A RECORD mostrará neste domingo o jogo entre Fortaleza e Internacional pelo Campeonato Brasileiro. Hoje, credenciado pelas últimas grandes campanhas no torneio e na Copa Sul-Americana, não é surpresa para ninguém imaginar o Fortaleza brigando pelas primeiras posições. Mas, no início da década de 60, o Tricolor assombrou o país, pois em sua primeira competição nacional já alcançou uma final contra o Palmeiras.A decisão acabou numa sonora goleada sofrida e no primeiro título nacional do Verdão. Mas o time cearense fez história com jogos inesquecíveis e craques que chamaram a atenção de um Brasil que olhava (e ainda olha, infelizmente) com muito preconceito para os times do Eixo Norte e Nordeste, como se o futebol só existisse no Sul e Sudeste.Bem, pensando nisso tudo, o História em Campo viaja pela segunda vez consecutiva para a região mais gostosa do país, mais especificamente para a cidade de Fortaleza no ano de 1960. Impulsionada pelas grandes secas, que assolavam o interior do Ceará, a cidade de Fortaleza experimentou um enorme crescimento populacional no início da década de 1960. Em poucos anos a população passou de pouco mais de 450 mil habitantes para algo em torno de 515 mil, e continuou crescendo, com destaque para a década de 1970, com a forte industrialização da região metropolitana.Isso, obviamente, trouxe problemas para a cidade, que ainda não estava preparada para receber um contingente habitacional como esse, que acabou se acomodando em comunidades e moradias precárias nos subúrbios. Um processo semelhante a quase toda grande capital brasileira no mesmo período. Porém, com o crescimento da população, o futebol também foi impulsionado para se tornar cada vez mais popular no estado. O chamado “Clássico Rei” entre o Ceará e o Fortaleza passou a ganhar cada vez mais público e rivalidade.Em 1959, o Ceará foi o representante cearense na Taça Brasil (por ter sido o campeão cearense do ano anterior). O Fortaleza representou o estado na competição nacional de 1960, afinal foi o campeão estadual de 1959.O destaque da campanha vitoriosa do Fortaleza foi Francisco Gervásio Filho, ou Bececê, como era mais conhecido. Natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte, o craque foi o artilheiro do campeonato nacional de 1960 (já tinha sido artilheiro do cearense de 1959) e ganhou ainda o bi estadual pelo Leão do Pici. A campanha dele com a camisa tricolor chamou tanto a atenção que o atleta foi vendido ao Palmeiras, onde, infelizmente, não fez o mesmo sucesso e pouco jogou.O time cearense estreou na Taça Brasil contra o ABC de Natal, com vitória por 3 a 0, jogando em casa, no estádio Presidente Vargas. Depois, empatou (1x1) no estádio Juvenal Lamartine, em Natal. No segundo confronto eliminatório, o Leão do Pici enfrentou o Moto Clube do Maranhão. Novamente iniciando o confronto eliminatório em casa, o time venceu por 2 a 0, no estádio Presidente Vargas, e segurou o empate por 1 a 1 para se classificar. O jogo de volta foi no Maranhão, estádio Nhozinho Santos.O Fortaleza pegou então o atual campeão brasileiro, o Bahia, mas não tomou conhecimento do adversário jogando em casa: 2 x 1 no estádio Presidente Vargas. Na volta, 0 x 0 em Salvador e o time cearense fazendo história.A semifinal seria entre Santa Cruz (campeão pernambucano) e o agora embalado Fortaleza. Dessa vez o primeiro jogo foi na Ilha do Retiro: um empate sofrido, com dois gols de Bececê. Na segunda partida, o Santa Cruz abriu o placar aos 33 minutos, mas Bececê e depois Benedito viraram o jogo para o Leão do Pici. Veio a classificação para a grande final!16/11/1960Santa Cruz FC (PE) 2x2 Fortaleza EC (CE)Local: Ilha do Retiro, Recife (PE)Gols: Lua (P) 1°t, Bececê 60, Mucio 65, Bececê 75Juiz: Antonio Viug SCFC: Agostinho, Dodô e Nagel; Múcio, Luizinho e Nensinho; Hamilton, Gildo, Lua, Biu e Elmano.Técnico: Ricardo Diez FEC: Pdrinho; Mesquita e Sanatiel; Tonho, Celio e Renato; Zé Raimundo, Nagib (Moesio), Bececê, Charuto e BeneditoTécnico: França23/11/1960Fortaleza EC (CE) 2x1 Santa Cruz FC (PE)Local: Presidente Vargas - Fortaleza (CE)Juiz: João Etzel FilhoGols: Nilsinho 33, Bececê 47, Benedito 55FEC: Pedrinho, Mesquita e Sanatiel; Toinho, Célio e Renato; Zé Raimundo, Walter Vieira (Moésio), Bececê, Charuto e Benedito.SCFC: Agostinho; Dodô e Nagel; Múcio, Luiz e Nenzinho; Gildo (Caboclo), Nilsinho, Lua, Biu e Elmano.Técnico: Ricardo DiezO Fortaleza tinha esperanças de ser campeão nacional, repetindo o feito do Bahia no ano anterior, mas o Palmeiras estava inspirado e imbatível naquela competição. No primeiro jogo: vitória verde em pleno Presidente Vargas, 1 x 3, e na volta, no Pacaembu lotado, um verdadeiro massacre alviverde: 8 x 2 e o primeiro título nacional do Verdão. Ainda assim, o Fortaleza fazia história ao ser finalista do campeonato nacional. Na mesma década ainda seria outra vez finalista, mas isso é história para outra viagem no tempo. 22/12/1960Fortaleza EC (CE) 1x3 SE Palmeiras (SP)Local: Presidente Vargas - Fortaleza (CE)Juiz: João EtzelGols: Romeiro 8′ e 17′, Humberto 19′ e Benedito 52′Expulsões: Charuto 42′ e Romeiro 44′FEC: Pedrinho, Mesquita e Sanatiel; Toinho, Célio (Cassinho) e Mimoso; Benedito, Walter Vieira, Zé Raimundo, Charuto e Bececê.SEP: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Romeiro, Humberto e Cruz.Técnico: Oswaldo Brandão28/12/1960SE Palmeiras (SP) 8x2 Fortaleza EC (CE)Local: Pacaembu - São Paulo (SP)Público: 40.000Juiz: Ronaldo BonadiesGols: Charuto 6′ e 44′, Zequinha 8′, Chinesinho 10′ e 69′, Romeiro 12′, Julinho 21′, Cruz 53′ e 56′ e Humberto 77′SEP: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Romeiro, Humberto e Cruz.Técnico: Oswaldo BrandãoFEC: Pedrinho, Mesquita e Sanatiel; Toinho, Sapenha e Ninoso; Benedito, Walter Vieira, Moésio, Charuto e BececêNão perca nenhum lance! 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