Na Itália, nesta segunda, dia 8, a solução para o caos do Calcio
Na esperança de que a Covid-19 permita, o Conselho Federal da FIGC se reune para aprovar, ou não, aquilo que os clubes, confusamente, já propuseram.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Já são quarenta dias de dúvidas, debates e basicamente nenhuma decisão. Em 29 de Maio, Gabriele Gravina, o presidente da Federcalcio, anunciou um projeto em três andares que, na dependência do bom comportamento da Covid-19, poderia assegurar o correto prosseguimento e até mesmo a decisão, dentro de campo, do Campeonato Italiano de Futebol, edição interrompida de 2019/2020. E esse projeto permanece inconsistente, e em pleno caos.

O seu Plano A propõe que, congestionadas, quase sem descanso, acontecerão todas as 124 partidas pendentes desde 24 de Fevereiro. Um Plano B estabelece que a definição do ganhador do “scudetto” se fará através de “playoffs”, a dos times rebaixados através de “playouts”. E, enfim, um exótico Plano C introduz na confusão um algoritmo, um fator de correção, capaz de especular sobre uma suposição: como as agremiações se apresentariam na hipótese de que os cotejos suspensos se realizassem. Em 4 de Junho, ao menos, os vinte clubes da Série A atiraram ao limbo a tolice do algoritmo.

Por enquanto, meramente se convencionou que o torneio recomeçará num sábado, 20 de Junho. Que, por causa do Verão na Bota, as contendas se desenrolarão em horários confortáveis, a partir das 17h15. E que, no caso de nova interrupção ou quarentena, a tabela de pontos positivos sofrerá uma adaptação aritmética exclusivamente para se determinarem os qualificados às futuras competições do continente, a Champions League e a Europa League. Não existirá um campeão, não haverá rebaixamento. Donde, o Campeonato de 2020/2021 talvez ostente até 22 equipes, as vinte da A e mais aquelas duas diretamente promovidas da B - sem os habituais "playoffs".

Dos vinte clubes que participaram da assembléia, houve abundantes dezesseis votos em favor dessa proposta. E, curiosidade, comandou a bancada majoritária Andrea Agnelli, o dono e presidente da Juventus, que lidera a tabela e busca o seu nono título em série mas, de forma alguma, admite qualquer facilitação. Com a Juventus se aliaram Atalanta, Bologna, Brescia, Cagliari, Fiorentina, Genoa, Inter, Lecce, Parma, Sampdoria, Sassuolo, SPAL, Torino, Udinese e Verona. A Lazio, o Napoli e a Roma se abstiveram. E o Milan, sabe-se lá por quê, se colocou absolutamente contra tudo.

Também não passou o Plano B, cujo os times sequer se empenharam em analisar. E existirá um campeão e haverá rebaixamento apenas numa única possibilidade: caso surja a imperiosidade cruel de outra quarentena e, por exemplo, ou a Juve ou a Lazio, hoje com 63 e 62 pontos, abra uma vantagem inacessível; e caso Brescia e SPAL, hoje com 16 e 18 pontos, consigam desperdiçar as suas últimas chances de sobrevivência na divisão de cima. É, de nada valeu o empenho insano de Gravina, que chegou a ministrar aulas sobre como o algoritmo funcionaria. Coitado. Ninguém curtiu as suas lições.

Neste domingo, 7 de Junho, a assembléia dos vinte times voltou a se mobilizar, agora para os retoques derradeiros em seu protocolo. O documento, afinal, ainda precisa ser ratificado, na segunda-feira, 8, pelo Conselho Federal da FIGC, que abriga 28 membros. O aval pede quinze votos e a Série A apenas ocupa três lugares no Conselho. Quer dizer: além dos seus três, a divisão de cima necessita do único eleitor da B, dos três integrantes de C e D, de todos os seis da Liga Diletante, e de mais dois votos dos quatro representantes dos atletas. Os treinadores tem dois votos, Os árbitros entram com peso um. Os oito outros provêm de representantes de departamentos diversos da FIGC, da UEFA e até da FIFA. Um turbilhão, no qual paira uma só certeza: Gravina trabalhou muito – para ficar com nada, sequer as migalhas do pão.
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