Disparadíssima na liderança do Campeonato Italiano de 2018/19, nesta sexta-feira, dia 8 de Março, a Juventus de Turim, na sua apresentação de número 200 em seu Allianz Stadium da capital do Piemonte, sobrepujou a Udinese por 4 X 1, confirmou a imensidão do talento do ainda adolescente Moise Kean, e subiu ao degrau incrível dos 75 pontos em 81 disponíveis, agora 19 mais do que o Napoli, segundo classificado. Verdade que, nesta rodada de número 27 do certame, o “Burro” da Terra da Pizza ainda entrará em campo no domingo, dia 10. Atuará, de todo modo, como visitante do perigoso Sassuolo.
O elenco e as estatísticas favoreciam a “Zebra” contra a “Zebrinha”. Ironia: fardamentos assemelhados à parte, a Udinese, de 1896, é mais velha que a Juventus, de 1897. A esquadra do Piemonte, porém, soma 34 “scudetto” e a agremiação do Fríuli não levantou nenhuma taça, daí o apelido no diminutivo, definido em 1959. Aliás, desde o seu primeiro cotejo, vitória da Juve, 1 X 0, em Ùdine, dia 12 de Novembro de 1922, as duas equipes acumulavam 97 confrontos, a “Senhora” com 64 vitórias a 12, e mais do que o dobro dos tentos anotados, 195 para 74. Ou, uma favorita absoluta.
Uma curiosidade de enciclopédia: desde a temporada de 1989/90, quando o Napoli foi campeão, a Juve ficou na quarta posição e a Udinese caiu à Série B, não acontece um único empate entre as “bianconere”. E a última vez em que a “Zebrinha” suplantou a “Zebra” data de 23 de Agosto de 2015, 0 X 1 em Turim, combate que marcou o fim de uma longa série invicta de 47 pugnas na cidade, na jornada inicial de um certame que a “Senhora” ainda conquistaria.
Obviamente preocupado em preservar o seu time para o duelo crucial da terça-feira, dia 12, no mesmo Allianz, a “Zebra” obrigada a reverter os 0 X 2 que lhe pespegou o Atlético de Madrid na “andata” da Champions League, o treinador Massimiliano Allegri apenas escalou, dentre os titulares, digamos, convencionais, o arqueiro Szcznesy, o ala Alex Sandro, o meia Matuidi, e os coringas Federico Bernardeschi, Rodrigo Bentancur e Emre Can.
Na frente, ao invés de Cristiano Ronaldo, Paulo Dybala ou Mandzukic, apostou no garoto Moise Kean, nascido na Bota mas descendente de marfinenses, meros 19 anos completados em 28 de Fevereiro. De nome pronunciado Móize Kén, em 19 de Novembro de 2016, numa partida contra o Pescara, aos 86’, placar consolidado em 3 X 0, o treinador o enviou ao campo para substituir Mandzukic. Pois Kean se tornou o primeiro atleta nascido em 2000 a estrear formalmente numa das principais ligas de toda a Europa.
Não teve muitas chances de se firmar. Esteve em poucas porfias pela “Senhora”, apenas 5, e só havia registrado uma única “rete”. No entanto, logo aos 11’, Alex Sandro investiu pelo flanco esquerdo do relvado e cruzou. Bem sobre a linha da área pequena, Kean se enfiou entre dois beques e aparou, 1 X 0. Impressionante: apesar de todos os seus desfalques, até os 39’ a “Zebra” não permitiu que a “Zebrinha” sequer obtivesse um corner ao seu favor. E então, quase na divisória do gramado, Kean se antecipou a um adversário, galopou até a área grande da Udinese, aplicou uma pedalada torturante em De Maio, ameaçou bater de canhota e arrematou de direita, 2 X 0.
Embasbacados, no banco, Dybala e o CR7 se levantaram para aplaudir o garoto. O CR7, inclusive, aos risos, tentou imitar a pedalada. Um soberano na porfia, Kean, aos 66’, sofreu um pênalti ginasiano de Fofana. A torcida gritou o seu nome, à espera de uma “tripletta”. Na Juve, contudo, a monarca do tradicionalismo na Bota, prevalece a hierarquia. E Emre Can cravou os 3 X 0.
Devastada a Udinese, incapaz de um tiro sequer à meta de Szcznesy, outra vez padeceria aos 71’, quando Spinazzola, que se provou um ótimo lateral, cruzou na testa de Matuidi, 4 X 0. A “Zebrinha”, ao menos, conseguiu o seu tento de honra aos 84’, graças a Lasagna. Claro que, do ponto de vista técnico, em relação ao Atlético de Madrid, o placar desta sexta não representou nada. Mas, moralmente, psicologicamente, valeu como embalo.
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