Enfim a Roma sobe ao topo do pódio na UEFA, 1 X 0 no Feyenoord
Graças ao seu título, inédito na sua história, a "Loba" da capital italiana permite que o treinador José Mourinho se torne o primeiro a acumular as conquistas das três Copas interclubes da Europa
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Nesta mesma edição de estreia da Conference League da UEFA a Roma sofreu uma das maiores humilhações de toda a sua história inaugurada em 1927. Em viagem até a Noruega, na fase de grupos, no mínimo Aspmyra Stadion do Bodo/Glimt, engoliu um placar obsceno e absurdo de 1 X 6. Sua sorte que, transmissão televisiva parte, apenas 5.652 espectadores testemunharam tal devastação. Ainda conseguiu se qualificar como líder da chave e daí cresceu até que, nesta quarta-feira, dia 25 de Maio, desembarcou na final contra o time mais experiente do Feyenoord da Neerlândia, ex-Holanda.
Não foi tranqüilo o trajeto da “Loba” que, desde Maio de 2021, tem como treinador José Mourinho, o polêmico “Special One”. No “Nazionale” da Itália só na derradeira jornada alcançou o sétimo lugar e a sua vaga na próxima Europa League. Na etapa das quartas da Conference, uma outra vez diante do Bodo/Glimt, precisou revirar o placar de 1 X 2, como visitante, e enfim se vingou por 4 X 0. De todo modo, jamais antes desta data o “Special One” havia perdido uma decisão na UEFA. Ostentava dois títulos na Champions League e dois na EL. E fantasiava se tornar o primeiro treinador a abocanhar todos os três troféus continentais. Conseguiu realizar o seu grande sonho, sucesso da Roma por 1 X 0.
Uma primazia que o Feyenoord, também procurava, mas como agremiação. Já havia abiscoitado as taças das duas competições. Dirigido por Arne Siot, um antigo volante, no seu segundo time como treinador, ex do AZ Alkmaar, no cargo de agora desde Janeiro de 2021, o “Orgulho do Sul”, chegou invicto a esta partida. E, com a exceção do Marseille, nas semis, suplantou sossegadamente os rivais das oitavas e das quartas, o Partizan Belgrado da Sérvia e o Slavia Praha da República Tcheca. Não era, no entanto, o predileto dos apostadores na sua partida contra a Roma. Aliás, no passado, as duas equipes haviam duelado numa ocasião, nos playoffs eliminatórios da EL de 2014/2015, um triunfo da “Loba” em viagem, 2 X 1, e uma igualdade no Olímpico da capital da Velha Bota, 1 X 1.
Eis uma análise do prélio desta data na exótica Arena Kombétare de Tirana.
ROMA 1 X 0 FEYENOORD
Tirana, Albânia, Arena Kombétare, 22.500 lugares
Público: 19.597
Árbitro: Istvàn Kovacs (Romênia)
Gol: Zaniolo
Felizmente não se repetiram, na Kombétare, os incidentes que, através das ruas de Tirana, na noite anterior ao jogo, redundaram em dezenas de presos e feridos. Um albanês mais audacioso ousou provocar torcedores do Feyenoord com gritos em prol da Roma. Claro, um conflito explodiu e a polícia interveio. Ao menos na Arena, uma obra futurista de Marco Casamonti, arquiteto de Florença, o prélio se desenrolou esportivamente pacífico.
Mourinho optou por uma formação mais ofensiva, no 3-5-2, com Henrikh Mkhitharyian, um atacante natural, na sua intermediária. Infortúnio, porém, logo aos 17’, num lance isolado, o armênio se ressentiu de uma contusão e, às lágrimas, pediu substituição. O “Special One” precisou colocar no prélio um seu compatriota lusitano, o armador Sérgio Oliveira. Cautelosas em demasia, as duas equipes se limitavam às trocas estéreis de bola. Então, aos 32’, o careca Trauner apenas resvalou de cocuruto numa pelota cruzada sobre a sua área. Atrás dele, Zaniolo desfrutou a sobra e bateu sem chance para o arqueiro Justin Bijlow.
Faltaria intensidade para que o Feyernoord reagisse ainda na etapa inicial. De volta do intervalo, contudo, o elenco de Arne Soit se mostrou mais aguerrido. E depressa, logo aos 46’, em duas jogadas sucessivas, quase igualou. Num alçamento de escanteio, Trauner testou num poste e Guus Til, no rebote, exigiu a defesa espetacular de Rui Patrício. E o arqueiro português também salvou a sua equipe num petardo de Malacia das imediações da meia-lua. Melhor o “Orgulho do Sul”, retraidíssima a “Loba”. E o empate do Feyenoord começou a amadurecer. Talvez bem cedo, aos 65’, Mourinho trocou Zaniolo e Zalewski para reforçar a sua marcação com Veretout e com Spinazzola. E montou uma barreira de sete homens à frente da sua grande área. Uma muralha rubra, praticamente indevassável.
Transbordou de dramaticidade a porfia nos seus minutos derradeiros. Aos 84, Rick Karsdorp, da Roma, acusou dores na virilha e deixou a “Loba” momentaneamente com dez. E aos 85, em uma contra-ofensiva em velocidade, o capitão Lorenzo Pellegrini compeliu Justin Bijlow a efetuar uma acrobacia prodigiosa. Por sua vez, Bijlow abandonou sua meta e subiu malucamente ao ataque na tentativa do 1 X 1. Os acréscimos de 5’. E a “giallorossa” nas antologias, ineditamente no topo de um pódio continental. Festança na Kombétare. E na Itália, uma nação que não reconhecia o gostinho de uma conquista interclubes na UEFA desde a longínqua Champions League que a Inter de Milão arrebatou em 2010.
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