma porfia, se embaralhem na percepção do que são os “calciatori di movimento” em relação às quatro linhas.

Nos uniformes do Sassuolo, os "neroverdi" do estatuto
Nos uniformes do Sassuolo, os "neroverdi" do estatuto

Algumas agremiações da Itália recorrem aos verdes nos seus uniformes secundários. Caso de Lazio e Napoli. De todo modo, e o Sassuolo, que cedeu à “Azzurra”, recém-campeã da EuroCopa, craques como Domenico Berardi e Manuel Locatelli, como ficou o ascendente “neroverdi” da Emìlia-Romagna, de cores definidas em seu estatuto? Obviamente reagiu de imediato, tanto que a Liga, numa recuada tão grotesca como a decisão original, assegurou que a norma não incidirá sobre os clubes em que verdes representem as cores titulares. Espera-se, igualmente, um seu pronunciamento a respeito do “Green Pass”, o “Passe Verde” que as autoridades sanitárias da Bota entregarão aos torcedores já imunizados contra a Covid-19 para que possam freqüentar os estádios, sem sustos, na próxima temporada.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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