Outra vez Gustagol, e o Corinthians se salva no finalzinho do combate
Na Sul-Americana, com uma atuação que beirou a mediocridade, o "Timão" perdia do Racing, 0 X 1, mas o artilheiro igualou, de cabeça, aos 88'
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Objetos diretos de investigação e escrutínio no decorrer da semana, o São Paulo e o Corinthians atingiram nesta quinta-feira, dia 14 de Fevereiro, uma encruzilhada de perspectivas bem diferentes. Quarta, à noite, o “Tricolor” amargou o drama da humilhação da sua desclassificação numa pré- fase da Libertadores e ainda ampliou os números do seu pior começo de temporada desde 1992: três vitórias, um empate e sete derrotas. Uma óbvia e inexorável conseqüência, a demissão do treinador André Jardine apenas agravou a crise no Morumbi. O clube anunciou, pateticamente, que o seu sucessor será Alexi Stival, o Cuca. Mas, como Cuca ainda convalesce de uma cirurgia cardíaca, por enquanto assumirá, interino, o coordenador Vagner Mancini.

Um inoportuno e paupérrimo remendo. Mancini havia chegado a declarar que não toparia tal transitoriedade mas engoliu o abacaxi. Paralelamente, o “Mosqueteiro”, no seu início mais desastroso desde 2001, pela Copa Sul-Americana abrigaria, na sua Arena ainda-sem-nome de Itaquera, o Racing de Avellaneda, platino como o Talleres carrasco do São Paulo. Era um “Timão” esperançoso de um destino diferente. Entretanto, não deu. Continuou a se apresentar de maneira inconseqüente, como ocorre no Estadual. Sofreu o gol do Racing quando ainda procurava a sua ordenação no gramado. Obteve o gol do empate no sufoco, quase ao encerramento do combate. Por causa do gol qualificado, fora de casa, na volta, em 27 de Fevereiro, no seu El Cilindro dos arredores de Buenos Aires, o histórico, estóico representante da Argentina, se classificará se preservar o 0 X 0 padrão, antes de subir ao gramado.

Com dois triunfos, duas igualdades e três quedas nos sete primeiros jogos, o Corinthians fantasiava se desvencilhar do estigma daquela performance de dezessete anos atrás, quando acumulou dois empates, três fracassos e uma só vitória. Comandavam o seu elenco, então, Darío Pereyra, que acabou demitido abruptamente depois de três porfias, e Vanderlei Luxemburgo que, impactantemente, conseguiria levar o clube ao seu 24º título no Estadual. Necessitava também se vingar da equipe batizada de “La Academia”, em 2017 a responsável pela sua despedida na mesma competição, no tal critério do gol qualificado, 0 X 0 em Avellaneda e 1 X 1 na Arena. Pior, diante do “Timão”, era positivo o cartel do Racing: em seis cotejos, três empates e dois triunfos.

O aumento despropositado nos preços dos ingressos afugentou a “Fiel Torcida”. Meros 24.237 espectadores para os 47.605 lugares da edificação de Itaquera. Quem lá esteve, contudo, exibiu um único propósito: extrair do seu elenco, enfim, um desempenho convincente desde o retorno de Fábio Carille ao cargo de treinador. Campeão do Brasileiro de 2017, bi do Paulista em 2017/2018, em Maio ele optou por trocar o “Timão” pelos petrodólares sauditas. No percurso, passaram pelo comando Osmar Loss e Jair Ventura, e por muito pouco o Corinthians não desabou à Série B do Brasileiro. Como, todavia, não funcionou a aventura de Carille na Arábia, o clube decidiu resgatá-lo. Infortúnio: até esta quinta o seu carisma não tinha ressurgido. Não ao ponto de ele montar uma estrutura eficiente com os reforços que recebeu.

Dificuldade fundamental de Carille: a arrumação do seu miolo de retaguarda, composto por Manoel, contratado recente, ex-Cruzeiro/BH, e por Henrique, remanescente dos tempos preciosos dos saudosos Pablo e Balbuena. O orientador do Racing, o antigo meia Eduardo Coudet, de lição bem aprendida, forçou as suas contra-ofensivas em velocidade precisamente sobre os beques titubeantes. Pois foi depois de uma rebatida grotesca de Henrique e de um drible ginasiano em Manoel que, aos 22’, Andrés Rios abriu o marcador,1 X 0. Carbono, o mesmo drama se sucederia a cada nova investida da “Academia”.

Sem nenhuma engenharia na sua transição, o Corinthians se limitava a chutões destemperados em busca de Vágner Love e principalmente de Gustagol. Na etapa derradeira, mais centralizado, Jadson se empenhou em armar lances minimamente eficazes. Quase nada colaboravam, porém, os parceiros de meio-campo, Ralf, Ramiro e Sornoza. A “Academia” de Coudet se esmerava na proteção da sua área. E Carille apostou nas trocas.
Clayson na posição de Ramiro. Sérgio Díaz no posto de Love. Pedrinho ao invés de Jadson. Intenção evidente, investidas pelos flancos. E, como a substituição principal, a tradicional raça no lugar da organização. Azar de Carille: do outro lado também havia um coração de antologia. Então, num levantamento de Sornoza, de cocuruto o onipresente Gustagol registrou o tento do empate aos 88. Infelizmente, tarde demais.
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