Mesmo sem chance de título, o Real Madrid despacha a rival Juventus
Na ICC/2018, por 3 X 1, com uma promissora atuação de Vinícius Júnior, os "Merengues" sobrepujam exatamente o clube que lhes surrupiou o CR7
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Protagonistas de uma rivalidade antológica que data do começo da década de 60 e da antiga Copa dos Campeões, a Juventus de Turim e o Real Madrid se desafiaram neste sábado, 4 de Agosto, pela International Champions Cup, a ICC, nova e fascinante competição de preparação que agora atinge a sua edição de número 6 e que tem, aqui no Brasil, a cobertura exclusiva, com transmissões ao vivo, da Record News. O duelo aconteceu no FedEx Field de Landover, nas vizinhanças de Washington DC, a capital dos Estados Unidos, capacidade para 82.000 lugares, quase todos ocupados.

Distribuída por 15 cidades dos EUA, por 7 da Europa e mais Singapura, a ICC congrega 18 clubes, 4 da Itália e 3 da Espanha, 6 da Inglaterra, 2 da França, 2 da Alemanha e 1 de Portugal. Ostenta uma formatação peculiar, com apenas 27 partidas. Cada time participa de 3 pelejas. Cada vitória vale 3 pontos. No caso de haver uma igualdade em um cotejo se faz uma disputa de penais. O ganhador leva 2 pontos e o perdedor fica com o restante. Decide-se o seu título na soma dos pontos, numa tabela geral de classificação. No caso, provável até, de ocorrer o empate na tabela, seguem, como critérios, o confronto direto, o saldo de gols, os gols a favor, os pontos obtidos diante de oponentes comuns, os cartões vermelhos e os cartões amarelos, o menor número de faltas cometidas e, preservada a igualdade, um cara-ou-coroa.

Provinham de situações diferentes a “Zebra” da Itália e os “Merengues” da Espanha. A Juventus havia sobrepujado o Bayern na Alemanha por 2 X 0 e, então, se igualado ao Benfica de Portugal, 1 X 1, para daí batê-lo no bingo dos penais, 4 X 2. O Real havia sucumbido ao Manchester United. da Inglaterra, 1 X 2. No caso de vitória normal, a de 3 pontos, a “Velha Senhora” assumiria a liderança da competição, adiante do Tottenham da Inglaterra, na cota dos 7 e um saldo de 4 gols. No caso de triunfo nos penais, subiria aos 7 mas diria adeus ao troféu por causa do saldo inferior. Quanto aos “Merengues”, mesmo que derrubassem a Juve não passariam do degrau dos 6.

Existia um equilíbrio histórico entre as duas agremiações. Do confronto inaugural, melhor-de-três, na Copa dos Campeões de 1961/62, quando o Real se classificou por dois sucessos a um, até o derradeiro, em Madrid, fase de quartas-de-final da Champions League de 2017/2018, quando a Juventus fazia 3 X 0 e, nos acréscimos, o time adversário diminuiu num penal duvidoso e se qualificou no placar agregado, ocorreram 21 combates, vantagem dos “Merengues” por 10 X 9, além de 26 X 25 nos gols. Pena que Cristiano Ronaldo, recém-contratado da Juve, tenha ficado na Bota a cuidar da sua mudança.

Durante toda a semana, ele e vários companheiros que se empenharam na Copa da Rússia se limitaram aos treinos físicos e à confraternização. Levado por colegas, o CR7 inclusive fez a sua estreia gastronômica na cidade, um jantar que lhe ofereceu Giovanni Grasso, o proprietário do celebradíssimo restaurante La Credenza. Comeu uma clássica “Caesar’s Salad”, à base de alface romana, alici, lascas de frango, parmesão e muito azeite. Devorou uma travessa de gnocchi com molho de berinjelas e menta. E não se poupou de meia-garrafa do solene Barbaresco, um dos melhores tintos do planeta.

O novo ídolo dos tifosi da Juve e mais astros como Dybala, Cuadrado, Douglas Costa e o retornado Bonucci viram a pugna no imponente J-Hotel que a Juve construiu, numa sociedade com diversos incorporadores, no magnífico CT de Continassa, bem pertinho do Allianz Stadium. Existe de tudo em Continassa, além, claro, das suas instalações especificamente esportivas. Um auditório. Um spa. E um restaurante com três tipos de gastronomia: a do Piemonte, a do Mediterrâneo, a Internacional. Contém 11.200m2 e 138 apartamentos e uma ala apenas para que os atletas repousem nas vésperas de cada contenda.

Agora sob a orientação de Julián Lopetegui, demitido da seleção da Espanha, meras 48 horas antes de a Copa se iniciar, porque vazou a notícia da sua transferência aos “Merengues”, o esquadrão de Madrid carregou aos EUA quase que o seu elenco principal: Taylor Navas, Gareth Bale, Benzema, Tony Kroos, Asensio, Carvajal, Lucas Vasquez, e mais promessas como Luca Zidane e o garoto brasileiro Vinícius José. Claro, obviamente, tanto Lopetegui como Massimiliano Allegri, o seu opositor no banco da “Senhora”, utilizaram os onze melhores à disposição. Sem poupar, mesmo em pré-temporada.

Pois foi exatamente o ultraconfiável Carvajal que anotou, contra, o tento de abertura da “Senhora”. Aos 12’, um dos calouros de Allegri, o português Cancelo, investiu através do flanco esquerdo e cruzou. Carvajal tentou uma antecipação e traiu a colocação do arqueiro Navas, Juve 1 X 0. Ironia: os “Merengues” administravam as ações. Só aos 25’, porém, produziram um arremate, chocho, à meta do polonês Wojciech Szczesny, que batalha com Mattia Perin pela herança de Buffon. O mesmo Bale, todavia, acertou um lindo petardo de canhota, aos 39’, sem defesa, apesar da acrobacia de Szczesny.

O sonho dos tifosi da “Zebra” pareceu que soçobraria já aos 46’, numa sensacional triangulação Asensio, Vinícius Júnior e Ascensio, que tocou, 2 X 1, cara-a-cara com o polonês. Vinícius, aliás, demonstrou uma impressionante personalidade e, em alguns momentos, chegou a infernizar a retaguarda da “Senhora”. Pior, aos 55’, numa falha de Benatia e num frangaço do polonês, Asensio cravou 3 X 1 em favor do Real. A Juve literalmente se desmilinguiu. E Lopetegui se entregou ao luxo de trocar seis jogadores de um único gole.

Curiosidade: mesmo alojado da briga pelo troféu da ICC, além de detonar a sua inimiga histórica, o Real fez com que apenas um outro clube possa tirar o título de 2018 do Tottenham. Trata-se da Internazionale de Milão, a maior antagonista da “Senhora” na Itália. Na sua estreia a Inter empatou com o Chelsea, 1 X 1, e daí tombou nos penais, 4 X 5. Mas, neste mesmo sábado, suplantou os franceses do Lyon, 1 X 0 , graças à excelente atuação do argentino Lautaro Martínez, e escalou o patamar dos 4 pontos. Caso, no dia 11, consiga a proeza de superar o Atlético de Madrid, na Espanha, por 4 gols de diferença, abiscoitará o laurel que a Juve desperdiçou.
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