Os vinte clubes do Brasileiro de 2020
Reprodução Rede Brasil
Emaranhado numa confusão tão maluca, tão desenfreada, que ninguém na Mídia pareceu capaz de cravar o número exato de personagens, o Brasileiro de 2019 superou todos os recordes no departamento de mudanças das comissões técnicas. Falou-se de 24 até 27. Mas, pelas minhas contas, inclusive os interinos e ainda aqueles que protagonizaram inusitadas viagens de ida e volta, foram 51 os indigitados que ocuparam o posto de treinador nas vinte agremiações do certame ganho pelo Flamengo do lusitano Jorge Jesus, enfim substituído por um espanhol, Doménec Torrent.
A taça de campeão
CBFJesus se despediu por conta própria, de saudade da pátria. Mas o torneio de 2020, cujo começo a Covid-19 atrasou para 8 de Agosto e cujo término talvez só ocorra em 24 de Fevereiro de 2021, ah, esse promete uma balbúrdia equivalente. Neste domingo, dia 13 de Setembro, em que desembarcou na rodada 10, e com ainda cinco jogos atrasados de jornadas anteriores, o certame já testemunhou sete quedas efetivas. Eis as trocas e a síntese das performances dos clubes respectivos. Das sete novas comissões técnicas agora em ação, meramente duas venceram, as do Goiás e do Athletico/PR.
Thiago Larghi, do Goiás
Rosiron Rodrigues/GoiásFC
GOIÁS
Ironicamente, Ney Franco, o primeiro dos sete demitidos, era o mais duradouro nos clubes afetados. Ocupava o seu posto desde 7 de Agosto de 2019 e desabou pouco mais de um ano além, em 20 de Agosto de 2020, logo depois da rodada de número 4. Tinha um combate adiado, duas derrotas e um empate. Em 21 de Agosto, assumiu Thiago Larghi, ex-Atlético Mineiro. Com Larghi, o “Verdão da Serra” não melhorou praticamente nada: uma vitória, um empate e duas derrotas, até que, neste 20 de Agosto, em seu Estádio Hailé Pinheiro, recebeu o líder Internacional de Porto Alegre. Teve um jogador expulso logo aos 4’, e ainda assim realizou 1 X 0. Então, bravamente segurou o placar para a justa euforia de Larghi e dos seus pupilos.
Jorginho, do Coritiba
coritiba.com
CORITIBA
Outro antigo no cargo, desde 20 de Dezembro, Eduardo Barroca também caiu logo ao se encerrar a rodada 4, mas no dia 21 de Agosto. Carregava quatro derrotas seguidas. Imediatamente assumiu o seu posto Jorge de Amorim Campos, o Jorginho, campeão do mundo com a seleção brasileira de 1994 nos EUA. Na verdade, reassumiu, pois já fôra o treinador do “Coxa” em 2019, na campanha de retorno à Série A. Com Jorginho, o Coritiba ameaçou se reequilibrar, duas vitórias, duas igualdades, duas derrotas, até tombar no sábado, dia 12 de Setembro, precisamente em visita ao rival Athletico, 0 X 1. Resultado: continuou na precariedade da zona de rebaixamento à Série B.
Jair Ventura, do Sport Recife
Anderson Stevens/SCRecife
SPORT RECIFE
Um antigo meio-campista, a perambular por uma dúzia de agremiações, Daniel Pollo Barión, apelidado Paulista porque nasceu em Ribeirão Preto, assumiu o “Leão” em 14 de Fevereiro depois de levar o Confiança de Sergipe à Série B. Caiu em 23 de Agosto, no currículo um triunfo, um empate e três derrotas. No dia 24, assumiu o seu lugar Jair Ventura, passagens irregulares por Botafogo, Santos e Corinthians. Obteve duas derrotas e duas vitórias, uma delas excelente, sobre o Grêmio, em Porto Alegre, em um episódio que lhe garantiu a sobrevivência até este dia 13, quando o seu elenco hospedou o invicto Palmeiras. E que continuou invicto, 2 X 2. Quanto a Jair, vida que segue.
