No Olea, uma soma preciosa de Gastronomia e linda ambientação
No cardápio, uma excepcional mozzarella, vegetais orgânicos, massas frescas, pizzas, sobremesas diferentes, em seus quatro endereços da Paulicéia
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Num belo dia do Verão italiano de 1986, o iate de Lucio Dalla, um cantor e compositor da Velha Bota, sofreu uma pane no Golfo de Sorrento, vizinhança de Nápoles. Dalla conseguiu atracar no píer bem à frente do Hotel Vittoria, um albergue celebrado da região, propriedade da família Fiorentino. Claro, se alojou no hotel, por coincidência na mesma suíte de cobertura em que havia morado o grande tenor Enrico Caruso (1873-1921). E, num esplendoroso lampejo de inspiração, no mesmo piano em que o astro se exercitava e que os donos do Vittoria mantinham sempre afinado, elaborou “Caruso”, logo um sucesso planetário numa interpretação magistral de Luciano Pavarotti.

Chamava-se Onorato o fundador do Vittoria, pai de Gino, um amigo de Caruso e, por sua vez, pai de Riccardo, que em 1976 desembarcou na Paulicéia, convidado a montar o primeiro Residence-Hotel do Brasil. Quando Riccardo, anos depois, retornou à Itália, aqui permaneceu seu filho Onorato que, a partir da década de 90, desenvolveria uma carreira brilhante no ramo da Gastronomia, de endereços como Amici Miei, Papermoon, Brìcola, Onorato, e desde 2009 uma rede primorosa de nome Olea Mozzarella Bar. Já são quatro os seus pontos: em Pinheiros, (Rua Joaquim Antunes 198), no Shopping Cidade Jardim, na Mercedes-Comark da Avenida Faria Lima e no Plaza Iguatemi.

Acompanham Onorato os associados Giovanna Paternó e Fabio Diomelli, outros apaixonados por Gastronomia. Na matriz do grupo, em Pinheiros, fulgura o “condottiere” e “sommelier” Vinícius Carneiro de Mendonça, que viaja à Europa anualmente à procura dos vinhos ideais para cada prato, no Olea a preços cativantes. O próprio Onorato, tal arquiteto diletante, criou a ambientação do restaurante da Joaquim Antunes, uma combinação de rusticidade, muita madeira, muitos verdes, um charme fascinante. Aliás, no meio do salão paira exatamente uma oliveira, uma legítima “Olea europaea”, planta importada bem novinha e que, hoje, devidamente aclimatada, cresce, alegremente e de modo altaneiro debaixo de um forro translúcido.

Logo à direita da entrada o visitante depara com o forno de lenha em que se perpetram pizzas e os “corniccioni” crocantes do couvert, a se desfrutar na nobre parceria de um azeite extra-virgem brasileiríssimo mas comparável a qualquer mediterrâneo. Daí, pode escolher entre os dois salões do térreo ou o charmoso, acolhedor mezzanino, ao qual se chega via uma escada ultra-confortável. Está nos fundos do térreo, porém, o coração do Olea, o seu bufê de vegetais, legumes e cereais expostos em um balcão de vidro com todas as espécies de agregados possíveis. Cada cliente pode construir a sua salada como desejar, sob a orientação de atendentes treinadíssimas nas explicações. Cada salada se escolta por um grelhado de peixe (truta, saint-peter ou salmão), de frango ou de bife ancho. Detalhe engenhoso e providencial: o Olea apenas trabalha com o frango ou com os vegetais orgânicos.

Mozzarella? Bem, mais adequado o plural, “mozzarelle”, excepcionais, a defumada e a fresca, principalmente uma fenomenal “burrata”, enorme, 150g de peso, o seu creme a brotar, voluptuoso, do interior. Entrada obrigatória, ao lado dos aspargos com ovo pocheado, os enroladinhos de massa de pizza com mozzarella e presunto cru, e enfim os “arancini”, os bolinhos de arroz com nacos de mozzarella que, à mordida, escapole do miolo num fio inebriante. Há ainda as massas, tanto as secas, trazidas da Bota, como as artesanais, caseiras, produzidas lá mesmo. Por exemplo, eu não resisto aos Gnocchi alla Bolognese, sutilérrimos, mesmo sob a densidade de um dos melhores ragús que já pude experimentar em minha longa vida de comilão.

Embora compactas, as possibilidades “à la carte” tem o condão de satisfazer quaisquer leques de paladar. Risotos ao açafrão ou de alcachofras. A Tagliata, finas fatias de rosbife com alecrim, rúcula e tomatinhos. As Scaloppine no molho de limão ou à milanesa. E, no departamento de doces e gelados, à parte o clássico Tiramisú, o sorvete de iogurte de limão siciliano ou de gianduia, é imperdível a Torta Caprese, massa delicadésima de amêndoas que se desfruta ao lado de uma bola de creme de baunilha. Isso, sem dizer que Onorato & Cia. não se esqueceram de que as crianças também merecem um carinho particular. No Olea existe um menu específico para os bambinos. Tudo enriquecido por um serviço jovial e eficiente. E, repito, a valores invariavelmente acessíveis, um conjunto digno de fatores que transformaram os seus quatro endereços nos favoritos de um público capaz de lotá-los diariamente e de fazê-lo um dos melhores destaques deste 2019.
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