Coincidências das semifinais no Rio e em São Paulo
Jogos deste fim de semana mostraram muita diferença no comportamento das equipes
Lucas Pereira|Do R7 e Lucas Pereira
Tem algo de muito estranho no ar com os times do Palmeiras e do Fluminense.
Na semifinal paulista, o Verdão era o grande favorito diante do elenco jovem e limitado do tricolor.
Além disso, atuava diante da sua torcida, que lotou o Allianz Parque e esperava não só a vitória, mas uma grande exibição.
Só faltou combinar com o adversário.
O Palmeiras era uma equipe preguiçosa em campo. Em alguns momentos, era uma preguiça que irritava a torcida.
Chegou a levar perigo ao São Paulo, mais pelas deficiências do tricolor.
Foi um desinteresse estranho de se ver.
Vendo a apatia que tomou conta dos palmeirenses, fiquei refletindo se não estaria acontecendo alguma coisa errada internamente.
A impressão é de que tem alguma aresta que não foi aparada dentro do grupo.
Já vi muitos treinadores cairem por conta disso.
A gente sempre ouve a expressão de que um grupo insatisfeito pode derrubar o técnico.
O Felipão que se cuide.
Se o Palmeiras não ganhar do junior Barranquilla na próxima quarta, em casa, pode ter certeza que uma enorme crise será deflagrada no clube.
Ninguém quer fazer um altíssimo investimento em um elenco que não jogue com um mínimo de vontade.
Parabéns ao São Paulo, que não se intimidou com um grupo muito mais forte e jogou com personalidade fora de casa.
No Fla x Flu da semifinal carioca aconteceu exatamente o contrário.
O time de maior investimento, que tem um elenco caríssimo, estava comendo a bola.
Os jogadores marcaram muito forte e correram o campo inteiro.
Eles entraram nitidamente mordidos por terem perdido para o Peñarol, diante de mais de 60 mil torcedores, pela Libertadores.
Já dava pra perceber desde os primeiros minutos qual era o time que queria a vitória de qualquer jeito.
E olha que os rubro-negros podiam empatar para conseguir a classificação.
Ainda sofreram um gol no primeiro tempo, mas em nenhum momento deixaram o ritmo cair.
Pelo lado do Fluminense, o mínimo que se esperava era que o time corresse mais que o adversário.
Até porque tem um elenco bem inferior tecnicamente. Então, teria que compensar com muita força de vontade.
Mas não foi isso que aconteceu.
O time começou o jogo numa outra rotação. Parecia que era o Fluminense quem jogava com o regulamento debaixo do braço, podendo empatar pra chegar na decisão.
Depois de uma atuação bem abaixo do que se esperava contra a Luverdense, pela Copa do Brasil, os tricolores esperaravam um outro tipo de atitude em campo.
Afinal de contas, foi o próprio Flamengo quem deu mais uma chance para que o Flu pudesse seguir no campeonato carioca.
Na minha leitura do que foi o jogo, também acredito que tenha alguma coisa errada internamente no clube.
E não é questão de atraso de salários. Eles já jogaram com muito mais disposição quando a parte financeira estava pior.
Aquele bom início de trabalho do Fernando Diniz, quando os jogadores compraram as novas ideias do treinador, parece ter chegado ao fim.
O Fluminense não tem mais posse de bola que seus adversários, nem joga com a intensidade de antes.
Claro que não dá pra tirar os méritos do Flamengo, que sufocou o adversário no campo de defesa e não deu muitas chances do Fluminense respirar.
Mas eu não sei não se os jogadores continuam na mesma "vibe" do seu técnico. Pode ser que a relação com o treinador já esteja desgastada.
Todos viram a ríspida discussão que o lateral Gilberto teve com o Felipe Diniz no segundo tempo. Com direito a xingamento e dedo na cara.
Na próxima quarta, o tricolor vai ter um jogo decisivo em casa contra a Luverdense.
Se não se classificar para a próxima fase da Copa do Brasil, pode ter certeza que o time vai começar o campeonato brasileiro como um dos favoritos ao rebaixamento.
Até a próxima.
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