Eduardo Maciel de Barros, do Athletico/PR
@Athletico
ATHLETICO PARANAENSE
Um sólido médio-volante de destaque no Palmeiras entre 1989 e 1992, Dorival Silvestre Júnior, 18 anos de carreira como treinador, estava no “Furacão” desde o dia 27 de Dezembro de 2019. Inclusive conduziu o rubro-negro ao título estadual da temporada. E, neste Brasileiro, ganhou os seus dois primeiros cotejos. Depois, porém, sucumbiu a três derrotas consecutivas e perdeu o lugar no dia 28 de Agosto. Subiu de degrau, mais uma vez, Eduardo Maciel de Barros, paulista de Campinas, 35 de idade, sempre um interino à disposição da cúpula do “Furacão”. Na base do time desde 2014, com um intervalo no Audax de Osasco, já havia orientado o elenco principal antes de Dorival. E se aliviou ao ganhar, precisamente, do inimigo Coritiba, no sábado, dia 12 de Setembro, 1 X 0 no seu Barradão.
Maurício Barbieri, do RB Bragantino
@RBBraga
RED BULL BRAGANTINO
Campeão Nacional da Série B de 2019 com duas pugnas de antecedência, um precioso primeiro semestre em que realizou a melhor performance no turno de classificação do Brasileiro, Felipe Conceição não passou da rodada 6 do Nacional de 2020. Tinha um triunfo, duas igualdades e duas derrotas quando o Fortaleza lhe pespegou 3 X 0 e o chamado clube-empresa o demitiu em 31 de Agosto. Maurício Barbieri, o treinador do CSA entre Dezembro e Fevereiro, enfim assumiu o RB no dia 2 de Setembro. A “débâcle”, todavia, prosseguiu. Neste domingo, o Braga chegou a manter o empate, 1 X 1, até que, aos 87’, numa pressão impressionante, no Mineirão, o Atlético/MG fez fez 2 X 1 e relegou Barbieri à rabeira da classificação.
Mano Menezes, do Bahia
Felipe Oliveira/ECBahia
BAHIA
Mesmo um dirigente de estilo moderno, inovador, como Guilherme Bellintani, o presidente do “Tricolor de Aço”, tem momentos em que depara com um limite. No caso, a compulsão de demitir Roger Machado, o treinador desde Abril de 2019. Aconteceu em 2 de Setembro, depois de o Bahia perder do Flamengo, 3 X 5, no Estádio do Pituaçu. Ironicamente, o elenco do “Tricolor” não parecia ruim no torneio: uma pugna adiada, duas vitórias, dois empates, e havia realizado uma bela porfia diante do atual campeão do País e da Libertadores. Desde 4 de Agosto, todavia, a data em que o Ceará superou o Bahia e arrebatou a Copa do Nordeste, eram brutais as pressões da torcida. Em 8 de Setembro, outro gaúcho, Mano Menezes, assumiu. Por enquanto, sem sucesso. Mesmo dentro de casa, o “Tricolor” permitiu o sucesso do Atlético Goianiense, que pôde escapulir da zona de rebaixamento.
Dyego Coelho, do Corinthians
@SCCP
CORINTHIANS
No seu segundo retorno ao “Timão”, depois de meses de crise, enfim, no 3 de Novembro de 2019, Fábio Carille se afastou do encargo. No dia 7, o clube informou que havia contratado Tiago Retzlaff Nunes, advindo de uma ótima performance no Athletico Paranaense. Estranhamente, no entanto, o novo treinador apenas assumiria em Janeiro de 2020. E, em três circunstâncias, seria abalroado pelo rival mais desprezado, o Palmeiras. Não chegou a enfrentar o “Verdão” na insólita Florida Cup mas o velho adversário levou a taça. Daí, nos penais, perdeu o título do Paulistão. Pior, no primeiro empenho como mandante na sua Arena enfim-com-nome de Itaquera, a Neo-Química, no dia 11 de Setembro, soçobrou, humilhantemente, por 0 X 2.
Tiago Nunes, ex-"Timão"
Adriano Vizoni/FolhaPressE não se diga que Tiago desabou apenas por sua sucessão de fracassos diante do Palmeiras. Na verdade, em quatro confrontos diretos, ele até ostentava um triunfo e duas igualdades. Sucumbiu pelo conjunto da sua obra: num total de 27 jogos, 8 vitórias, 10 igualdades e 8 derrotas, o aproveitamento de menos de 42%. Além disso, em toda a sua gestão lhe faltou o crucial acolhimento de um elenco insatisfeito pela indefinição dos onze titulares. Assumiu a posição o interino de praxe, o mesmo Dyego Coelho que já havia substituído Carille em 2019. Herança patética da gestão de Tiago, uma ausência integral de padrão, perdeu do Fluminese por 1 X 2 e mergulhou perigosamente na obscuridade da zona de rebaixamento. Haja drama à vista em Itaquera.
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