Kawhi Leonard? Que nada, na NBA a noite foi mesmo de Pascal Siakam.

Depois de sucumbirem, 0 X 2, nos seus primeiros jogos da decisão do título da Conferência Leste da NBA, Nick Nurse e a comissão técnica dos Toronto Raptors criaram um sistema tático capaz de praticamente neutralizar toda a imensurável potência de Giannis Antetokounmpo, o astro greco-nigeriano dos Milwaukee Bucks, já apontado como “The One” do esporte da cesta na próxima década. E ainda saborearam as atuações fenomenais de Kawhi Leonard, o responsável principal pela reviravolta, 4 X 2, que levou os Raptors, e o Canadá, a uma inédita final em 73 anos de existência da entidade que organiza o mais empolgante certame do Basquete profissional do planeta.

Pois nesta noite de 30 de Maio, na batalha inaugural da guerra pelo Larry O’Brien Trophy da NBA, os Raptors de Nurse & Cia. necessitariam de mais do que um sistema tático para desmontar o envolvente estilo coletivo dos Golden State Warriors. Mesmo sem os seus portentosos Kevin Durant e DeMarcus Cousins no elenco titular, ambos convalescentes de contusões, os “Dubs”de Steve Kerr dispõem de ao menos outros quatro atletas no nível de MVP, o “Most Valuable Player”: Stephen Curry, Klay Thompson, Draymond Green e Andre Iguodala. Esses e uma dezena de ótimos suplentes que, por suas atuações somadas, tranquilamente supriram as ausências de Durant e Cousins nos impositivos 4 X 0 sobre os Portland Trail Blazers na decisão da Conferência Oeste. “Dubs”? Uma brincadeira com o “W” dos Warriors.

De fato, a Toronto não bastaria que Leonard reprisasse o feitiço desferido contra Giannis, a quem limitou, em seis pelejas, à média de 22 pontos, e ainda forçou ao absurdo de 25 “turnovers”, ou bolas entregues bobamente. Isso, enquanto ele, Leonard, na média, registrava 31 pontos, 9 rebotes e 4 assistências. Nurse e os Raptors necessitariam de atuações igualmente soberbas de atletas irregulares em seus desempenhos mais recentes, como Pascal Siakam, Marc Gasol e Serge J. Ibaka. E também de Kyle Lowry, o coadjuvante dileto de Leonard. A sua missão primordial: impedir as “screens”, jogadas de corta-luz que tornam mais límpidos os arremessos de 3 pontos.

Repleta em seus 19.800 lugares, inesperadamente sem fãs uniformizados à moda dos Raptors, na ocasião de branco integral, a Scotiabank Arena acabaria por testemunhar, na mais justa empolgação, quase em delírio, um triunfo mais do que inacreditável dos seus rapazes, resultado de 118 X 109. E não porque Lowry e Leonard tenham, novamente, carregado o seu time através dos 48 minutos do combate. Leonard se limitou a 23 pontos, bem abaixo da sua média de 31,2. Lowry, pior, empacou nos 7, a mera metade dos seus pontos de costume. Em compensação, Gasol obteve 20, para um padrão de 8,6 – com 60% de acertos em suas cestas. E Pascal Siakam, o camaronês de 25 de idade que, até os 15, estudou para ser padre, se consagrou na porfia da sua vida, 32 pontos em absurdos, quase impossíveis 82,4% de acertos.

Na sua entrevista protocolar de pós-partida, Steve Kerr se lastimou pelo volume desolador dos equívocos dos seus Warriors. Por exemplo, os 16 “turnovers”, 6 de Green, o seu principal construtor de lances de ataque. Lamentou, ainda, a falta de pontaria dos seus artilheiros. Curry saiu da Arena com 34 pontos – mas, com apenas 44% de tiros no alvo, ele que reuniu quase 50% na temporada regular. Andre Iguodala, além de estacionar nos 6 pontos, sentiu a mesma dor incômoda que o afastou da última pugna com os Trail Blazer nos “playoffs”. Kerr afirmou que somente do domingo, data do segundo prélio em Toronto, saberá das condições do seu atleta. Resta ao treinador de Golden State sonhar com o retorno, em forma, de Kevin Durant.

A guerra pelo Larry O’Brien Trophy exige que um time alcance quatro sucessos numa eventual melhor-de-sete. Assim, depois do cotejo do dia 2, na Scotiabank Arena, a série terá ao menos mais dois prélios na Oracle Arena de Oakland, 5 e 7 de Junho. Daí, caso se estenda além de quatro jogos, partidas no dia 10 em Toronto, no dia 13 em Oakland e no dia 16 em Toronto.

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