Argentino foi o último treinador estrangeiro da seleção brasileira
Além de Filpo Núñez, o português Joreca e o uruguaio Platero já comandaram o Brasil

Já imaginou um argentino comandando a seleção brasileira? Ou ainda um time rival disputando o jogo com a camisa do Brasil? Será que um corintiano torceu para a seleção no dia 7 de setembro de 1965?
Pois é meus amigos, são muitas perguntas... Para respondê-las, nossa viagem histórica de hoje será para o ano de 1965, quando o Brasil disputou a partida amistosa valendo troféu (a Taça Independência) contra seu maior rival na época, o Uruguai, e o cenário foi o estádio do Mineirão (que foi inaugurado apenas dois dias antes).
Diante de mais de 60 mil torcedores brasileiros, o Brasil era pela terceira vez (e última) comandado por um técnico estrangeiro: o argentino de temperamento forte Filpo Núñez, carinhosamente chamado de Don, pelos torcedores, jornalistas e jogadores.
Mas não era essa a única excentricidade deste jogo. A CBD (Confederação Brasileira de Desportos) precisava definir um time para realizar a partida e, diante do pouco tempo que teria para reunir e treinar um time, resolveu colocar um clube brasileiro forte, para representar o país. Este seria o Palmeiras.
O Alviverde, campeão da Copa Rio-São Paulo no mesmo ano, iniciava a construção de um time que seria conhecido como a Academia do Futebol. Era um forte elenco, que tinha Ademir da Guia como maior ídolo, que desafiava o Santos de Pelé, com aura de imbatível na década de 1960, mas que invariavelmente perdia para o clube da colônia italiana.
Pois Filpo foi o representante do escrete Canarinho e não decepcionou. O Brasil bateu o (então) maior rival Uruguai por 3 a 0, com grande atuação ofensiva e gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano, numa jornada que até hoje dá orgulho aos torcedores palmeirenses (afinal, foi o único clube a representar com elenco completo a seleção).
Ficha técnica:
Brasil (Palmeiras) 3×0 Uruguai
Data: 07/09/1965
Local: Estádio Magalhães Pinto (Mineirão), em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Eunápio de Queirós
Gols: Rinaldo, Tupãzinho e Germano
Brasil: Valdir de Morais (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias, (Valdemar Carabina), Procópio e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho Botelho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario Alegria). Técnico: Filpo Nuñez.
Uruguai: Walter Taibo (Carlos Fogni); Héctor Cincunegui (Miguel de Britos), Jorge Manicera e Luis Alberto Varela; Omar Caetano, Raúl Núñez (Homero Lorda), Héctor Salvá e Horacio Franco; Héctor Silva (Orlando Virgili), Vladas Douksas e Víctor Espárrago (Julio César Morales). Técnico: Juan López.

Filpo Núñez
O treinador argentino nascido em Buenos Aires, em 19 de agosto de 1920, Don Filpo Núñez, treinou times de países vizinhos antes de vir ao Brasil, dentre eles: Libertad (Paraguai), San Martin e Vélez Sarsfield (Argentina).
Por aqui, dirigiu (entre outros) o Guarani, Jabaquara, Portuguesa Santista, América de Rio Preto e Vasco da Gama. Até chegar ao clube que o consagrou, o Palmeiras.
Pelo alviverde, Dom Filpo emplacou o estilo “Pin-Pan-Pun”, como nomeava o modo de jogo de toques rápidos e envolventes, buscando chegar ao gol com rapidez, dificultando a defesa adversária, acostumada ao estilo mais cadenciado do período.
Conquistou o Torneio Rio-São Paulo de 1965 e é tido como o criador da Primeira Academia. Ao todo, em três passagens pelo Palmeiras, o treinador conquistou 93 vitórias, 27 empates e 33 derrotas (de acordo com estatísticas do próprio clube).

Platero
O uruguaio Ramón Platero, durante sua breve passagem pela seleção (que durou apenas 19 dias), acumulou duas vitórias, uma derrota e um empate no Sul-Americano de 1925.
Com uma curiosidade: o treinador oficial da seleção era o brasileiro Joaquim Guimarães, que optou por ser diretor técnico. Quem convocava o time e ficava na beira do campo era Platero, que no Brasil também treinou os cariocas Fluminense, Flamengo e Vasco, clube que comandava quando foi chamado pela seleção. O time foi vice-campeão do torneio, que acabou sendo vencido pela Argentina.

Joreca
Em 1944, por apenas dois jogos o português Jorge Gomes de Lima “Joreca” foi ao lado de Flávio Costa treinador da seleção brasileira em dois amistosos contra o Uruguai. Ele se tornou o único europeu até então a defender as cores do Brasil como técnico. A campanha do título paulista de 1943, pelo São Paulo, o credenciou como técnico da seleção no ano seguinte. Os resultados? Duas vitórias 6 a 1 e 4 a 0.
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