A ICC e a chance de a Internazionale de Milão enfim levantar uma taça
Sem um título desde 2011, a esquadra italiana necessita, neste sábado, quatro gols de vantagem sobre o Atlético, em Madrid. Missão complicada...
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Com o duelo entre a Internazionale de Milão e o Atlético de Madrid, termina neste sábado, dia 11 de Agosto, no Metropolitan Wanda da capital da Espanha, capacidade para 67.829 espectadores, a sexta edição da International Champions Cup, uma nova competição de pré-temporada que tem, no Brasil, a cobertura exclusiva, transmissões ao vivo, da Record News. Para arrebatar o título da ICC, a “Biscione” da Lombardia precisa bater os “Colchoneros” da Ibéria por uma diferença de quatro tentos. Claro, nada simples e nada fácil, tarefa quase impossível. O Futebol, de todo modo, conforme dizem por aí, costuma ser uma caixinha de surpresas.
Distribuída por 15 cidades dos EUA, por 7 da Europa e mais Singapura, a ICC congregou 18 clubes, 4 da Itália e 3 da Espanha, 1 de Portugal, 6 da Inglaterra, 2 da França e 2 da Alemanha. Numa formatação peculiar, com apenas 27 partidas, a cada time coube participar de 3 pelejas. Ao vencedor, os 3 pontos de praxe. No caso de igualdade em qualquer cotejo, o regulamento determinou que a decisão surgisse da disputa de penais, com 2 pontos ao ganhador e o restante ao perdedor. A soma dos pontos, numa tabela geral de classificação, definirá, nesta rodada derradeira, o conquistador do troféu. Mantém-se na ponta o Tottenham da Inglaterra, com 7 pontos e um saldo de 4 gols. A Inter soma 4 pontos com o saldo de um tento. Daí necessitar de um triunfo sobre o Atlético e da folga, coisa complicada, dos tais 4 gols.
Fundada em 1908, por dissidência do Milan, mais antigo, datado de 1899 e cujos próceres, italianos muito radicais, repudiavam os não nativos da Bota, na sua história a Inter acumulou 18 scudetto, tantos como o “Diavolo”, bastante atrás, porém, dos 34 da Juventus de Turim. A “Senhora” do Piemonte, aliás, acabou de celebrar um inédito hepta, os sete troféus consecutivos. A “Biscione”, uma serpente mitológica, se orgulhava do seu penta, de 2006 até 2010. Ainda levantou a Coppa Italia em 2011. Todavia, desde então a Inter desconhece o prazer de qualquer galardão. A ICC talvez possa representar, no mínimo, um bom agouro, no mínimo alguma consolação.
No plano universal, em três ocasiões a Inter abiscoitou a Champions League da Europa: 1964, 1965 e 2010. Em duas, a Intercontinental de Clubes, 1964 e 1965. E ainda arrebatou o Mundial da FIFA em 2010. Sempre sob um único comando, aquele de família Moratti. De 1955 até 1968, o patriarca Angelo. E, de 1995 a 2013, o seu filho Massimo. Embora um potentado da indústria do petróleo, Massimo então deparou com uma proposta absurdamente alentada de um certo Erick Tohir, o correspondente a 1,5 bilhão de Reais. Sim, uma bagatela. Convenhamos, quem resistiria a essa rara tentação?
Indonésio, o irmão mais novo de Garibaldi Tohir, é, isso mesmo, um indonésio hoje com 53 de idade, batizado em honra de um herói da Itália, Erick tinha 43 e uma fortuna pessoal avaliada em 1,5 bi de dólares. A sua família era a dona da Adard Energy, uma empresa de raiz australiana, responsável pela maior usina hidrelétrica da Ásia. Erick, na verdade um playboy, oficialmente presidia o Manaka Group, um enorme conglomerado de mídia na sua pátria, e ainda brincava com esportes, proprietário do DC United da Major Soccer League e chefe de missão da delegação da Indonésia à Olimpíada de Londres/2012.
Efetivamente, Erick apenas havia aquecido o trono para a entrada em ação de um outro personagem insólito, Zhang Jindong, um patrimônio de 6 bi de dólares em uma China de administração, na teoria, comunista, graças ao sucesso descomunal da sua Suning Holdings, que fermentou, por exemplo, com a especulação imobiliária. Jindong possui 68,55% das cotas acionárias da “Biscione”. Erick possui os 31,45% sobrantes. Durante a sua gestão, desastrosa no Futebol, nove treinadores passaram pela agremiação até o desembarque, em 2017, de Luciano Spalletti, um antigo meio-campista meramente utilitário que se tornou mister em 1993, com o Empoli, no qual estacionou até 98.
Em sua carreira como maestro de atletas, Spalletti subiu ao topo do pódio com a Roma, duas vezes a Coppa Italia em 2005 e em 2009, e fez um bom sucesso no Zenit de São Petersburgo, Rússia. Entre 2009 a 2014, conquistou o campeonato três vezes, a Copa em duas oportunidades. Daí voltou à Roma para o certame de 2016/17, e assumiu a Inter logo em seguida para se contentar com um quarto lugar na Série A e ao menos uma vaga na próxima CL. E o seu plantel é mesmo ultra-internacional. Dos 25 atletas que brigam por um posto dentre os titulares só existem quatro italianos: o beque Ranocchia, os armadores Gagliarini e Candreva, o avante Policano.
No chamado mercado de Verão a “Biscione” adquiriu os serviços de vários destaques do recente Mundial: o lateral Vrsaljko (Croácia), o volante Naingollan (Bélgica), mais o jovem atacante Lautaro Martínez (21, grande revelação da Argentina), o ala-coringa Kwadko Asamoah (de Gana, ex-Juventus), sem falar na pressão que exerce sobre Luka Modric, do Real Madrid, capitão da Croácia, eleito como o craque da Copa da Rússia. Spalletti também garantiu as continuidades de Miranda, beque da seleção de Tite, do artilheiro Icardi e do volante Brozovic, outro da Croácia, presenteado com um apê bem diante do estádio em que a Inter manda suas pugnas, o Giuseppe Meazza.
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