O debate maluco sobre o maior artilheiro da História do Futebol
Puristas das estatísticas não aceitam os 1.283 tentos de Pelé. Garantem ele fez apenas 766. Pois Cristiano Ronaldo tem 765 e, nesta terça, dia 2, diante do Spezia, pode bater a marca do Rei.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Data do sábado, dia 27 de Fevereiro, a bela imagem que exibe Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e o número 1.500, resultado da soma dos tentos que ambos registraram em suas longas carreiras. Gols que, na Europa, se consideram como oficiais, anotados em clubes profissionais ou pela seleção de fato principal de cada pátria. No caso do CR7, Sporting, Manchester United, Real Madrid, Juventus e a “Equipa das Cinco Quinas”. No caso do “Pulga”, o Barcelona e a “Albiceleste”. Aos 85’ da peleja contra o Sevilla, placar de 2 X 0, o platino havia realizado o seu gol 735 em 924 jogos. O lusitano acumulava 765 tentos em 1.044 prélios. E ainda atuaria, no mesmo sábado, mas duas horas após, pela “Senhora”, contra o Verona, e ainda cravaria o número 766 no seu currículo de avante. Total: 1.501.
Messi é mais novo, completará 34 de idade no dia 24 de Junho. Fez seu primeiro gol em 1º de Maio de 2005, nos acréscimos de um Barcelona versus Albacete, final 2 X 0. Cristiano Ronaldo, mais velho, chegou aos 36 no dia 5 de Fevereiro. E fez os seus primeiros tentos, logo dois, já na sua estréia, 7 de Outubro de 2002, Sporting 3 X 0 sobre o Moirense. Ambos seguem à caça de um simbólico laurel, aquele de maior artilheiro da História do Futebol. Para os estatísticos puristas da Europa, não entram na disputa os 1.283 gols atribuídos a Pelé. Os puristas não consideram que valham os tentos que o Rei acumulou, por exemplo, com a Seleção Paulista, ou na seleção do Exército ou nas viagens caça-níqueis do Santos.
Na relação dos puristas, Pelé teria apenas 767 tentos – ou, só um acima do CR7, que pode igualar ou pode inclusive sobrepujar o Rei nesta terça-feira, 2 de Março, na partida da Juve, 46 pontos, contra o Spezia, 25, “giornata” 25 do Campeonato Italiano de 2020/21. Ronaldo também briga pela manutenção da liderança da artilharia na Bota. Soma 19 tentos em 20 pelejas. Na sua perseguição, com 18 gols em 23 pugnas, aparece Lukaku da Internazionale, nos 56 pontos e a tarefa basicamente tranqüila de visitar o Parma quase rebaixado, meros 15. Suprema ironia: Ibrahimovic, do Milan, parecia inalcançável na rodada 8, quando havia acumulado 10 tentos em seis cotejos. Daí, numa sucessão de lesões, ficou oito jogos no estaleiro e, nas últimas oito porfias, apenas acumulou quatro tentos. Pior: no duelo deste domingo, contra a Roma, mais uma vez se contundiu. De forma singularmente estranha.
Cabeça fresca o Ibra, havia programado uma incursão, durante toda esta semana, ao antológico Festival de San Remo. Não pra tocar algum instrumento ou interpretar uma canção particular. Mas, para distribuir autógrafos e outros mimos em nome de um seu patrocinador pessoal. No instante exato em que, por volta dos 50’, quando a Roma fez 1 X 1 e o Ibra principiou a esfregar a coxa esquerda, os cínicos/céticos de plantão imediatamente suspeitaram: mutreta. O Milan havia liberado suas aparições em San Remo desde que ele retornasse para enfrentar a Udinese, quarta-feira. A ver como Ibra se portará. O “Diavolo” ao menos virou o placar, 2 X 1, subiu aos 52 pontos e se manteve vivo na competição.
Pelo mesmo critério que determina os tentos de Pelé, do CR7 e de Messi, o Ibra teria, hoje, 743. É, todavia, o mais velho dos que continuam em ação. Atingirá 40 de idade em 3 de Outubro. Difícil imaginar que alcance o primado do Rei, ou do argentino, ou do português. Além disso, os estatísticos ainda apontam, acima dos 767 de Pelé, outro brasileiro, Romário, com 772, e ainda um intrometido de nome Josef Bican (1913-2001), que atuou na Áustria e na antiga Tchecoslováquia entre 1928 e 1955 e teria ou 805 ou 821 gols na bagagem. A disparidade decorre de uma circunstância explicável: Bican continuou a bater bola na época da II Guerra mas os relatos daquele período, claro, são pouquíssimo confiáveis. Trata-se de uma divergência de somente 16 e não de 516. De todo modo, sobra um fato indiscutível no meio dessa aritmética. O Rei Pelé jamais trocaria o Futebol por um evento de canções.
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